A Importância da Representatividade Negra nas Artes Visuais: Boogie Week 2023

Dialogando sobre Autoimagem e Afirmação Racial
Na última terça-feira (21/11), o Museu Afro Brasil Emanoel Araujo foi palco da mesa “Janelas e Espelhos: Representatividade nas Artes Visuais e na Construção da Autoimagem”. Este encontro, parte integrante da Boogie Week, destacou a relevância das artes visuais na afirmação racial e no desenvolvimento do senso de pertencimento.
Maxwell Alexandre e a Liberdade Artística
Maxwell Alexandre, artista contemporâneo brasileiro, premiado pelo Deutsche Bank em 2020, compartilhou sua perspectiva sobre representatividade. Discordando do rótulo de “representante”, ele enfatizou a preferência pela liberdade artística. Para Maxwell, a manifestação é mais abrangente, enquanto a representação o coloca em um contexto político, algo que ele busca renegar.
A Armadilha da Representatividade por Manuela Navas
A artista visual Manuela Navas, especialista em retratar vivências através da pintura a óleo, concordou que a representatividade pode ser uma armadilha. Argumentou que um único artista negro não pode representar toda a diversidade da produção artística negra. Para Navas, cada artista escreve suas próprias histórias, e a representação pode limitar essa individualidade.
Desafios do Artista por Novíssimo Edgar
Novíssimo Edgar destacou os desafios enfrentados pelos artistas, lidando não apenas com suas próprias questões, mas também com a pressão de falar por outras pessoas. Ele expressou a constante preocupação em não errar, uma carga que sente devido à sua cor, local de residência e idade.
O Mercado de Artes e a Questão da Colonialidade
Diego Mouro compartilhou insights sobre o mercado de arte, abordando a questão da colonialidade e do ativismo. Ele enfatizou a necessidade de estratégias para evitar a colonização no processo de venda. Diego ressaltou que o ativismo muitas vezes recai sobre os artistas, não sobre os compradores.
O Trabalho Artístico como Ofício
Os artistas concordaram sobre a dualidade de gostar do desafio de ser uma pessoa negra produzindo arte no Brasil. Enfatizaram a importância de não se render ao que o mercado deseja. Manuela Navas defendeu que o trabalho artístico deve ser encarado como qualquer outro trabalho, retirando-o do pedestal e aproximando-o da realidade.
Boogie Week e a Celebração da Cultura Negra
A Boogie Week, idealizada por Eliane Dias, CEO da Boogie Naipe, surgiu em 2016 como resposta à necessidade de um festival temático da cultura negra em São Paulo. A edição de 2023, em parceria com o Museu Afro Brasil Emanoel Araujo, destaca pertencimento, acolhimento e celebração do passado, presente e futuro.
Criando Novas Memórias com Eliane Dias
Eliane Dias expressa o desejo de criar um espaço onde a cor negra não seja associada apenas à dor e resistência, mas também à criação de novas memórias com sorrisos. O festival conta com patrocínios da ONErpm e Budweiser, apoios da Secretaria Municipal de Cultura, Urbia, iFood, Jeep-Dahruj, Eletromidia e Sympla.
Conclusão e Continuidade da Boogie Week
Ao encerrar a mesa, os artistas responderam a perguntas do público, abordando seus processos criativos, perspectivas sobre o mercado artístico no exterior e experiências pessoais na arte. A Boogie Week continua sua programação até 25 de novembro, trazendo debates e shows com artistas renomados, destacando a riqueza da cultura negra.