Acervo do Fotógrafo e Ativista Januário Garcia Será Preservado por Duas Instituições

Acervo do Fotógrafo e Ativista Januário Garcia Será Preservado por Duas Instituições

Januário Garcia, nome central do movimento negro brasileiro, deixou um legado significativo por meio de suas fotografias e documentos relacionados ao ativismo e à cultura negra no Brasil. Agora, após o seu falecimento em 2021, seu vasto acervo será preservado e disponibilizado ao público graças a uma parceria inédita entre o Instituto Moreira Salles (IMS) e o Arquivo Edgard Leuenroth (AEL) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

Um Acervo Rico e Diversificado

O acervo de Januário Garcia é composto por cerca de 70 mil fotografias, equipamentos fotográficos, laboratório e uma biblioteca focada em artes visuais e fotografia, sob a guarda do IMS. O AEL, por sua vez, abriga documentos que incluem cartazes, folhetos de eventos, jornais e outros materiais, bem como textos assinados pelo ativista, além de uma biblioteca dedicada à temática étnico-racial.

Esse valioso material permitirá diversas frentes de pesquisa e é um testemunho da trajetória de Januário Garcia, que desempenhou um papel crucial na criação de novas narrativas sobre a cultura negra no Brasil.

Uma Vida de Ativismo e Fotografia

Nascido em Belo Horizonte em 1943, Januário Garcia enfrentou desafios significativos desde jovem, ficando órfão de pai aos cinco anos e de mãe aos dez. Sua jornada o levou ao Rio de Janeiro, onde ingressou no Exército em 1963, formando-se como paraquedista. Foi com o dinheiro que ganhou nesse trabalho que comprou sua primeira câmera fotográfica, marcando o início de sua carreira como fotógrafo.

Ao longo dos anos, ele combinou sua paixão pela fotografia com seu engajamento político, documentando marchas e eventos do movimento negro, bem como personalidades importantes como Lélia González e Abdias Nascimento. Além disso, ele fez contribuições significativas para a indústria fonográfica, criando capas de álbuns para artistas renomados.

Um Legado a Ser Preservado

A preservação do acervo de Januário Garcia é fundamental para manter viva a memória do ativismo negro no Brasil. As duas instituições, IMS e AEL, colaborarão na organização e digitalização dos materiais, e o acervo será disponibilizado ao público em uma plataforma única, garantindo o acesso amplo à história de Januário e do movimento negro brasileiro.

Além disso, um conselho consultivo autônomo será formado, composto por pesquisadores que estudaram a obra de Januário e colaboraram com ele em sua jornada no ativismo.

Um Novo Capítulo na História

Essa iniciativa representa um marco na preservação da história do movimento negro no Brasil. Januário Garcia acreditava na importância de construir uma memória para o Movimento Negro, e essa parceria entre o IMS e a AEL torna isso possível. O acervo de Januário é uma peça valiosa do quebra-cabeça da história do Brasil e de sua população negra, e sua preservação é um passo significativo na direção certa.

O diretor do Arquivo Edgard Leuenroth, Mário Medeiros, ressaltou a importância do trabalho conjunto e o desejo de Januário Garcia de que a população negra se reconheça em sua história de lutas e conquistas.

Novos Eventos e Materiais

A parceria entre o IMS e o AEL promete trazer mais eventos relacionados ao acervo, possibilitando que mais pessoas tenham acesso a essa rica fonte de conhecimento. Além disso, novos materiais e informações relacionados à coleção de Januário serão divulgados em breve.

O legado de Januário Garcia é uma parte essencial da história do Brasil, e sua preservação é um tributo ao ativismo e à cultura negra no país. Com essa iniciativa, sua memória continuará a inspirar e educar as gerações futuras.

marramaqueadmin