Capítulo VI (inédito): manuscritos de 1863-1867, O capital, Livro I

de Karl Marx
No 31º volume da Coleção Marx-Engels, a Boitempo publica a primeira tradução brasileira diretamente do original em alemão do célebre Capítulo VI do Livro I de O capital. Parte do primeiro manuscrito da obra-prima de Marx, o texto intitulado “Resultado do processo de produção imediato” encerraria o volume I e serviria de ponte para o volume II. Nele são apresentados de maneira substancial pontos centrais da reflexão marxiana: “Marx refere-se à mercadoria de maneira bastante concreta, não somente como um pressuposto para a produção capitalista, mas como resultado de seu processo produtivo. […] Por outro lado, analisa as formas diversas do fetichismo típicas da sociedade do capital, expressão da peculiar divisão social do trabalho mediada pelas coisas, mostrando os reflexos desse fetichismo nas interpretações dos economistas burgueses”, contam Ricardo Antunes e Murillo van der Laan no texto de apresentação.
Produzido numa fase decisiva do desenvolvimento intelectual de Marx, o Capítulo VI condensa alguns dos principais momentos da argumentação do autor em O capital, que na versão final da obra, concebida como um “todo artístico”, se espraiam por várias seções. Por isso, oferece um ponto de vista privilegiado para temas como a operação concreta da mercadoria, presente sobretudo no Livro III, ou para a reflexão sobre a subsunção formal e a subsunção real do trabalho ao capital, ponto crucial da elaboração e do procedimento metodológico de Marx.
O volume traz ainda, como apêndice, o “Questionário para trabalhadores”, mais conhecido como “Enquete operária”. Nele sobressai a preocupação de Marx com o cotidiano da classe trabalhadora. Redigido para La Revue Socialiste e propagada entre os trabalhadores franceses, o questionário tinha como objetivo evidenciar, de maneira metódica, as contradições e os privilégios do capital e apresentar aos trabalhadores as possibilidades de resistência frente à exploração à qual eram submetidos. A enquete serviu, ainda no século XIX, de modelo para outros questionários semelhantes na Europa. Ao longo do século XX foi inspiração para movimentos socialistas e pesquisadores em diferentes países e, no século XXI, continua a demonstrar sua vitalidade, no contexto dos processos de trabalhos uberizados e plataformizados.
Trecho
“Não é o trabalhador que utiliza os meios de produção, mas os meios de produção que utilizam o trabalhador. Não é o trabalho vivo que se realiza no trabalho objetivado como seu órgão objetivo, mas é o trabalho objetivado que é mantido e aumentado pela absorção do trabalho vivo, e assim se torna valor que se valoriza, capital, e funciona como tal. Os meios de produção só aparecem como absorvedores de um maior quantum possível de trabalho vivo. O trabalho vivo aparece apenas como meio de valorização dos valores existentes e, portanto, de sua capitalização”.
Ficha técnica
Título: Capítulo VI (inédito): manuscritos de 1863-1867, O capital, Livro I
Título original: Sechstes Kapitel – Resultate des unmittelbaren Productionsprocesses/Questionnaire for Workers
Autor: Karl Marx
Tradução: Ronaldo Vielmi Fortes
Apresentação: Ricardo Antunes e Murillo van der Laan
Orelha: Leda Paulani
Capa: Antonio Kehl sobre ilustração de Loredano
Páginas: 176
Preço: R$ 53,00
Formato: 16 x 23cm
ISBN: 978-65-5717-194-3
Encadernação: brochura
Ano de lançamento: 2023
Disponível em: 16 de janeiro de 2023
Sobre o autor
Filósofo alemão, Karl Marx é pai do socialismo científico, também conhecido como marxismo. Seus trabalhos influenciaram diversas áreas do saber humano, como a sociologia, a economia, a filosofia, a história, a crítica literária, o urbanismo e a psicologia. A Boitempo tem publicado suas obras, individuais e em parceria com Friedrich Engels, a partir de novas traduções feitas diretamente dos originais em alemão. Os livros da coleção Marx-Engels têm se tornado referência obrigatória para os interessados em seu legado.
Sobre a Boitempo
A Boitempo foi fundada em 1995, por Ivana Jinkings. Com mais de 25 anos de existência, consolidou-se produzindo livros de qualidade, com opções editoriais claras. Obras de alguns dos mais influentes pensadores nacionais e internacionais compõem um catálogo que conta com nomes como Karl Marx, Friedrich Engels, David Harvey, Angela Davis, Maria Rita Kehl, Ricardo Antunes, Leonardo Padura, György Lukács, Antonio Gramsci, Slavoj Žižek, entre muitos outros. O nome da editora – inspirado em um poema de Carlos Drummond de Andrade – é uma homenagem ao maior poeta brasileiro e também ao criador da primeira Boitempo, o dirigente comunista Raimundo Jinkings, pai de Ivana.