https://abacus-market-onion.top Entrevista: Juliana Rodrigues, pianista e compositora  - Marramaque

Entrevista: Juliana Rodrigues, pianista e compositora 

1. Como surgiu a ideia de criar a minissérie “Caderno de Composições”? O que te motivou a abordar o processo criativo de suas composições e compartilhar isso com o público? 

Já faz um tempo que tenho a ideia de fazer uma minissérie falando sobre minhas músicas e meu processo criativo. Acho que essa ideia parte de eu entender que, como artista independente, sou eu mesma a responsável pela memória do meu trabalho. Quando estudamos arte e história percebemos que não é possível conhecer o que não foi registrado. Sendo assim, se eu mesma não registrar minhas ideias e trabalhos, não será possível compartilhar minhas obras e pensamento nem tampouco “provar” que sou artista. Digo provar porque o trabalho de um artista, para ser viabilizado, requer comprovações de trajetória: não consigo marcar shows se não tiver materiais para mostrar aos donos dos lugares que os sediam ou para colegas musicistas que precisariam deles para me conhecer e assim me convidar para parcerias; se não tiver clipping não consigo pleitear editais para financiar meu trabalho ou eventos maiores como festivais, que me dariam mais visibilidade. A minissérie tem, portanto, o objetivo de registrar e afirmar meu trabalho como compositora e de me aproximar de meu público abrindo e expondo minhas ideias. Um fato um tanto curioso que fez com que ela ocorresse agora é que, ao ver a lista de editais publicados à ocasião, não encontrei nenhum dedicado à música (havia um edital porém tinha outro nome, o que desviou minha atenção). Sendo assim, pensei: “não vou ficar de fora, vou pôr em prática minha ideia de fazer uma minissérie sobre minhas composições e concorrer ao de audiovisual”. Assim fiz! 

2. A escolha das músicas para os episódios foi baseada em quais critérios? Escolhi músicas que representassem trabalhos que já lancei para divulgá-los. Tenho 3 discos autorais lançados, 2 como compositora; participei de uma coletânea de música instrumental e tenho um novo grupo com o qual lancei um single. Além desses trabalhos lançados, participei de alguns festivais internacionais. A ideia era poder falar sobre todos esses pontos de minha carreira, o que me levou a escolher as músicas: 

● Libertad – som da aura (estilo específico de composição), viagem ao Paraguai para participação no Festival Jazz al Este 

● Entre as Estrelas e o Chão – disco “Vive” (2021) 

● (E)Star – disco “Mnemosine” (2017) e coletânea “Existimos, vol. 1” (2023) 

● Nepalesa – grupo Hexapoema, viagem ao Nepal para participação no festival KatJazz 

3. Você mencionou que compor é um fazer inerente à existência humana. Como essa perspectiva é abordada na minissérie? 

Na série falo sobre o que me inspira a compor e abordo isso com naturalidade e como algo corriqueiro. Acho que essa abordagem faz com que o público perceba a composição e a criação como algo natural e espontâneo, que faz parte do cotidiano. 

4. Quais foram os principais desafios durante a produção da série? Um grande desafio foi conciliar a agenda da série com a de outros projetos que tenho. Foi um ano e tanto! Lancei um single e um disco que produzi, arranjei e dirigi todinho além de

tocar em vários grupos. O volume de trabalho não me permitiu estar tão presente quanto gostaria para desenvolver o projeto e isso gerou alguns atrasos nele. No geral me sinto bastante sozinha desenvolvendo meus projetos autorais, porque, ainda que hajam outras pessoas envolvidas e incumbidos de funções, o projeto não anda se a “mãe” não estiver por perto levando-o pela mão. A equipe envolvida é muito grande e isso torna a comunicação mais trabalhosa. São também muitos detalhes a serem percebidos, o que exige muita atenção de todas as partes. Editais são sempre bastante desafiadores porque exigem uma carga burocrática muito grande, o que requer de nós tempo e formação, já que temos que dar conta de contabilidade, contratos e muitos documentos pra prestar contas do que foi realizado com o dinheiro recebido. Esse edital, dentre os que já fiz, é especialmente difícil no que se refere à prestação de contas pq exige um volume muito grande de documentos. 

5. Como você enxerga a importância de ocupar e visibilizar o espaço feminino na composição musical?  Como você espera que a minissérie impacte o público e inspire outras mulheres a ingressar na composição musical? 

A presença de mulheres e pessoas de gênero dissidente em quaisquer espaços sempre foi invisibilizada em nossa sociedade. Dar luz ao trabalho de uma mulher, portanto, configura uma mudança de paradigma, uma nova forma de perceber o mundo. Quando falamos de representatividade nos referimos à nossa capacidade de nos ver no outro e assim imaginar novas possibilidades para nós inspirados pela existência do outro. Quando mulheres e meninas vêem uma pessoa igual a elas se afirmando como compositora, isso passa a elas a ideia de que essa atividade é para elas também, de que não é impossível ocupar esse lugar e assim elas são encorajadas a compor. 

6. Em que momento percebeu que poderia ser um exemplo e incentivo para outras mulheres no meio musical? 

Desde que, através de outras mulheres, conheci o feminismo e passei a me dar conta de que muitas das dificuldades que sempre tive se davam por causa da estrutura patriarcal em que vivemos. Isso me fez perceber que incentivar a presença de outras mulheres na música tornaria a minha própria presença mais acessível e possível. Assim passei a participar de eventos, coletivos e grupos formados por mulheres e questionei o quanto eu mesma contribuía para abrir espaço pra minha presença, o que me fez entender que era necessário incluir mulheres nos meus projetos e quaisquer oportunidades que chegavam a mim. Isso se tornou uma característica muito importante no meu trabalho. Hoje, além de estar envolvida em projetos com mulheres, sempre arranjo uma maneira de trazer esse assunto à tona em meus shows e outros trabalhos. Toco músicas de outras mulheres, uso falas de mulheres para compor minhas músicas (como nos meus sons da aura, com vozes de minha avó, de Marielle Franco, de Talíria Petrone, de Josefina Plá e de Dilma Rousseff), convido mulheres para fazerem parte de meus grupos e tocarem comigo. 

7. Além de representatividade, a série também promove inclusão com tradução em LIBRAS. Qual é a relevância dessa acessibilidade para você? 

A presença da janela de LIBRAS nos faz lembrar que há várias maneiras de se comunicar e diversas experiências de viver e perceber o mundo, nos lembrando que cada pessoa tem necessidades específicas. A população com deficiência tem acesso muito limitado não só a produtos culturais como em todos os âmbitos da vida (como inserção no

mercado de trabalho, mobilidade, etc) porque não se faz produtos culturais ou não se constroem estruturas de forma que essa população os acesse. Se queremos garantir que a nossa produção não seja excludente, é necessário nos conscientizar das necessidades específicas que têm os grupos que são normalmente excluídos. Minha intenção com essa série era compartilhar minhas ideias dialogando com o público. A tradução em LIBRAS amplia o público da minissérie porque me permite dialogar com a população com deficiência auditiva. 

8. Suas experiências no Nepal, como no festival Kat Jazz, influenciaram de alguma forma o conteúdo da minissérie? 

Sim! Um dos episódios é sobre minha composição “Nepalesa”, que fiz com base no que aprendi durante a viagem sobre música hindustani, um estilo de música tradicional do Nepal e países da região. 

9. O que o público brasileiro pode aprender com essas vivências internacionais, como a residência artística em Catmandu? 

Além de conhecer um pouco da cultura hindustani, durante o episódio sobre a música “Nepalesa” trago a discussão sobre aculturação, cosmovisão e acesso à cultura e informação. Esse foi o episódio mais difícil. Estava muito insegura pra falar sobre o que aprendi durante a residência porque tive um contato muito breve com a música de lá, o que me deixava receosa de passar informações equivocadas. Minha intenção com o episódio era que as pessoas se tornassem curiosas pra conhecer essa outra cultura e se questionassem sobre o que chega dela pra nós, se é que chega. Por isso fico um bom tempo do episódio expondo e discutindo esse receio e só depois começo a trazer informações mais técnicas. 

10. Você tem uma formação ampla, do jazz ao samba, passando por composição contemporânea. Como essas diferentes influências aparecem na minissérie? Cada composição tem um estilo muito peculiar. Ao longo dos 4 episódios são mostradas várias possibilidades estéticas: o público ouvirá sobre som da aura – um tipo específico de composição atribuído a Hermeto Pascoal em que se faz música a partir da fala de pessoas – composições para formação tradicional de trio de jazz (com piano, baixo e bateria) e música inspirada na estética hindustani, que tem origem do outro lado do mundo. 

11. Como foi seu processo de criação em “Libertad”, composta durante uma viagem ao Paraguai, e em “Nepalesa”, inspirada por sua residência no Nepal? “Libertad” eu compus para apresentar nos shows que faria no Paraguai. Eu queria fazer uma música que utilizasse elementos de lá como forma de propor uma troca. Acho que quando vamos pra um lugar novo é interessante propor um diálogo conhecendo um pouco desse lugar em vez de simplesmente mostrar o que fazemos porque para mim isso seria como impor minhas ideias e métodos sem considerar e/ou validar o que as pessoas desse outro lugar tem pra me ensinar. Eu queria fazer algo de cunho político e que utilizasse elementos da cultura de lá. A maneira que encontrei para juntar essas duas coisas foi utilizar um poema de Josefina Plá (nome muito representativo da arte paraguaia) junto a trechos de uma entrevista em que Dilma Rousseff comenta sobre a experiência de ter sido torturada. Essa música é um som da aura, então ao longo dela ouvimos primeiramente somente o poema e depois ele intercalado com as falas de Dilma, sendo os dois reforçados pelo piano, que toca as notas produzidas pelas vozes. Para compor eu pedi

que uma amiga cubana lesse o poema pra mim e ela me mandou uma gravação utilizando a mensagem de áudio do whatsapp. Para as falas de Dilma, eu extraí o áudio de uma entrevista que encontrei no youtube. Cortei os materiais em pequenos trechos, de forma que eles, intercalados, propusessem uma narrativa. Depois de mesclar os materiais eu precisei aprender as melodias que eles geravam para poder orquestrar (definir quais partes do piano eu usaria para tocar e que tipo de coisa eu tocaria) e tocar junto. 

Para “Nepalesa” eu utilizei como base uma música que tocamos durante a residência artística no Nepal. A minha música segue a mesma estrutura dessa outra composição tanto na escolha do raga (sistema melódico) quanto na estruturação das partes (o que e como é tocado em cada parte). 

12. O que mais te inspira a compor e como você lida com bloqueios criativos? Muitas coisas me inspiram a compor! Por vezes uma pessoa querida, em outras um elemento musical que quero aprender, discussões que quero propor ou a simples vontade de criar algo. Fazer terapia foi muito importante pra eu lidar com bloqueios. Hoje lido melhor com a ansiedade que a criação me traz e entendo que preciso cuidar de todas as áreas de minha vida. Isso me permite deixar de lado por um tempo o fazer criativo e viver outras coisas sem culpa porque sei que o bloqueio não durará pra sempre e ele me mostra que estou cansada, que preciso me alimentar e inspirar vivenciando outras coisas que não a criação que estou desenvolvendo no momento. 

13. “Caderno de Composições” será uma sequência. O que podemos esperar para os próximos volumes? 

“Caderno de Composições” é já a segunda minissérie que produzo. Ela continua o que foi abordado em “Sobre Vive”, minissérie em que comento sobre o processo de produção do meu disco “Vive” junto a meus colegas de trio. Em ambas, portanto, abro minhas ideias numa falando de maneira muito frança com o público. Para os próximos volumes pretendo lançar partituras e também trazer conversas com outros compositores. Não tenho apego a formatos, então pode ser que o público receba um novo volume em forma de songbook, de podcast, filme, livro… Acho que há muitas maneiras de falar sobre o processo criativo e que ele é muito complexo pra ser transmitido por uma única linguagem, ainda mais sendo o processo criativo de uma pessoa que explicitamente passeia por tantos universos! Então diria pro meu público que aguarde surpresas e aventuras em linguagens e temas. 

14. Quais são seus próximos projetos como pianista, compositora e ativista cultural? Pretendo lançar – espero que no próximo ano! – um disco com meu novo grupo Hexapoema e um disco de piano solo. Nesses trabalhos devo apresentar tanto músicas minhas como de outres, sempre reforçando a presença de mulheres. 

15. Ao longo de sua trajetória, como você percebe as mudanças no cenário musical para mulheres? 

Fico muito feliz em perceber mulheres mais novas que eu tocando e mostrando seu trabalho de diversas formas. Tenho tocado com muitas mulheres mais novas que eu, consideravelmente mais novas! E isso me faz pensar que elas acessaram esse espaço um pouco mais cedo do que eu, o que é ótimo! Percebo também que não só elas ocupam esses espaços mais cedo como também têm acesso a essa discussão mais cedo. Isso faz com que elas se articulem entre mulheres e cobrem dos colegas homens que estejam presentes. Essa mudança na percepção do cenário e na mentalidade é fundamental pra

que tenhamos mais diversidade nos palcos. Mesmo os homens mais novos parecem estar um pouco mais habituados à presença de mulheres entre eles em contextos profissionais. Lembro de uma amiga comentando sobre um festival que participou como professora em que, ao perguntar para as alunas sobre essa questão de gênero, elas respondiam que entre os colegas sentiam-se mais confortáveis, porém não se sentiam assim com os professores. Isso deixa nítido uma diferença conceitual e de comportamento entre gerações. Acho que ainda falta muito pra termos equidade nos palcos. No Brasil 4 mulheres são mortas por dia. Quando se luta pra sobreviver não é possível criar, não é possível fazer mais nada. É importante nos darmos conta de todas as dificuldades que mulheres e pessoas trans têm para acessar os espaços. É importante lembrar que não podemos ocupar espaços que coloquem nossa vida ou integridade em risco, e os espaços muito raramente estão preparados para acolher as múltiplas formas de violência que sofremos. 

16. O que significa para você, pessoal e profissionalmente, lançar esse projeto em sua cidade natal, Mogi das Cruzes? 

Acho muito importante não nos esquecermos do lugar de onde viemos, das pessoas com as quais nos formamos. Saímos de nossos lugares de origem pra aumentar nosso conhecimento mas é imprescindível garantir que os nossos tenham acesso à nossa produção. Lançar um trabalho em minha cidade natal é permitir que minha família possa prestigiá-lo. É fazer com que meus conterrâneos possam se imaginar ocupando os espaços que ocupo. O projeto prevê exibições em escolas. Uma delas já aconteceu e foi uma enorme alegria poder compartilhar minhas ideias com as crianças. Estava aflita porque vejo como uma grande responsabilidade a proposição de uma atividade para crianças dentro de uma escola. Mas pra minha alegria e alívio – risos de nervoso! – às crianças receberam a série muito bem e se mostraram muito interessadas e participativas. Nós artistas, por precisar a todo momento nos afirmar e buscar rendimentos para nossa sobrevivência, acabamos nos esquecendo que são muitas as possibilidades de palco, não somente aqueles que nos dão visibilidade e/ou retorno financeiro. Assim acabamos nos esquecendo que a escola, a rua, hospitais e lugares variados são também palco, assim como as pessoas até dias por esses lugares são também público. 

17. Se pudesse deixar uma mensagem para jovens mulheres interessadas em compor, qual seria? 

NÓS SEMPRE ESTIVEMOS AQUI! Coloco em letras maiúsculas porque uma grande luta do movimento feminista é que a gente se desfaça da ideia de que é difícil encontrar mulheres artistas ou mulheres ocupando qualquer tipo de cargo ou atividade. Na música, por exemplo, é muito comum vermos palcos preenchidos com grandes formações sem uma única mulher ou pessoa trans. Quando questionados sobre essa ausência, os homens dizem “é difícil encontrar mulheres que toquem”, ou “é difícil achar mulheres que toquem esse estilo”, ou “é difícil encontrar mulheres que toquem no nível que precisamos”. Para o patriarcado é sempre muito difícil, quiçá impossível, encontrar mulheres para ocupar os espaços, sejam eles quais forem. Essa afirmação é endossada quando se diz “hoje em dia é mais comum”. Afirmar que “hoje é mais comum” leva a uma ideia equivocada de que no passado não havia mulheres capazes e nos distrai da real razão de “hoje ser mais comum encontrar mulheres”, que é a luta feminista: gritamos muito pra ocupar nossos lugares e hoje finalmente é possível ver mais mulheres nos palcos, ainda que em quantidade muito pequena e não condizente com a proporção de nossa população (mulheres são mais de 50% da população brasileira, mas os palcos brasileiros não chegam

nem perto dessa proporção). Lembrar que SEMPRE ESTIVEMOS AQUI nos faz evocar Ivone Lara, Tia Amélia, Clementina de Jesus e tantas outras que têm contribuição de extrema importância para a cultura brasileira mas que tiveram seus nomes apagados da história. Precisavam muitas vezes apresentar suas composições como se fosse de outra pessoa (um homem) para que elas fossem ouvidas e consideradas. NÓS SEMPRE ESTIVEMOS AQUI mas nem sempre nossas ideias tiveram espaço, nem sempre fomos ou somos consideradas. Nossa ausência nos espaços não é pela falta de mulheres absolutamente capazes para ocupá-los, mas pela estratégia patriarcal de apagar nossos nomes. 

18. Como foi trabalhar com a equipe da minissérie, desde a direção de cinematografia até a edição e animações? 

Produzir a série foi um desafio porque o audiovisual não é minha área, foge um pouco da minha experiência. Esbarrei em conceitos e processos desconhecidos que fui aprendendo ao longo do caminho. Essa diferença de áreas gerava entendimentos por vezes divergentes que acabavam dificultando a comunicação. Porém a maioria das pessoas envolvidas na série são amigos de longa data, pessoas com as quais me formei artista e com quem já trabalhei junto em outras ocasiões, o que me deixa confortável para propor ideias. 

19. O financiamento pela Prefeitura de Mogi das Cruzes foi um diferencial para a concretização do projeto? 

Com certeza. A série só foi produzida porque havia recursos para financiá-la. Eu sozinha não teria condições financeiras de bancar um projeto desse porte. As políticas culturais têm extrema importância para o acesso à cultura tanto pelos artistas quanto pelo público: o financiamento pelo poder público de projetos como esse garantem remuneração aos profissionais e aquisição de equipamentos necessários para a produção e isso faz com que a concretização desses projetos seja possível, gerando material para ser consumido pelo público. Quando não há financiamento, das duas uma: ou o projeto simplesmente não acontece por falta de verba, ou se torna inacessível ao público porque este se torna o financiador do projeto, uma vez que o artista precisa dar conta de pagar todas as despesas que o projeto gera, o que faz com que os preços de ingressos fique muito alto.