1. Como surgiu a ideia de gravar o projeto “Bruna Viola Improvável” na sua própria chácara?
Bruna: Eu moro em uma chácara em São José do Rio Preto, onde recebo muitos amigos, então a ideia do projeto foi essa também, ser um convite para o público entrar na minha casa e ver um lado diferente do meu trabalho, que eles nem poderiam imaginar que eu gosto e canto em casa.
2. O nome “Improvável” sugere surpresas e inovações. O que os fãs podem esperar de diferente neste trabalho?
Bruna: Esse novo EP se chama “Bruna Viola Improvável” porque eu queria trazer elementos diferentes para ele, além do repertório, fazer algo mais intimista e que mostrasse a minha versatilidade musical para além do sertanejo raiz. É engraçado porque todo mundo que foi conhecendo o repertório comentava “é improvável mesmo”.
3. O projeto traz elementos de outros gêneros musicais além do sertanejo. Como foi a escolha do repertório e a experiência de explorar novas sonoridades?
Bruna: Foi uma delícia! Eu sou uma pessoa muito eclética, nos meus shows eu já canto Raça Negra, Lulu Santos, tenho um bloco especial para mostrar a minha versatilidade mesmo. Mas eu ainda não tinha gravado para lançar músicas além do sertanejo, isso é diferente nesse projeto. Agora além dos shows, as pessoas vão poder me ouvir cantando Claudinho e Bochecha, por exemplo, nas plataformas de áudio em casa também e se divertir, como me divirto muito cantando. Mas não significa que eu estou deixando o sertanejo de lado, ele também está muito presente nesse repertório, a viola no peito e modão de respeito.
4. Você incluiu um medley pop com músicas icônicas. Como foi reinterpretar esses sucessos dentro do seu estilo?
Bruna: Foi incrível! São canções que eu gosto e grandes clássicos da música brasileira, atemporais… Nesse medley tem Lágrimas e chuva / Meu Universo é Você / Quero te Encontrar. É legal mostrar para o público o quão versátil pode ser um artista, independente de seu estilo musical. Quem já foi no meu show sabe que gosto de trazer esses hits para o palco, já conhece esse meu lado “Improvável” e se diverte comigo.
5. Entre as inéditas, “Apostei Minha Caminhonete” se destaca por fazer referência à sua paixão por picapes. Como essa música reflete sua personalidade?
Bruna: A música começa falando “Hoje eu acordei / Preparado pra tomar / Uma, duas, três”, eu adoro uma cervejinha nos momentos de folga e ainda traz a caminhonete como tema… eu tenho duas hoje em casa, desde que tirei CNH sou apaixonada em picapes, já tive vários modelos diferentes. No fim não fui eu quem escrevi, mas acho que pensaram em mim? rs
6. Como foi o processo de gravação do audiovisual? Houve desafios por ser um ambiente mais intimista e fora dos palcos tradicionais?
Bruna: Nossa, foram dias de muita tensão! A gente gravou em uma área ao ar livre na minha casa, mas estava chovendo muito na cidade há vários dias. Estava preocupada se conseguimos gravar mesmo, afinal, não poderíamos colocar os equipamentos e as equipes expostas na chuva. O time que fez um trabalho incrível veio de fora, de Minas Gerais, da capital de São Paulo, era muita gente envolvida. Eu e minha família colocamos toda a nossa fé em oração e fomos abençoados. Os dois dias que precisávamos de trégua, para montagem e para a gravação, foram lindos! No dia seguinte, quando finalizamos totalmente, já choveu tudo de novo. rs
7. A cenografia e o figurino foram pensados para trazer um toque moderno ao sertanejo. Como foi essa decisão e o que você quis transmitir com essa estética?
Bruna: Tudo precisa fazer sentido com o repertório, com o conceito do projeto. Como o objetivo era mostrar um lado “improvável” do meu trabalho, essa estética mais moderna, industrial já chama a atenção porque não lembra de cara o ambiente de roça que o sertanejo, geralmente, está ligado. É para as pessoas olharem e pensarem “caramba, está diferente mesmo!!” Claro que mesmo assim tem a minha personalidade e o meu amor pelo sertanejo em tudo o que eu faço. Só troquei a camisa xadrez por um casaquinho, mas a bota e o chapéu continuam sendo elementos essenciais, que não faltam no meu visual nos palcos.
8. Você se apresenta com looks bem distintos no projeto. Como foi a escolha dos figurinos e o que cada um deles representa para você?
Bruna: Nas canções que se encaixam no “Improvável” eu quis trazer algo leve, com fluidez, que mostrassem também um pouco da minha personalidade e como gosto de me vestir fora dos palcos, óculos de sol, saia longa e, ainda assim, trazendo elementos do sertanejo, como a bota. Sei que é muito diferente de como as pessoas sempre me veem nos palcos, mas era essa a intenção, afinal, é improvável né? rs. E o outro look é realmente como o público está mais acostumado a me ver e até dei uma inovada trazendo novos detalhes como trocando a camisa por uma blusa e um casaquinho que deu o charme, detalhes simples.
9. Você tem quase 20 anos de carreira e já conquistou um Grammy Latino. Como você vê sua evolução como artista desde o início até este novo projeto?
Bruna: Em 2024 completei 20 anos e eu comecei muito criança, aos 11 anos. Não conseguia imaginar que essa paixão pela viola se tornaria a minha profissão, que ela ficaria gravada não apenas no meu trabalho, mas no nome com que as pessoas me conheceriam. Vivi momentos inesquecíveis e improváveis para mim, como ganhar o Grammy Latino com o álbum “Melodias do sertão” na categoria “Melhor Álbum de Música de Raízes”, como você mesmo citou, mas também ter lançado música com grandes ídolos, como “Vida, que é um feat meu com Chitãozinho e Xororó e a minha música de trabalho atualmente. Tenho uma trajetória consolidada e segurança agora para trazer o ‘LADO B” da Bruna Viola? Acho que dá pra dizer que é isso! “Bruna Viola Improvável” é um projeto que traz a grande mistura eclética que tem a Bruna CPF e a CNPJ.
10. Como tem sido a recepção do público diante das suas inovações musicais? Existe algum receio ou você sente que há uma abertura para essa mistura de estilos?
Bruna: É como falei, eu já trazia algumas canções que não eram sertanejo no meu show, como “Cheia de manias”, “Toda forma de amor” e é sempre um momento que todo mundo se diverte, que agrada todo mundo, que mexe com a nostalgia das pessoas de uma forma muito especial. Agora lançando também esses estilos neste projeto, acredito que a receptividade vai ser boa. É tudo o que eu mais quero! rs
11. A viola caipira sempre foi sua marca registrada. Como você equilibra a tradição com a vontade de inovar?
Bruna: A viola caipira, enquanto instrumento musical, é muito versátil! As pessoas não tem ideia do quanto dá pra explorar a sua sonoridade em diversos estilos. Eu carrego ela no nome, né? Não tem como ela ficar de fora do meu trabalho e ela se encaixa super bem em muitas canções. Esse é um legado que eu levo comigo também, mostrar a beleza da viola, a potência que ela tem, o quanto ela é sempre atual, cabe em muitos projetos que não são sertanejo raiz, inclusive.
12. Você já participou de um filme e tem ampliado sua presença em diferentes áreas do entretenimento. Existe algum outro projeto fora da música que você gostaria de explorar?
Bruna: Por enquanto nada para acontecer, mas eu amei atuar… É algo que eu gostaria de conseguir estudar, me dedicar um pouco. Quem sabe um dia eu consiga conciliar melhor com a agenda de shows? Ia ser muito legal. O cantor é um intérprete da música, a gente acaba atuando também, pondo emoção.
13. Depois de “Bruna Viola Improvável”, quais são os próximos passos da sua carreira? Alguma turnê ou novos projetos em vista?
Bruna: Ainda não tivemos tempo para comemorar os meus 20 anos de carreira, que completei em 2024 e é algo que eu quero muito. Hoje eu só tenho um show mesmo gravado, que foi no Villa Country em São Paulo, que é o projeto com o qual eu ganhei o Grammy Latino. Mas duas décadas merecem um projeto grande de novo! Estou preparando o audiovisual “De Cuiabá pro Brasil”.
14. Se pudesse escolher um artista de qualquer gênero para uma colaboração inesperada, quem seria e por quê?
Bruna: Daniel! Eu sou muito fã do Daniel, tive a oportunidade de gravar com grandes ídolos como César Menotti & Fabiano e Chitãozinho e Xororó. Vai ser um momento muito feliz para mim quando gravar com o Daniel uma música em um projeto meu!
15. Como você vê o futuro da música sertaneja raiz no Brasil? Acredita que essa fusão com outros estilos pode ajudar a mantê-la viva para as novas gerações?
Bruna: Eu vejo de uma forma muito positiva! A música é quase um “ser vivo”, ela se reinventa o tempo todo. Recebo muitas mulheres, jovens e crianças, principalmente, no meu camarim que são apaixonadas pela viola, que estão estudando, que hoje se inspiram em mim como eu quando era criança e comecei me inspirando em Tião Carreiro, Inezita Barroso, que são referências para uma vida inteira e poder ser vista com esse mesmo olhar de carinho e admiração é muito especial. A nova geração vem forte, defendendo a música raiz, colocando personalidade, vai ser difícil segurar!