As origens da sociologia do trabalho: percursos cruzados entre Brasil e França

As origens da sociologia do trabalho: percursos cruzados entre Brasil e França

de Ricardo Festi

Fruto da tese de doutorado do professor e pesquisador Ricardo Festi, As origens da sociologia do trabalho vem preencher uma lacuna importante nos estudos sociológicos brasileiros. Com base em uma longa e aprofundada pesquisa em arquivos dos dois países, Festi reconstrói as relações acadêmicas entre brasileiros e franceses, descrevendo o surgimento e o desenvolvimento da disciplina nos anos 1950 e 1960. Com uma série de achados em arquivos há muito esquecidos e de difícil acesso ao grande público, o autor traz para a obra estudos e entrevistas com sociólogos da França e do Brasil que se revelaram fundamentais para essa área do conhecimento.

Do lado francês, Festi analisa o grupo de acadêmicos que se constituiu em torno de Georges Friedmann, um dos responsáveis por reorganizar a sociologia no período de reconstrução da França após sua libertação da ocupação nazista. Nesse processo, novas instituições de ensino e pesquisa foram criadas, rompendo com as tradicionais e conservadoras estruturas universitárias, permitindo maior autonomia e flexibilidade para os pesquisadores, assim como o desenvolvimento das carreiras de jovens acadêmicos, como foi o caso de Alain Touraine, personagem central para este livro, de Jean-Daniel Reynaud e de Michel Crozier. Já no Brasil, o autor destaca o trabalho produzido pelos sociólogos da Universidade de São Paulo, como Wagner Vieira da Cunha, Juarez Brandão Lopes, Azis Simão, Fernando Henrique Cardoso, Florestan Fernandes, Fernando de Azevedo e Anísio Teixeira. 

“Talvez o mais importante e inovador neste livro tenha sido demonstrar, com base nas descobertas feitas nas investigações que empreendi durante meu doutorado em arquivos da França e do Brasil, os percursos cruzados da sociologia francesa e da brasileira no decorrer das décadas de 1950 e 1960, e o quanto esse encontro veio criar uma relação política, pessoal e intelectual que deu origem a diálogos teóricos e articulações acadêmicas que reforçaram uma antiga relação franco-brasileira e, sobretudo, contribuíram para moldar uma tradição de sociologia do trabalho”, conta Festi na introdução. 

Trecho


“No Brasil, na mesma época em que Touraine descobria Friedmann e dava um passo para a sociologia, Florestan Fernandes, um jovem e brilhante acadêmico, havia acabado de defender sua dissertação de mestrado sobre a organização social dos Tupinambá na Escola Livre de Sociologia e Política de São Paulo (ELSP), instituição de ensino e pesquisa fundada em 1933. Escolhido para ser o orador das turmas de bacharéis e mestres em ciências sociais dessa escola, destacou, em seu discurso pronunciado em 1º de março de 1948, uma passagem de Marx segundo a qual ‘a humanidade não se propõe nunca os problemas que ela não pode resolver, pois, aprofundando-se a análise, ver-se-á sempre que o próprio problema só se apresenta quando as condições materiais para resolvê-lo existem ou estão em vias de existir’”.

Ficha técnica

Título: As origens da sociologia do trabalho: percursos cruzados entre Brasil e França

Autor: Ricardo Festi

Orelha: Sedi Hirano

Quarta capa: Liliana Segnini e Ricardo Antunes
Capa: Maikon Nery

Páginas: 352
Preço: R$ 87,00
Formato: 16 x 23cm
ISBN: 978-65-5717-219-3

Coleção: Mundo do Trabalho 

Editora: Boitempo

Encadernação: Brochura
Ano de lançamento: 2023
Disponível em: 12 de maio de 2023


Sobre o autor

Ricardo Festi é professor do Departamento de Sociologia da Universidade de Brasília (UnB). Doutor pela Universidade de Campinas, é coordenador do Grupo de Pesquisa Mundo do Trabalho e Teoria Social. Colabora em revistas acadêmicas no Brasil e no exterior.

Sobre a Boitempo

A Boitempo foi fundada em 1995, por Ivana Jinkings. Com mais de 25 anos de existência, consolidou-se produzindo livros de qualidade, com opções editoriais claras. Obras de alguns dos mais influentes pensadores nacionais e internacionais compõem um catálogo que conta com nomes como Karl Marx, Friedrich Engels, David Harvey, Angela Davis, Maria Rita Kehl, Ricardo Antunes, Leonardo Padura, György Lukács, Antonio Gramsci, Slavoj Žižek, entre muitos outros. O nome da editora – inspirado em um poema de Carlos Drummond de Andrade – é uma homenagem ao maior poeta brasileiro e também ao criador da primeira Boitempo, o dirigente comunista Raimundo Jinkings, pai de Ivana.

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