#8M – No dia 8 de março, o VULCÃO [criação e pesquisa cênica] apresenta o poema cênico musical virtual Rosa Choque seguida de conversa sobre ações contra o silenciamento das vozes femininas

Com dramaturgia de Dione Carlos e direção de Vanessa Bruno, a obra Rosa Choque mescla a história da ativista Malala Yousafzai com a batalha das estudantes secundaristas que ocuparam escolas no Brasil em 2015 e coloca em destaque a luta das mulheres pela educação.

Rosa Choque defende uma educação feminista | Crédito: colagem de Isabel Wilker

Arte é resistência? Ou resistir também é uma forma do fazer artístico? Ou Quantas Malalas estão entre nós? Questões como essas perpassam “Rosa Choque”, um poema cênico musical virtual concebido e dirigido por Vanessa Bruno a partir da dramaturgia de Dione Carlos. A obra explora a luta mais recente das mulheres brasileiras pelo direito à educação.

A obra será exibida gratuitamente no dia 8 de março, às 20h – Dia internacional das mulheres #8M – no canal do Youtube da produtora Corpo Rastreado, seguida por uma live com a dramaturga e diretora abordando o tema “Ações contra o silenciamento das vozes femininas”. 

Rosa Choque mescla a história da ativista paquistanesa Malala Yousafzai com a vida das estudantes secundaristas brasileiras que impediram o fechamento de 92 escolas estaduais em 2015. Na ocasião, mais de 200 instituições de ensino em São Paulo permaneceram ocupadas como uma forma de protesto contra essa medida. 

Malala teve um papel de destaque na defesa dos direitos das mulheres pelo acesso à educação. Em 2012,  quatro anos depois dela ter criado o blog “Diário de uma Estudante Paquistanesa” para escrever sobre seu amor pelos estudos e as dificuldades vividas no país, ela foi baleada ao voltar da escola e ficou em coma por três meses. Na época, ela tinha apenas 15 anos e os talibãs impediam as jovens de frequentarem instituições de ensino na região do vale do Swat. Algum tempo depois, no Brasil estudantes, juntos da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes), a maior entidade de representação estudantil para o ensino médio, protestavam contra a reestruturação do sistema educacional estadual declarada pelo governo, que pretendia fechar 92 escolas e transferir mais de 300 mil alunos da rede pública.

A reflexão sobre como a história do Paquistão e sua transformação violenta baseada na ideia de teocracia estabelece paralelos com a história recente no Brasil foi o disparador para a construção textual da dramaturga Dione Carlos, pensado originalmente para o palco presencial. Ela partiu de três biografias disponíveis sobre Malala Yousafzai e documentários sobre o evento político histórico do movimento secundarista no Brasil para criação das suas duas personagens Malala e (A). 

Ação conjunta em meio a pandemia

Ensaiado e gravado de forma completamente remota durante o ano de 2020, como um modo de resistir à imposição de novos desafios impostos pelo COVID-19,  o trabalho é formado por equipe composta exclusivamente por mulheres. Conta com a figura de Malala trazida por Rita Grillo, e as estudante secundaristas brasileiras representadas por um coro de atrizes: Alice Quintiliano, Bia Miranda, Gabriela Rocha, Letícia Calvosa, Lilian Regina, Lisi Andrade, Livia Vilela, Luisa Coelho e Monalisa Silva

Vanessa Bruno tem como motor central e determinante de sua pesquisa o trabalho com intérpretes e, para a construção de Rosa Choque, convertendo as funcionalidades da plataforma zoom em campo de criação estética, pediu para que as atrizes gravaram propostas cênicas às suas perguntas com os próprios celulares, além dos ensaios, por vezes coletivos por vezes individuais. A direção se concentrou no depoimento das atrizes e na sonoridade a partir do texto. Foi importante para concretizar o poema cênico musical encontrar o trânsito entre o cantar e o falar. Depois, junto às editoras, se dedicou a um trabalho minucioso de montagem, que também conta com colagens de Isabel Wilker. 

Inspiração importante para o trabalho é a linguagem do slam, movimento de literatura e resistência que ganhou força no Brasil a partir de 2017. Isso significa que a palavra ganha musicalidade na obra, fazendo referência direta ao cordel e ao rap, como é comum em um slam. Dessa forma, cria-se uma memória coletiva sobre formas resistentes de expressão popular. 

Para a diretora Vanessa Bruno interessava a provocação: quantas Malalas estão entre nós? “Tanto Malala quanto as estudantes secundaristas são verdadeiras heroínas reais personificadas. Assim quis trazer muitas vozes femininas para materializar essa figura do texto, evidenciando as jovens mulheres como uma voz pública – e política – a ser ouvida e que tem o que dizer. Por isso, gostaria que esse trabalho chegasse a um público amplo  e, certamente, a educadores e estudantes de ensino médio”.

SINOPSE

Produzido de forma completamente independente e remota durante o ano de 2020, Rosa Choque traz relações entre a ativista paquistanesa Malala Yousafzai e as estudantes secundaristas que ocuparam as escolas de todo o país em 2015 – ou, quantas Malalas estão entre nós?

FICHA TÉCNICA 

Dramaturgia: Dione Carlos

Concepção e direção: Vanessa Bruno

Elenco: Alice Quintiliano, Bia Miranda, Gabriela Rocha, Letícia Calvosa, Lilian Regina, Lisi Andrade, Livia Vilela, Luisa Coelho, Monalisa Silva e Rita Grillo 

Assistente de direção: Elisa Volpatto

Preparação vocal e finalização sonora: Joana Duah

Colagens: Isabel Wilker

Edição e finalização: Thaís Fernandes e Joana Bernardes

Finalização e mixagem de som: Naira Marcatto

Consultoria slam: Luiza Romão

Produção:  Corpo Rastreado

Realização: VULCÃO [criação e pesquisa cênica]

Projeto selecionado pelo PROAC – plataforma #CULTURAEMCASA para realizar licenciamento sem exclusividade 

Sobre o VULCÃO [criação e pesquisa cênica] 

Com o objetivo de colocar para fora o que ferve por dentro, o VULCÃO [criação e pesquisa cênica] desenvolve espetáculos e ações aproximando diferentes linguagens, dança, teatro, literatura e vídeo e vê como motor catalisador – principal e determinante – o trabalho da/o intérprete, agente de seu tempo, que desdobra em cena a vida em suas pluralidades. O VULCÃO tem desenvolvido projetos de investigação teatral a partir do deslocamento da literatura para a cena e da dramaturgia contemporânea de mulheres. Debruçando sobre o tema do espaço social da mulher, realizou obras a partir de grandes autoras como Clarice Lispector, Sylvia Plath, Marguerite Duras, Virginia Woolf e, também da dramaturga Dione Carlos.

Em sua trajetória, esteve como residente artístico do Programa Obras em Construção da Casa das Caldeiras, promoveu treinamento para artistas, desenvolveu atividades reflexivas como o jantar-pensamento R U M I N A R e abriu diálogo logo após suas apresentações com o VULCÃO [Conversa]. Os espetáculos criados fizeram diversas temporadas na cidade de São Paulo e em São Caetano do Sul, Porto Alegre, Recife e Rio de Janeiro. Temporadas e encontros virtuais permitiram extrapolar fronteiras mais distantes. Desde 2018, estabelece parceria com a produtora CORPO RASTREADO. 

O VULCÃO [criação e pesquisa cênica] recebeu o prêmio incentivo Lei Aldir Blanc de apoio à cultura que possibilitou uma série de ações transmitidas on-line em 2021. Em 2022 foi contemplado em primeiro lugar com o 15a. Prêmio Zé Renato – Secretaria Municipal de Cultura para o projeto de circulação integrada ÁGUAS do MUNDO e BRINCAR de PENSAR e foi selecionado pelo PROAC na plataforma #CULTURAEMCASA para realizar licenciamento sem exclusividade do espetáculo Rosa Choque.

SERVIÇO
Rosa Choque – poema cênico musical virtual, seguida de conversa sobre ações contra o silenciamento das vozes femininas entre a dramaturga Dione Carlos e a diretora Vanessa Bruno  – #8M – 8 de março, às 20h
Onde assistir: no canal do Youtube da produtora Corpo Rastreado: https://www.youtube.com/@corporastreado
Grátis
Duração: 80 minutos | Classificação: 12 anos