Premiado grupo de Brasília, que investiga diferentes possibilidades de composição da cena teatral,propõe nova leitura de um dos autores de maior originalidade e profundidade do teatro mundial.
Projeto leva textos eruditos ao público das regiões administrativas do DF,
privilegiando o trabalho com a voz frente aos outros recursos teatrais.
O projeto “Atos de Leitura” compartilha os resultados de uma residência artística com o
renomado diretor Marcio Abreu, vencedor do Prêmio Shell de Melhor Dramaturgia 2023.
Apresentações acontecem nos dias 22 e 23 de abril, no Teatro Sesc Newton Rossi, em Ceilândia; e
6 e 7 de maio, no Complexo Cultural Samambaia.
Para a comemoração dos seus 20 anos de atividade, o Teatro do Concreto, premiado coletivo de Brasília, propõe um encontro inusitado com a prosa erudita de Samuel Beckett (1906-1989). O grupo, que investiga novas possibilidades de composição da cena teatral, apresenta trechos dos primeiros romances e peças de um dos autores de maior profundidade do teatro mundial. Para o ousado projeto, que privilegia a voz em detrimento da visualidade, o grupo convidou o diretor Marcio Abreu, integrante da Companhia Brasileira (PR) – vencedor este ano do Prêmio Shell de Melhor Dramaturgia.
Com patrocínio do Fundo de Apoio à Cultura do Distrito Federal, os Atos de Leitura acontecem nos dias 22 e 23 de abril, no Teatro SESC Newton Rossi, de Ceilândia; e 6 e 7 de maio, no Complexo Cultural Samambaia. O projeto inclui também ações de acessibilidade: uma apresentação traduzida para libras e uma visita tátil de um grupo de deficientes visuais em cada cidade. As atrizes Gleide Firmino e Micheli Santini protagonizam as leituras. Todas as atividades são gratuitas.
Criado em 2003, o Teatro do Concreto já estreou nove espetáculos, recebendo diversos prêmios por seu trabalho de investigação da cena no espaço urbano, pela relação com as práticas da performance e pela busca por diferentes modos de engajar o espectador. Os Atos de Leitura são o resultado de um processo de pesquisa e residência artística com o aclamado diretor Márcio Abreu. “A ideia era buscar um teatro que passasse mais pela palavra do que pelos outros recursos de cena”, explica Glauber Coradesqui, integrante da equipe. Para o desafio, o grupo escolheu Beckett, um dos pais do “teatro do absurdo”, especificamente alguns de seus textos menos conhecidos. “Agora vamos propor essa experiência ao público de duas regiões administrativas do DF. Queremos articular a obra de um autor erudito, impenetrável, com o dia a dia das pessoas”, diz ele.
Segundo Glauber, no projeto, as atrizes foram instigadas a investigar a radicalidade da palavra como elemento de composição da cena. “Foi um universo de descobertas. Passamos a pensar novas formas de criar e enxergar o fazer de atriz desde um outro ponto de vista”, explica Gleide Firmino. “O teatro ao longo do século XX favoreceu muito a imagem, vivemos um século de um teatro multi-imagético. Essa é uma tentativa de escapar dos efeitos da encenação. Tentamos desconstruir tudo o que desse a ideia de algo muito encenado, muito montado”, diz ele. “Há ainda o aspecto político da obra de Beckett. A relação com a extinção – de línguas, de espécies, de discursos – e com o fracasso, a tristeza, a inação, com o deserto existencial que a obra dele apresenta faz parte do interesse do grupo”, conclui Glauber.
Para o diretor Márcio Abreu, “o projeto é antes de tudo uma investigação sobre como cada pessoa pode ler o mundo. A ideia não é de criação de uma peça de teatro ou de um espetáculo, mas sim de realizar um processo contínuo daquilo que nomeamos de “atos de leitura”. Queremos formar um arquivo com um conjunto diverso de performances nas quais a ação de ler textos, paisagens, objetos, acontecimentos e memórias ao longo do tempo vão compondo um arquivo sensível e plural que pode ser compartilhado com o público de diversas formas e em diversos espaços, físicos e virtuais”.
TEATRO DO CONCRETO
Fundado em 2003, é um grupo de Brasília que reúne artistas interessados em dialogar com a cidade e seus significados simbólico e real por meio da criação cênica. Assume, desde sua origem, a diversidade e a pesquisa como princípios de gestão e composição artística, mobilizando criadores de diversas regiões do Distrito Federal e aprofundando a interação com diferentes artistas e áreas do conhecimento. Suas criações se orientam pela perspectiva do processo colaborativo e se caracterizam, principalmente, pela elaboração de uma dramaturgia própria, pela radicalização no uso de depoimentos pessoais, pela investigação da cena no espaço urbano, pela relação com as práticas da performance e pela busca por diferentes modos de engajar o espectador.
Ao longo de sua trajetória, o grupo estreou nove espetáculos e intervenções cênicas, publicou três obras de referência no campo da pesquisa teatral e realizou diversos projetos de interação com a comunidade os quais extrapolam a dimensão dos palcos, consolidando-se como referência para o teatro de grupo na região Centro-Oeste. Ganhou projeção nacional com a circulação dos espetáculos “Diário do Maldito” (2006) – que recebeu o Prêmio SESC do Teatro Candango nas categorias Melhor Atriz e Melhor Cenografia – e “Entrepartidas” (2010) – que recebeu o Prêmio SESC do Teatro Candango nas categorias Melhor Espetáculo, Melhor Direção, Melhor Ator e Melhor Dramaturgia, e integrou a curadoria do SESC Palco Giratório 2018. Em seu repertório atual estão “Festa de Inauguração” (2019) e “Se eu falo é porque você está aí” (2020).
Site: https://www.teatrodoconcreto.com.br/
MARCIO ABREU
Dramaturgo, encenador e ator. Criou e integra a Companhia Brasileira de Teatro. Realiza ações de intercâmbio com artistas do Brasil e da França. Entre seus trabalhos recentes estão Vida (2010), pelo qual recebeu os prêmios Troféu Gralha Azul de melhor texto e direção; Oxigênio (2010), de Ivan Viripaev; Isso te interessa? (2011), de Noëlle Renaude, que lhe rendeu, em 2012, os prêmios APCA e Bravo! de melhor espetáculo do ano, e Questão de Crítica de melhor direção; Esta Criança (2012), do francês Joël Pommerat, pelo qual recebeu o prêmio Shell de melhor direção; Nômades (2014); e Krum (2015), de Hanoch Levin, que lhe rendeu os prêmios Shell 2015, Cesgranrio 2015 e Questão de Crítica 2015 de melhor direção. Em 2012, escreveu uma versão de Os três porquinhos para a Comedie Française e foi coautor de A história do rock por Raphaelle Bouchard, com a Compagnie Jakart, com a qual também colaborou em Nus, ferozes e antropófagos. Foi nomeado pela Folha de S.Paulo como personalidade de teatro do ano, em 2012.
FICHA TÉCNICA
Compartilhamento das performances que integram o arquivo vivo do projeto de pesquisa Expedição Beckett.
Criação: Gleide Firmino e Micheli Santini
Orientação: Márcio Abreu e Glauber Coradesqui
Criação sonora: Felipe Storino
Direção técnica: Rodrigo Fischer
Programação visual: Gabriel Menezes / Molde
Fotografia: Thiago Sabino
Vídeo: Joy Ballard
Assessoria de imprensa: Júnia Azevedo – Escrita Comunicação
Assistente de produção: Deni Moreira
Produção executiva: Júnior Cecon
Patrocínio: Fundo de Apoio à Cultura do Distrito Federal
SERVIÇO
Teatro do Concreto – Atos de Leitura
Atrizes: Gleide Firmino e Micheli Santini
Entrada franca
Classificação etária: 12 anos
Site: https://www.teatrodoconcreto.com.br/
Insta: @teatrodoconcreto
Ceilândia
Dias: 22 e 23 de abril, sábado e domingo
Horários: 17h e 20h
Local: Teatro Sesc Newton Rossi
End.: QNN 27 Área Especial Lote B, Ceilândia Norte, Brasília – DF
Samambaia
Dias: 6 e 7 de maio, sábado e domingo
Horários: 16h e 19h
Local: Complexo Cultural Samambaia
End.: Quadra 301 – Conjunto 05 – Lote 01 – Samambaia – DF (próximo à agência dos Correios e à Agência do Trabalhador)
As apresentações do primeiro horário de sábado contam com recursos de acessibilidade: tradução em Libras e visita tátil guiada.