Sediado em Minas Gerais, reconhecido como um dos principais grupos de Teatro de Animação do país e em atividade desde 2006, Grupo Girino traz para São Paulo temporada de Desmonte – décimo terceiro espetáculo da companhia -, que faz uso de bonecos, miniaturas e Live Cinema para abordar os maiores e mais recentes desastres ambientais no Brasil.
Figura 1. Desmonte. Fotos: Hugo Honorato
A partir do diálogo do Teatro Visual com o Live Cinema, o grupo mineiro Girino estreia Desmonte, dia 2 de dezembro no teatro do Sesc Pompeia.
Em 2018, o Grupo Girino iniciou a montagem de um novo espetáculo baseado no crime ambiental que ocorreu em Mariana, resultando em mortes e desaparecimentos de pessoas devido ao rompimento da barragem de rejeitos. Logo no início de 2019, o Grupo foi atravessado com a notícia do rompimento em mais um município mineiro, dessa vez Brumadinho. O lastro da destruição foi ainda maior, alertando sobre a importância de denunciar esses crimes e não permitir o apagamento dessas histórias.
Assim nasceu Desmonte, peça que propõe o diálogo do Teatro Visual com o Live Cinema, com temporada a partir de 2 de dezembro de 2022 no teatro do Sesc Pompeia. No elenco, estão Iasmim Marques, Kely Daiana e Marco Aurélio Bari. A direção e dramaturgia é de Tiago Almeida. A companhia mineira também ministra dia 11 de dezembro, gratuitamente, o Workshop Teatro Visual. As inscrições podem ser feitas pelo e-mail oficinascenicas.pompeia@sescsp.org.br.
Desmonte
Em um espetáculo sem falas, com dramaturgia baseada justamente nas narrativas de pessoas silenciadas pelas tragédias que ocorreram em Minas Gerais, Desmonte traz mais de 160 elementos cênicos manipulados por atores, que exploram também bonecos, máscaras e maquetes, trazendo para o centro da dramaturgia a visualidade da cena.
Além disso, há seis câmeras no palco que se movimentam e configuram diferentes enquadramentos, propondo uma nova perspectiva para o público por meio deste recurso, nomeado Live Cinema. O diálogo da cena criada e da cena projetada expõe outras camadas de significados e possibilidades de relação entre o que é feito e o que é exibido.
“Na narrativa, as personagens são apresentadas por meio de suas memórias e afetos, que são tomadas pela lama após o rompimento. Com esse atropelo, as memórias são apagadas e reproduzidas, potencializando a performance audiovisual a partir das composições cênicas”, conta Tiago Almeida, diretor do grupo.
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No dia 25 de janeiro de 2019, a barragem Córrego do Feijão, em Brumadinho, se rompeu, soterrando com 13 milhões de metros cúbicos de lama tóxica tudo o que encontrava pelo caminho: pessoas, animais, florestas, casas e memórias.
A tragédia provocou mais de 250 vítimas fatais entre pessoas identificadas e desaparecidas, eliminou 140 hectares de florestas nativas, poluiu mais de 300 km do Rio Paraopeba, afetando 17 municípios, atingindo diretamente 600 mil pessoas.
Ainda sem encontrar desaparecidos, as famílias atingidas seguem aguardando por reparação, o ambiente de destruição, morte e contaminação ainda faz parte da paisagem e do contexto de Brumadinho. O espetáculo propõe uma resistência necessária contra o esquecimento destes crimes. Grupo Girino
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Segundo Iasmim, as personagens são arquétipos deste universo, como o empregador da indústria da mineração, pessoa também vitimizada por práticas de exploração e dependência, uma senhora pertencente à comunidade rural e pessoas do entorno que habitam e circulam por regiões próximas de barragens.
Para a composição do espetáculo, o grupo fez pesquisas em campo, visitando as áreas afetadas e oferecendo oficinas artísticas aos moradores locais. “Foram muitos quilômetros invadidos pela lama; chegamos a ver uma parte do rio soterrado, silenciado por ela, e ouvíamos o barulho do seu curso bem ao fundo”, comenta Iasmim. “Foi muito importante para nós entender outros pontos de vista. Chegamos a fazer trocas com profissionais ativistas ambientais, psicólogos e assistentes sociais para que a nossa leitura enquanto agentes culturais pudesse ser cuidadosa e sensível. É um acontecimento estarrecedor, que quem assiste pelos noticiários,não tem a real dimensão do impacto para toda a população nacional”, completa.
Sobre o Grupo Girino
O Grupo Girino é uma das principais Companhias de Teatro de Animação do país, desenvolve projetos de espetáculos, oficinas, publicações, materiais pedagógicos e festivais. Fundado em 2006, montou 13 espetáculos e circulou por centenas de festivais nacionais e internacionais.
O Grupo consolidou uma trajetória de pesquisa nas técnicas híbridas do Teatro de Bonecos e Animação, mesclando atuação, manipulação de bonecos, objetos e projeção de vídeos. Um importante eixo norteador da companhia é o desenvolvimento de projetos educativos e de formação artística.
O Grupo ministra oficinas e cursos para públicos de todas as idades e oferece capacitação na montagem de novos espetáculos. Desde 2012 realiza o FESTIM – Festival de Teatro em Miniatura que já recebeu mais de 200 espetáculos do Brasil e exterior, nas técnicas de micro narrativas em pequenos formatos.
Ficha Técnica
Realização: Grupo Girino
Direção e dramaturgia: Tiago Almeida
Elenco: Iasmim Marques, Kely Daiana e Marco Aurélio Bari
Trilha sonora: Daniel Nunes
Iluminação: Pedro Paulino e Richard Zaira – Cia Tecno
Direção de arte: Taísa Campos
Construção de bonecos: Gustavo Campos (Ed)
Construção de maquetes e miniaturas: Gustavo Campos (Ed), Iasmim Marques, Igor Salgado, Kely de Oliveira, Marco Aurélio Bari, Taisa Campos e Tiago Almeida
Pintura e acabamentos: Igor Salgado
Assistência de ateliê: Amanda Porto e Yuri Victory
Figurino e Maquiagem: Iasmim Marques
Consultoria técnica audiovisual: Guilherme Pedreiro e Daniel S. Ferreira
Produção executiva: Iasmim Marques
Produção: Marcela Rodrigues
Filmagem: Limonada Audiovisual
Fotos: Hugo Honorato
WORKSHOP TEATRO VISUAL
SINOPSE: A partir do processo de pesquisa do Grupo Girino em diferentes técnicas do Teatro Visual e mais especificamente dentro da montagem do espetáculo Desmonte, o workshop propõe uma vivência sobre as possibilidades dramatúrgicas, estéticas e poéticas tendo como conceito principal a visualidade da cena.
RELEASE: O Workshop propõe um percurso sobre as possibilidades estéticas e dramatúrgicas do Teatro Visual, técnica teatral que consiste na aproximação de linguagens do teatro com o cinema e as artes visuais.
O termo tem como princípio a utilização das mais variadas matérias como substância criativa, incluindo a presença ativa do ator. A dramaturgia da visualidade pode ser entendida a partir de três conteúdos essenciais: dramaturgia do espaço, da matéria e da ação.
A partir de pesquisas em diferentes técnicas do Teatro Visual e mais especificamente da obra teatral Desmonte, os participantes irão conhecer os bastidores do espetáculo e das múltiplas técnicas do Teatro de Animação utilizadas pela montagem.
A oficina tem como primeiro momento um workshop teórico e em seguida oferece uma vivência nos diversos formatos de cenografia em miniatura, propondo diálogos multidisciplinares com a literatura, teatro, artes visuais e cinema.
O Grupo Girino possui uma ampla pesquisa de miniaturização com bonecos, objetos e cenografias, fomentando técnicas contemporâneas de dramaturgia, teatro visual e vídeo para a cena.
SERVIÇO
Desmonte
Temporada: De 2 a 11 de dezembro de 2022*
Quarta a sábado, às 21h; e domingo, às 18h
*Obs: Nos dias 9 e 10 de dezembro haverá uma sessão extra às 18h.
Local: Teatro Sesc Pompeia
Endereço: R. Clélia, 93 – Água Branca, São Paulo – SP
Classificação indicativa: 12 anos
Capacidade: 310 pessoas
Duração: 50 minutos
Ingressos: R$ 40 (inteira)/ R$ 20 (meia)/ R$ 12 (credencial plena)
Vendas a partir de 22/11, às 12h no on-line e dia 23/11, às 17h presencial.
Link para compra de ingressos: https://www.sescsp.org.br/programacao/desmonte/
Atividade formativa: Workshop Teatro Visual
Ministrante: Grupo Girino
Data: 11 de dezembro, domingo, das 10h30 às 13h30
Local: Teatro Sesc Pompeia
Acesso: Gratuito
Inscrições através do e-mail: oficinascenicas.pompeia@sescsp.org.br
Indicação etária: 16 anos
Quantidade de participantes: 15