14 mar 2025, sex

Exposição “Ladino-Amefricanas” homenageia Lélia Gonzalez

Exposição “Ladino-Amefricanas” reúne o trabalho de onze artistas negras do Brasil, Argentina e República Dominicana, cujas obras abordam temas como racismo, ancestralidade e maternidade.

Com curadoria de Carolina Rodrigues e co-curadoria de Ana Carla Soler e Francela Carrera, projeto parte das reflexões da intelectual e ativista brasileira Lélia Gonzalez, que completaria 90 anos em 2025.

Participam as artistas Aline Motta, Andrea Hygino, Ayra Aziza, Eneida Sanches, Jade Maria Zimbra, Lidia Lisboa, Lila Deva, Renata Felinto, Silvana Mendes e Yéssica Montero, além do Colectivo Afro-feminista Kukily.

A mostra abre no dia 22 de março (sábado) na galeria de artes do Sesc Nova Iguaçu e pode ser visitada até 22 de junho.

Como artistas contemporâneas negras da América Latina e do Caribe vêm expressando em suas obras a “Amefricanidade”. Essa é a proposta da exposição “Ladino-Amefricanas”, que inaugura a programação de 2025 do Instituto Artistas Latinas. O nome da mostra refere-se ao pensamento de uma das principais vozes da luta antirracista e antissexista na América Latina, a intelectual e ativista brasileira Lélia Gonzalez (1935-1994). A mostra procura confluências entre a produção artística de mulheres negras de diversos lugares do Brasil, Argentina e República Dominicana.

O evento acontece de 22 de março a 22 de junho, na Galeria de Artes do Sesc Nova Iguaçu, com entrada franca. Serão apresentadas 23 obras de dez artistas negras e de um coletivo sediado na Argentina. O grupo inclui as brasileiras Aline Motta, Andrea Hygino, Ayra Aziza, Eneida Sanches, Jade Maria Zimbra, Lidia Lisboa, Lila Deva, Renata Felinto e Silvana Mendes, a artista da República Dominicana Yéssica Montero e o coletivo afro-feminista argentino Kukily.

Em elaboração desde 2023, a exposição parte da pesquisa da curadora Carolina Rodrigues, tendo participação também, como co-curadoras, de Ana Carla Soler e Francela Carrera, e expografia de Gisele de Paula. Com o conceito de Ladino-Amefricanidade, Lélia Gonzalez, que completaria 90 anos em 2025, chama a atenção para as características culturais, sociais e políticas africanas e ameríndias que moldaram a identidade dos povos das Américas do Sul e Central – a troca do T pelo D na expressão “ladino” remete a outro conceito da filósofa, o “pretuguês”. 

Segundo a curadora Carolina Rodrigues, a categoria social, política e cultural da Amefricanidade é um convite a diluir as fronteiras territoriais, linguísticas e ideológicas para encontrar caminhos que nos permitam recontar a história da América Latina e do Caribe a partir de matrizes afrocentradas e do legado indígena.

“Esse é um passo posterior ao entendimento de que as histórias construídas sobre esse território foram pautadas pelas referências europeias, principalmente considerando a latinidade como fator dominante – um discurso construído pelas narrativas brancocentradas”, diz ela.

A mostra reúne artistas de diferentes linguagens, que contemplam a multiplicidade de experiências, repertórios e possibilidades de construção de visualidades que transcendem os estereótipos imagéticos depositados sobre esse grupo social. A exposição aponta para a intenção de preencher a lacuna do diálogo entre diferentes territórios a partir de Lélia Gonzalez, com base em algumas questões estruturantes de seu pensamento, como a relação com a diáspora, a maternagem de mulheres negras como estruturante no pensamento e na linguagem, a preservação do legado afro-civilizatório, a força política da espiritualidade e das festividades, sua influência no inconsciente coletivo e a militância que transcende fronteiras no enfrentamento ao racismo. “Longe de apresentar essa produção como um recorte específico no universo da América Latina, o projeto afirma a presença inquestionável do pensamento feminino negro no que se entende como universalidade nos complexos culturais apresentados”, diz Carolina.

Em 2025, o Instituto Artistas Latinas completa seis anos de atividade, com uma programação robusta, que reflete a maturidade da instituição. Além de Ladino-Amefricanas, ainda este ano haverá mostras no Museu de Arte Moderna Aloisio Magalhães, no Recife; no Centro Cultural dos Correios e no Museu do Amanhã, no Rio, todas com a participação de artistas brasileiras e internacionais, valorizando a produção da América Latina.

“Todo esse trabalho reafirma o nosso compromisso, enquanto instituição, de promover um intercâmbio do Brasil com países da América Latina, sejam eles da América do Sul, da América Central ou do Caribe, olhando também, cada vez mais, para fora do eixo Rio-São Paulo e colaborando para uma visão mais horizontal do sistema de arte”, conta Paulo Farias, presidente do Instituto.

A iniciativa é fruto de uma parceria de sucesso do Instituto Mulheres Latinas com o Sesc Rio, sendo a terceira exposição realizada em conjunto através do edital Sesc Pulsar. De 2019 até hoje, as atividades da instituição já envolveram mais de 700 artistas de 10 países diferentes, distribuídas em mais de 15 exposições e 50 horas de conteúdo educativo.

No portfólio de parceiros do Instituto destacam-se também o Ministério das Relações Exteriores, através de suas embaixadas, e instituições como a ArtRio, o Museu de Arte do Rio, o Centro Cultural PGE/RJ, entre outras. Além disso, o instituto vem criando mecanismos que permitam a circulação e a institucionalização de mulheres artistas, como o programa de doação de obras para instituições museológicas, no sentido de fazer uma equiparação histórica desses acervos em termos de gênero.

SOBRE O INSTITUTO ARTISTAS LATINAS

Criado em 2019, é uma instituição cultural dedicada a pesquisa, acervo e educação em artes visuais com foco em produções femininas latino-americanas. Tendo como missão fomentar uma história da arte mais equitativa e inclusiva, produz conteúdos e projetos que auxiliam na construção de uma teia de conexões entre as diferentes personagens do ecossistema artístico nacional e internacional.

A instituição cria e apoia iniciativas que solucionem ou discutam questões que perpassam as vivências e produções femininas(istas), focando em ações de transformação social, de expansão educativa e práticas curatoriais contemporâneas. Seja no ambiente físico ou digital, já são mais de 15 projetos desenvolvidos ou apoiados, além de um intenso calendário de ações planejadas. Participaram de ações diretas mais de 700 artistas de dez países diferentes, além das 700 artistas mapeadas, em projetos que se dividem entre ambiente virtual e o físico, atuando em espaços parceiros como o Museu de Arte do Rio, o Museu da História e Cultura Afro-Brasileira (MUHCAB), Paço Imperial, Armazém Coletivo Elza, Sesc Rio e nas feiras ArtSampa e ArtRio.

FICHA TÉCNICA DA EXPOSIÇÃO 

Artistas
– Brasil: Aline Motta, Andrea Hygino, Ayra Aziza,Eneida Sanches, Jade Maria Zimbra, Lidia Lisboa, Lila Deva, Renata Felinto e Silvana Mendes
– República Dominicana: Yéssica Monter
– Argentina: Coletivo afro-feminista KukilyCuradoria: Carolina Rodrigues
Co-curadoria: Ana Carla Soler e Francela Carrera
Expografia: Gisele de Paula Arquitetura
Assistentes de expografia: Alexandra Souza e Iolaos Coelho
Direção geral e artística: Paulo Farias
Direção de produção: Marianna Botelho
Design: João Gabriel Peixoto
Assessoria de imprensa: Júnia Azevedo – Escrita Comunicação
Mobiliário: Cactus Produções

SERVIÇO

Exposição de Arte Contemporânea
Nome:
 “Ladino-Amefricanas”
Artistas: Aline Motta, Andrea Hygino, Ayra Aziza,Eneida Sanches, Jade Maria Zimbra, Lidia Lisboa, Lila Deva, Renata Felinto e Silvana Mendes, a artista da República Dominicana Yéssica Montero e o coletivo afro-feminista argentino Kukily
Curadoria: Carolina Rodrigues
Co-curadoria: Ana Carla Soler e Francela Carrera
Abertura: 22 de março de 2025, das 15h às 19h
Visitação: de terça a sexta, das 9h30 às 19h30; sábados, domingos e feriados, das 9h30 às 17h30, até 22 de junho
Local: Galeria de Artes do Sesc Nova Iguaçu
End: Rua Dom Adriano Hipolito, 10 – Moquetá – Nova Iguaçu – RJ – 26285-330
Tel: (21) 4020-2101
Entrada franca