Melissandra lança “Mapará” e dá voz a travessia trans amazônica

Melissandra lança “Mapará” e dá voz a travessia trans amazônica

Novo disco da artista paraense conta a história de NIK LAMENTO com som pop, ritmos tradicionais e mensagem de resistência

O álbum MAPARÁ, de Melissandra, já está disponível e marca um novo capítulo da cena pop amazônica. Lançado nesta sexta-feira, 13 de junho pela Guamaense Produções, a artista paraense apresenta uma obra que mescla pop, rap, brega, carimbó e encantaria.

Álbum MAPARÁ de Melissandra une estética, política e memória

MAPARÁ é guiado por uma figura simbólica e poderosa: NIK LAMENTO. Criada por Melissandra e Htadhirua, a personagem é inspirada nas encantarias da Amazônia e na história silenciada de mulheres travestis perseguidas durante a colonização. NIK foi condenada pela Inquisição e, após ser morta, transformou-se espiritualmente no peixe Mapará. Sua lenda atravessa o tempo, batendo às portas com a pergunta: “Qual teu lamento?”

O disco se divide em dois lados. O Lado A foca nas vivências terrenas de NIK, com faixas como “A NIK LAMENTO” e “Eu Não Quero Compromisso”, em sonoridades de funk e rap. Já o Lado B revela sua dimensão divina, com ritmos como o carimbó e o côco, destacando faixas como “Encantamento” e “Materna”, esta última uma delicada homenagem à maternidade travesti.

Uma diva pop amazônica com voz transcestral

Melissandra assina produção e direção de MAPARÁ, com produção musical de BEA. A estética do disco é profundamente ligada à ancestralidade amazônica e à luta dos corpos dissidentes. Em suas palavras: “MAPARÁ é a consolidação do que venho construindo: um pop trans, amazônico e politizado.”

Além do álbum, a artista realizou uma apresentação gratuita no dia 14 de junho na tradicional festa Quadrilha Fogo no Rabo. O espetáculo MAPARÁ: A Voz Transcestral reforça o projeto como mais do que música — é ritual, memória e resistência.

Com MAPARÁ, Melissandra reafirma sua posição como uma das vozes mais importantes da nova música brasileira. Sua obra rompe silêncios, celebra corpas dissidentes e ecoa como grito, reza e renascimento pelas águas do Norte.

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