“A Hora do Boi” estreia dia 6 de janeiro, 6ªf, no Teatro Poeirinha, com Vandré Silveira, texto de Daniela Pereira de Carvalho e direção de André Paes Leme
Fuga de boi na Bahia foi determinante para narrativa do espetáculo A Hora do Boi, afirma autora
Foto de Lorena Zschaber
Monólogo sobre empatia e afeto, com mensagem que reflete sobre todos os seres vivos serem igualmente importantes, tem ensaio aberto no dia 5 de janeiro, quinta-feira
No dia 06 de janeiro, sexta-feira, às 21 horas, estreia A Hora do Boi no Teatro Poeirinha, monólogo com Vandré Silveira, idealizado pelo ator com texto de Daniela Pereira de Carvalho, a montagem tem direção de André Paes Leme. Com ensaio aberto no dia 05 de janeiro, quinta-feira, o projeto gestado por alguns anos pelo ator, narra a história de Seu Francisco, um tratador e capataz de matadouro que se encontra numa encruzilhada ao criar grande relação de amizade e afeto com Chico, boi nascido e criado sob seus cuidados que, um dia, deverá ser abatido. “Mas uma história real, a fuga de um boi na Bahia, foi determinante para narrativa do espetáculo A Hora do Boi”, declara a autora (aspa completa da autora e do diretor, abaixo).
“Precisamos ampliar o entendimento de que todos os seres vivos são igualmente importantes, buscar esse diálogo entre os homens”, reflete Vandré, que foi buscar os escritos e histórias de São Francisco de Assis sobre a natureza dos seres vivos para dar sentido ao espetáculo. Para o homem Francisco, nascido em Assis, na Itália, nos idos do Século XII, ninguém é suficientemente perfeito que não possa aprender com o outro e, ninguém é totalmente destituído de valores que não possa ensinar algo ao seu irmão. Francisco enxergava todos os seres vivos como igualmente importantes e tinha profunda relação com a natureza e os animais.
Seguindo com este ensinamento, a trama apresenta dois personagens: Seu Francisco e Chico, que estabelecem uma ligação afetiva de profunda empatia e amizade, sentimentos que põem em cheque toda a objetividade das funções de Seu Francisco, como um matador de bois. Apegado ao boi, Seu Francisco, apavorado, vê se aproximar a hora do abate de Chico – única criatura, em todo o mundo, com a qual estabeleceu um vínculo. Seu Francisco nunca deixou de cumprir ordens. Manso e submisso, abateu centenas e centenas de cabeças de gado a mando dos patrões – sem sentir nada, nem refletir sobre seus atos. A amizade com Chico, entretanto, mudou sua vida. É alguém com significado. Ao seu lado, o boi Chico vive a agonia do condenado, injustamente, no corredor da morte, com a peculiaridade de amar o próprio algoz e depositar, nesse laço de afeto, todas as suas esperanças de salvação.
“Sem patrocínio, A Hora do Boi foi idealizado por Vandré Silveira, que reflete: Acredito neste diálogo com a humanidade, precisamos falar sobre empatia entre as pessoas, pela natureza, pelos serem que habitam este universo. Em tempos tão rudes, é urgente ir de encontro ao afeto.
Com equipe de reconhecidos profissionais, alguns que já atuaram no premiado Farnese de Saudade, montagem com Vandré Silveira, sucesso de crítica e público, A Hora do Boi tem Direção de Movimento assinada por Toni Rodrigues e Paula Aguas; Cenografia e Figurinos de Carlos Alberto Nunes; Iluminação de Renato Machado e Anderson Ratto; Trilha Sonora por Lucas de Paiva; e Preparação Vocal de Claudia Elizeu (abaixo, ficha técnica completa). Sob a Direção de Produção de Caio Bucker, o espetáculo cumpre temporada no Teatro Poeirinha até 26 de fevereiro.
ASPAS ANDRÉ PAES LEME:
“A Hora do Boi é um espetáculo sobre o afeto. Um afeto que começa na busca artística de Vandré Silveira, um ator inquieto e determinado que, com uma entrega absoluta, irradia boas vibrações para toda a equipe. Vandré mergulha com exemplar intensidade na pesquisa corporal para dar existência ao boi Chico, que na rica linguagem teatral, é um poeta de sensibilidade aguçada e com o coração cheio de amor. Quem dera fossem todos os humanos assim. Mas o desafio de Vandré é também no mesmo corpo, e algumas vezes ao mesmo tempo, fazer ser visto na pele de um homem rude, solitário, que só amou uma vez. O destino fez com que seu Francisco amasse Chico, o boi que salvou no nascimento e que agora, por força da profissão, terá que matar. Um conflito inusitado que no palco faz explodir a arte da atuação e que guarda um final surpreendente”.
ASPAS DANIELA PEREIRA DE CARVALHO:
“Foi à convite de Vandré Silveira e Caio Bucker que escrevi “A HORA DO BOI”. Partindo de um argumento inicial, pensado por Vandré, que foi se transformando no curso da nossa fluente interlocução e resultou no texto inédito desta peça que estreará em janeiro de 2023, com direção de André Paes Leme.
Logo no início, quando iniciava os trabalhos de pesquisa, me deparei com uma notícia que determinou todo o desenvolvimento do texto:
“Na última quinta (29/112018) pela manhã, um boi foi visto no mar da praia de Stella Mares, em Salvador. As fortes ondas não o intimidaram, apesar das tentativas dos banhistas de direcioná-lo para a areia. O animal da raça Nelore escapou da feira de agronegócios Fenagro, que acontece no Parque de Exposições em Salvador, e ficou desaparecido durante cinco dias na cidade.”
Essa fuga real do boi, que estava aprisionado, para o mar foi uma imagem determinante na elaboração da narrativa.
A relação familiar de afeto entre o capataz, Francisco, e o boi, Chico – e todos os outros personagens que surgiram, imprimindo no texto, em alguma medida, problematizações para diversas relações de poder – entre o ser humano e outros seres vivos, entre patrão e empregado, entre pai e filha – é de onde partimos para pensar, em cena, a noção antropocêntrica, tão autoritária, que serve de parâmetro às civilizações há tantos séculos. Precisamos nos interrogar acerca dessa falsa superioridade, artificialmente imposta – muitas vezes, bastante violenta.
O amor fraterno entre um homem e um boi, tão próximos, semelhantes – a diferença entre espécies sendo irrelevante, porque apenas um no outro encontram afeto e cuidado em meio ao mundo árido, sangrento mesmo, que habitam – é algo que considero bastante bonito de trazer ao palco.
Foi muito bom também, no percurso da escrita, poder buscar referências como João Cabral de Mello Neto, que sempre foi um dos meus poetas preferidos”.
SINOPSE:
História sobre empatia entre seres vivos, quando um homem sem afetos cria laços de amor com um boi. Tratador e capataz de matadouro que se encontra numa encruzilhada ao criar grande relação de amizade e afeto com o boi Chico, nascido por suas mãos e criado por ele como um filho.
FICHA TÉCNICA:
Texto: Daniela Pereira de Carvalho
Idealização e Atuação: Vandré Silveira
Direção: André Paes Leme
Direção de Movimento: Toni Rodrigues e Paula Aguas
Assistência de Direção: Toni Rodrigues
Cenografia e Figurinos: Carlos Alberto Nunes
Cenógrafa e Figurinista assistente: Arlete Rua
Confecção de figurino: Ateliê Bruta Flor
Iluminação: Renato Machado e Anderson Ratto
Trilha Sonora: Lucas de Paiva
Preparação Vocal: Claudia Elizeu
Design Gráfico: Raquel Alvarenga
Fotografias: Lorena Zschaber
Direção de Produção: Caio Bucker
Assistência de Produção e Operação de Som: Aline Monteiro
Operação de Luz: Bruno Aragão
Voz em off: Claudio Gabriel
Gestão de Mídia e Marketing Cultural: Rodrigo Medeiros (R+Marketing)
Contadores: Cissa Freitas e Francisco Júnior
Assessoria de Imprensa: Passarim Comunicação | Silvana Espirito Santo e Juliana Feltz
Assessoria Jurídica: BMN Advogados
Realização: Bucker Produções Artísticas e Vandré Silveira
SERVIÇO:
“A Hora do Boi”, com Vandré Silveira
Estreia: 06 de janeiro de 2023 | 6ªf | 21h
Ensaio aberto: 05 de janeiro | 5ªf | 21h
Temporada: até 26 de Fevereiro de 2023* | 5af a domingo
*não terão sessões na semana do carnaval – dias 16, 17, 18 e 19/02
Horário: Quintas, sextas e sábados às 21h; Domingos às 19h
Local: Teatro Poeirinha
Endereço: Rua São João Batista, 104 – Botafogo – Rio de Janeiro/RJ
Telefone: (21) 2537-8053
Ingressos: R$ 60,00 (inteira) / R$ 30,00 (meia-entrada)
Vendas na Sympla e na bilheteria
Duração: 60 minutos
Classificação: 14 anos
SOBRE DANIELA PEREIRA DE CARVALHO | AUTORA
Dramaturga premiada, é formada atriz pela CAL (Casa de Arte das Laranjeiras) e em Teoria do Teatro, com Mestrado em Artes Cênicas pela UniRio. Escreveu seus primeiros textos como dramaturga para a companhia teatral “Os Dezequilibrados”. A partir de 2005, escreveu peças que lhe renderam importantes prêmios e reconhecimento da crítica como uma das mais importantes expoentes da nova dramaturgia brasileira. Destaque para: “Assassinato em série”, “Tudo é permitido” (indicada ao Prêmio Shell de Melhor Texto em 2005), “Não existem níveis seguros para consumo destas substâncias” (vencedor do Prêmio APTR 2006 de Melhor Autor e indicada ao Prêmio Shell de Melhor Texto em 2006), “Renato Russo – o musical” (indicada ao Prêmio Shell de Melhor Texto em 2006), “Por uma vida um pouco menos ordinária” (indicada ao Prêmio Shell São Paulo de Melhor Texto e Prêmio Contigo de Teatro de Melhor Texto em 2007), “Um certo Van Gogh” (indicada ao Prêmio Contigo de Teatro de Melhor Texto em 2009), “Tom & Vinícius – o musical”, “As próximas horas serão definitivas” (indicada ao Prêmio Contigo de Teatro de Melhor Texto em 2011), “Tubarões” e “Memórias do Esquecimento”. Recentemente, esteve em cartaz com o espetáculo “A Revolução dos Bichos”, com direção de Bruce Gomlevsky.
SOBRE ANDRÉ PAES LEME | DIRETOR
Doutor em Estudos Artísticos na especialidade de Estudos de Teatro pela Universidade de Lisboa, e Graduado em Artes Cênicas na especialidade de Direção Teatral pela UNIRIO, onde leciona desde 1999, já encenou mais de cinquenta espetáculos, entre peças de teatro, óperas e concertos musicais. Em 2019, em Portugal, estreou “Dois perdidos numa noite suja”, de Plínio Marcos, e mais recentemente, “Miguel e Los Angeles”, espetáculo circense realizado com a Escola do Chapitô, no Museu Nacional de Arte Antiga de Lisboa. Em 2018, no Brasil, encenou “Agosto”, texto premiado de Tracy Lettes (destaque no RJ e SP); e também a ópera “O Matrimónio Secreto”, de Domenico Cimarosa. Em 2010 recebeu o Prêmio APTR/2010 de melhor direção pelo espetáculo “Hamelin”, de Juan Mayorga.
SOBRE CAIO BUCKER | DIRETOR DE PRODUÇÃO
Produtor cultural, jornalista, cineasta, escritor e empresário. Doutorando e Mestre em Filosofia da Arte (UERJ), Especialista em Arte e Filosofia (PUC-Rio) e Graduado em Comunicação Social e Cinema (PUC-Rio). É o responsável pela idealização, direção de produção e coordenação geral de projetos como: “Vinte Um Vinte.ensaioaberto”, de Ivan Mendes; “Ícaro and The Black Stars”, de Pedro Brício, com Ícaro Silva; “Parem de Falar Mal da Rotina”, de Elisa Lucinda; “TsuNany”, de Nany People; “Mulheres que Nascem com os filhos”, com Samara Felippo e Carolinie Figueiredo; “O Julgamento de Sócrates”, com Tonico Pereira; e “O Âncora”, de Leandro Muniz, com Alex Nader. Dirigiu e produziu a comédia musical “Delírios da Madrugada”, com Zéu Britto, recebendo 4 indicações no Prêmio do Humor 2019. Produziu o premiado monólogo “Farnese de Saudade”, com Vandré Silveira e direção de Celina Sodré. O projeto, que ficou em cartaz no Teatro Poeirinha em 2018, venceu o Prêmio de Melhor Interpretação no Festival Home Theatre 2014, e o Prêmio de Melhor Cenário no 2o Prêmio Questão da Crítica, além de ser indicado ao 25o Prêmio Shell na categoria Melhor Cenário, e no Prêmio Questão da Crítica na Categoria Especial, pela pesquisa do projeto. Caio é colunista de cultura do Jornal do Brasil. Em 2021, entrou para o time de sócios do restaurante La Fiorentina, reduto dos artistas no Rio de Janeiro, e recentemente assumiu a curadoria do Teatro XP, no Jockey Club da Gávea. Em 2022, foi escolhido para ser o Notável da categoria A Cara do Rio, no Prêmio Atitude Carioca, promovido pela CAERJ em parceria com a Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro; e recebeu a Medalha da Ordem do Mérito Cultural pela Prefeitura do Rio e pela Secretária Municipal de Cultura, a mais alta Condecoração Cultural do Município.
SOBRE VANDRÉ SILVEIRA | ARGUMENTO E ATUAÇÃO:
Formou-se no Curso Profissionalizante de Teatro da Fundação Clóvis Salgado (CEFAR- Palácio das Artes), em Belo Horizonte. No teatro atuou nos espetáculos: “Casa Apodrecida”, direção de Leonardo Bertholini; “A vida dela”, direção de Delson Antunes; “O Homem Elefante”, direção de Cibele Forjaz e Wagner Antonio; “Vermelho Amargo”, direção de Diogo Liberano; “Momo e o senhor do tempo”, direção de Cristina Moura; “Céu sobre chuva ou Botequim”, direção de Antonio Pedro Borges; “Amor e Restos Humanos”, direção de Carlos Gradim; “O Menino que Vendia Palavras”, direção de Cristina Moura; “Dois Jogos: Sete Jogadores” e “Trans Tchekhov”, direção de Celina Sodré. No cinema atuou no curta “Bárbara”, de Carlos Gradim, e recebeu os Prêmios de Melhor Ator dos Festivais de Cinema: Primeiro Plano (Juiz de Fora, MG); Ibero-Americano de Cinema/Curta-SE (Sergipe); For Rainbow (Fortaleza, Ceará) e VI Festival de Cinema de Maringá (Paraná). Atuou nos longas: “Rio Mumbai”, direção de Pedro Sodré; e “Ponto Org”, direção de Patrícia Moran. Participou dos seriados “A Segunda Vez”, “Os Gozadores” e “Bicicleta e Melancia”, no Multishow; “Amor Veríssimo”, no GNT; “Caipirinha Sunrise”, na TV Azteca; e “Lilyhammer” para o Netflix. Com o monólogo “Farnese de Saudade”, dirigido por Celina Sodré, venceu o Prêmio de Melhor Interpretação no Festival Home Theatre 2014, e o Prêmio de Melhor Cenário no 2º Prêmio Questão da Crítica, além de ser indicado ao 25º Prêmio Shell na categoria Melhor Cenário, e no Prêmio Questão da Crítica na Categoria Especial, pela pesquisa do projeto. Recentemente, esteve no ar na novela “Jesus”, na Rede Record, interpretando Lázaro. Em A Dona do Pedaço (Globo, 2019), deu vida ao advogado Dr. Tibério, na reta final da trama. Aguarda para 2023 a estreia das séries A Magia de Aruna (Disney) e Musa Música (Globo/Globoplay), além de retornar com Lázaro na reprise da novela Jesus (Record TV).