O lançamento de Stella lança A Fim apresenta um EP que transforma poesia preta e travesti em som, corpo e libertação. A artista sergipana combina hip hop, espiritualidade e experimentação eletrônica para criar uma obra que afirma existência e reinventa sobrevivência.
Stella lança A Fim e cria jornada ritualística
O EP nasce de uma urgência pessoal: recontar a própria história antes que o silêncio a substituísse. Stella explica que o projeto surgiu como resposta ao apagamento de vozes pretas e travestis. Durante a pandemia, ela estruturou o trabalho como uma travessia espiritual e corporal.
Nas quatro faixas, o EP constrói um percurso simbólico. Em “Simpatia”, o eu-lírico convoca a entidade A Fim. Em seguida, “Despacho” transforma dor em movimento e cria espaço para libertação. Já “Assim Seja” celebra renascer e continuidade. Por fim, “¼ de desejo” fecha a travessia como reencontro íntimo.
Stella lança A Fim com sonoridade híbrida
A parceria com a produtora dry resulta em beats industriais, camadas digitais e ritmos que valorizam a oralidade. A artista vocaliza poemas em voz alta, criando pulsação direta e urgente. Segundo ela, a intenção é “dançar no desconforto”, transformar dor em ação e desafiar imobilidades impostas.
O desconforto vira ritmo. A repetição hipnótica dialoga com espiritualidade, ancestralidade e ritos afro-brasileiros. Esse encontro molda uma estética que mistura corpo, máquina e ficção.
Stella lança A Fim com estética glitch e Visual EP
A imagem também expande o conceito. A capa, criada por Ruan Araújo, Luli Morante e Mavi Retrata, usa glitch art, colagem digital e pixel sorting. A linguagem visual traduz o conflito entre orgânico e industrial, reforçando o movimento constante proposto pelo EP.
O projeto se completa com um Visual EP dirigido por Sarah Ahab, com estreia marcada para 25 de novembro. Gravado em uma única diária, o vídeo combina VHS, iPhone e câmera 3D Kinect, registrando o corpo em estado espontâneo.
Stella lança A Fim e reafirma a força da poesia
Antes da música, Stella já marcava presença na literatura com KIZILA (2022). Agora, amplia sua linguagem e reafirma que poetas também fazem música. Inspirada por Juçara Marçal, Linn da Quebrada, Saskia e Metá Metá, ela cria um trabalho que celebra continuidade e reinvenção.
“A Fim é sobre permanecer viva”, diz a artista. “Mesmo quando tudo parece tentar o contrário.”
