Rod, “Inimaginável II” encerra um ciclo importante na sua trajetória. Que sentimento fica ao concluir esse primeiro álbum solo?
É engraçado, porque apesar de ter finalizado esse primeiro álbum, o sentimento dentro de mim é de começo. Inimaginável marca o início de uma nova etapa, com muita história pra contar ainda, Inclusive, eu tenho a ideia de fazer uma versão acústica dessas músicas, trazer uma nova roupagem e outro tipo de experiência pra galera.
Você produziu o álbum em parceria com Rafael Castilhol. Como foi essa troca criativa e o que ela trouxe de novo para o seu som?
O Castilhol foi muito importante nessa nova etapa. já tinha trabalhado com ele antes, como arranjador e músico na época da banda Melim, e eu tinha certeza de que convidá-lo para ser co-produtor do Inimaginável seria uma boa ideia. Ele é um cara muito competente, completo e com uma experiência enorme. Sempre que a gente trabalha com profissionais desse nível, acaba aprendendo e dessa vez não foi diferente. A nossa troca foi muito legal e sincera, ele me ouviu bastante, eu também o ouvi. A nossa ideia foi fazer um disco pop, good vibes, que tivesse essa conexão com o violão, uma mistura de sons orgânicos com sons eletrônicos, que trouxesse ao mesmo tempo uma modernidade e pé no chão, que trouxesse o ar de banda também. Juntos acho que conseguimos fazer um trabalho incrível !
“Maré de Sorte”, com Marcelo Falcão, é uma das faixas mais marcantes do projeto. Como surgiu essa parceria e o que ela representa pra você?
Maré de Sorte é meu novo single, e uma música muito importante para essa segunda parte do Inimaginável. O Marcelo Falcão é um artista que eu sempre admirei, sempre curti muito o trabalho dele, as ideias, a vibe das músicas, os arranjos e a mensagem. A gente já tinha se conhecido pessoalmente durante uma publicidade que gravamos juntos. Rolou uma troca muito legal, respeito e amizade. Fiquei muito feliz quando ele topou participar da faixa.
Fui até o estúdio dele, mostrei uma pré-produção e ele curtiu pra caramba. Ali mesmo já escreveu a segunda parte, a parte que ele canta e o resultado ficou incrível. Ele trouxe movimento, verdade e ainda mais força pra mensagem da canção. Desde então, ele tem sido muito generoso comigo, comentando nos posts e participando da divulgação da música. A gente ainda pretende gravar um clipe juntos. Ter o Falcão no meu primeiro álbum solo é um privilégio enorme.
A faixa fala sobre coragem, fé e persistência — valores muito presentes na sua história. Essas mensagens refletem o seu momento pessoal?
A mensagem de Maré de Sorte tem tudo a ver com o meu momento atual, mas acho que também se conecta com todo mundo. Todas as pessoas que têm um sonho, algo que buscam, seja no trabalho, em um relacionamento ou em qualquer coisa. A música fala sobre fazer por onde, sobre se movimentar em direção ao que a gente acredita. É uma mensagem reflexiva e inspiradora. É aquela canção que a pessoa coloca pra ouvir e sente a energia mudar na hora. Pra mim, Maré de Sorte também faz bem. Vira e mexe, coloco pra tocar e acabo absorvendo ainda mais o que ela diz. Gosto de músicas que têm esse poder, que podem tocar e transformar o dia das pessoas. Acho que isso tem a ver com o meu propósito e com o propósito de todo mundo que faz música de verdade, música pra galera, pra fazer parte da vida das pessoas.
Outra participação especial é a de Jenni Rocha, em “Metro Quadrado”. Como foi trabalhar com ela e o que te atraiu na energia dessa canção?
A Jenny é uma cantora incrível, que já tinha participado de outras músicas comigo, mas não como voz principal. Ela trabalhou comigo como backing vocal, não só na época da Melim, mas também na primeira parte do meu álbum solo e com vários outros grandes artistas do Brasil, como recentemente na turnê do Caetano Veloso com a Maria Bethânia. Inicialmente, eu a convidei apenas pra gravar uma guia de voz. Desde o início, eu imaginava Metro Quadrado como um dueto. A gente gostou tanto da voz da Jenny que decidimos convidá-la oficialmente pra participar da faixa e eu amei o resultado.
As vozes se encaixaram de um jeito muito natural. Além de ser uma profissional talentosa, a Jenny é uma pessoa muito querida e está começando sua carreira solo agora, produzindo o primeiro álbum autoral. Tenho certeza de que vem muita coisa boa por aí.
As letras de “Inimaginável II” transitam entre o romântico e o reflexivo. Como você equilibra emoção e leveza nas suas composições?
A nossa ideia era fazer um disco pop, good vibes, que mantivesse uma forte conexão com o violão, misturando sons orgânicos com elementos eletrônicos. Queríamos trazer modernidade, mas sem perder o pé no chão, mantendo também aquele ar de banda.
Acho que conseguimos traduzir bem essa mistura. Cada música pede um equilíbrio diferente: algumas são mais pop, outras mais acústicas, outras com uma pegada reggae ou romântica. Dentro de uma mesma obra, a gente acabou criando várias “prateleiras”, e isso traz uma dinâmica interessante pro álbum.
“Minha História” e “Amar Sozinho Dói” têm versos muito íntimos. Existe um ponto de virada pessoal ou espiritual que inspirou essas músicas?
Algumas músicas que eu faço vêm de vivências e sentimentos meus mas nem todas. Acho que o mais legal é quando a pessoa que está ouvindo consegue se identificar e enxergar aquela história como sendo uma história real.
No caso de Amar Sozinho Dói, por exemplo, não foi algo que eu vivi. Eu tentei imaginar duas pessoas num relacionamento que não deu certo, em que uma das partes percebe que o amor não é mais recíproco e decide, de certa forma, acordar e seguir em frente.
Minha História também não é autobiográfica mas carrega sentimentos que eu me identifico, principalmente sobre essa busca constante de ser alguém melhor, de valorizar o que realmente importa na vida: o contato com a natureza, as pessoas que somam, a amizade, a presença.
E o refrão traz um toque de nostalgia, esse olhar pro passado, percebendo como a vida já mudou e quanta coisa a gente já viveu.
O álbum tem um cuidado técnico notável — cordas, baixo, bateria, arranjos delicados. Qual foi o maior desafio de produzir um trabalho tão completo?
Eu me considero um artista perfeccionista no quesito musical. Gosto de buscar sempre o melhor desde a composição até a gravação da voz de cada instrumento e também da mixagem. Tento dar o meu máximo pra que a música tenha clareza, pra que as pessoas entendam o riff, a mensagem e se emocionem com a melodia. Acho que o maior desafio foi encontrar o equilíbrio entre as canções e fazer um álbum que conversasse entre si, mas que acima de tudo me representasse. Como estou vivendo uma nova fase, eu queria ter certeza de que conseguiria trazer algo mais à minha cara. Acho que o álbum ainda tem alguma proximidade com o trabalho da banda Melim, mas também carrega uma originalidade, uma ampliação da minha personalidade.
Fiquei muito feliz com o resultado e com o feedback, tanto do público que já me acompanhava quanto das pessoas que estão chegando agora, tem sido super positivo.
O audiovisual de “Seu Olhar” trouxe uma estética intimista e contou com a participação da sua esposa, Joy. Como é misturar vida pessoal e arte?
Foi muito especial poder ter a minha esposa no clipe de Seu Olhar. É uma música super romântica, que fala sobre a beleza e a importância de um relacionamento saudável, um relacionamento de verdade.
Inicialmente, a ideia era colocar apenas alguns takes com planos-detalhe dela, ela passando a mão no cabelo, o close do olhar e criar cenas em que a câmera me filmasse como se fosse o olhar dela. No dia da gravação, o diretor acabou fazendo também alguns planos mais abertos, de longa distância, e a gente achou que ficou muito bonito. Então decidi usar essas cenas. Foi bem legal ver o público, que já conhece a Joyce através de mim, curtindo essa participação e se identificando. Acho que isso fez as pessoas sentirem a canção de uma forma ainda mais intensa, por saberem que a letra tem tudo a ver com o que a gente vive de verdade. Foi uma experiência muito especial.
Você vem de uma trajetória de sucesso com o trio Melim. Como foi o processo de se reconstruir artisticamente e encontrar sua própria voz nesse novo momento?
Esse processo ainda está acontecendo, na verdade. Acho que a Melim, que foi um projeto vitorioso, me ensinou muito, e tenho muito orgulho de ainda levar esse som para as pessoas. Muita gente ainda me conhece através do trabalho da banda, mas a minha forma de cantar e minha personalidade individual sempre foram muito presentes. Em relação à voz, especialmente, eu já sabia qual era o meu lugar, a forma que eu gostava de cantar, a região onde minha voz soava melhor, o estilo de música que me representava mais. Nesse sentido, eu já me sentia pronto mas na prática tudo é um recomeço, uma nova experiência e é sempre bom se desafiar e continuar aprendendo, pra crescer cada vez mais como artista e trazer mais dinâmica pra vida e pra música.
O título “Inimaginável” é muito simbólico. O que essa palavra representa pra você agora que o projeto está completo?
Inimaginável, que é o título desse primeiro trabalho, na verdade nasceu do nome de uma das canções que fazem parte do álbum. Eu sempre procuro um título que seja abrangente, que tenha um potencial criativo e que permita explorar uma beleza visual, algo capaz de provocar uma mudança de estado emocional nas pessoas. Achei esse nome forte, impactante e abrangente, por isso acabou se tornando o título do meu primeiro álbum solo.
Pra encerrar, o que o público pode esperar de Rod Melim em 2026? Há novos singles, turnê solo ou colaborações já a caminho?
Sim, com certeza. A gente está a mil por hora. Acabamos de lançar esse trabalho, mas eu já estou com a ideia de fazer o Inimaginável Acústico, como comentei antes. E em 2026 vem mais musicas inéditas também. Acho que nesse recomeço é importante produzir bastante, explorar ao máximo o meu lado autor e cantor, pra de certa forma também, acelerar o entendimento do público sobre a minha identidade artística. Quero que as pessoas tenham uma boa quantidade de músicas pra ouvir, curtir e se conectar comigo. 2026, com certeza vem muita coisa boa por aí.
