Entrevista: New Balanço

“Segue o Baile” é o álbum de estreia de vocês e chega como uma celebração da cultura preta. Como vocês definem, em conjunto, o significado desse disco para a identidade do grupo?

– Resposta: Você definiu bem, é uma celebração para cultura é um momento muito importante para nós. A música é cíclica mas nosso objetivo além de levantar a bandeira do samba rock é se consolidar como referência mas como uma roupagem jovem.

O álbum mistura samba-rock, rap, jazz e música instrumental. Como essa fusão sonora se tornou marca registrada do New Balanço?

– Resposta:   A fusão sonora do New Balanço nasce de forma natural, a partir da vivência e das referências de cada integrante. O samba-rock é a base, o chão onde tudo acontece, mas o rap, o jazz e a música instrumental sempre estiveram presentes na nossa formação, seja nas escutas, nos bailes, nas rodas de música ou no estúdio.
O rap entra como linguagem e identidade urbana, trazendo discurso, vivência e atitude. O jazz aparece na liberdade dos arranjos, nos improvisos e na forma de pensar a música ao vivo. Já a música instrumental amplia o espaço da dança, do groove e da conexão do corpo com o som. Essa mistura não foi pensada como conceito fechado, ela foi se construindo ao longo do tempo, nos encontros, nas jams, nos palcos e nas gravações.
Com o tempo, essa fusão virou marca registrada porque representa exatamente quem somos: um projeto que respeita a tradição, mas não abre mão de dialogar com o presente e apontar caminhos para o futuro da música brasileira.


As trajetórias individuais de vocês se cruzam de maneiras diferentes. Em que momento perceberam que havia unidade suficiente para se tornarem um grupo?

– Resposta: O início da junção de talentos se deu devido a convivência com a VPF Music, que é nossa gravadora onde proporcionou inicialmente o encontro com Soul Jotta e posteriormente o André Serrano. A Fe Constantino, esposa do produtor e proprietário da VPF Music Master Pe, se junta ao time trazendo toda delicadeza e potência vocal e logo depois se juntam a banda Dessa Lima e Vini Padulleti a convite do André Serrano, ai afinidade musical e vontade de dar certo fez toda diferença e mostra o que a banda é hoje.  

“Deus Abençoe” abre o álbum com força e espiritualidade. Por que essa faixa foi escolhida para iniciar a narrativa do disco?

– Resposta: O nosso manager Anderson Figueiredo viu com bons olhos já que não faria sentido este nome se encaixar em qualquer outro lugar senão no primeiro. É literalmente um pedido para Deus estar a frente abençoando nossa caminhada.

“Francesa” e “Groove011” trazem histórias reais vividas pelos integrantes. Como transformar vivências pessoais em canções coletivas?

– Resposta: Quando sentamos para criar temos um cuidado grande com as composições e arranjos, nesse cuidado buscamos trazer experiências reais e originalidade, pois acreditamos que assim as pessoas podem se identificar mais. O Soul Jotta em 2007 fez uma turnê internacional na Europa e em passagem pela França viveu momentos especiais (romance rs)  e traduziu canções. Já no Brasil em em 2024 Groove011 (Itinerário Zona Sul é o nome correto da canção) o nosso poeta traduziu uma nova história vivida e trouxe uma bela música que já virou “HIT” nas pistas, essa aqui tivemos a honra da participação da mestra Silvanny “Sivuca” nas percussões. Essa música está linda por sinal!

“Ela Dança” e “Quando Ela Passa” destacam o protagonismo feminino. Como vocês enxergam a importância dessas homenagens no contexto do samba-rock atual?

Resposta: Vivemos em uma sociedade que já não cabe mais o machismo, a ignorância e desvalorização da mulher. Para nós é uma missão o respeito em geral e principalmente na pista. Fazer com o que a mulher sinta-se à vontade e respeitada é muito importante para nós que temos duas mulheres incríveis na banda. As duas com participação ativa e protagonismo, pois para nós isso é essencial.

Há duas faixas instrumentais — “Encanto” e “Magia”. Qual o papel da música instrumental dentro do universo criativo do grupo?

A música instrumental tem muita relevância e buscamos também este protagonismo, já que a banda  é feita de integrantes totalmente participativos de excelentes músicos que carregam consigo muita bagagem.

O álbum traz participações importantes, como Graça Cunha, Vulto, Sivuca e Matteus Machado. Como essas colaborações influenciaram o resultado final?

– Resposta:   Todas as participações foram essenciais para a grandiosidade deste projeto. Primeiramente tivemos a participação do Gabhu ex Raça Negra que veio com a música “Como é Que Pode”, depois a Graça Cunha abrilhantou ainda mais com a música “Ela Dança” e também na música “Me Leva” juntamente com a Fe Constantino. “Silmara” ficou por conta de André Mota, “Quando Ela Passa” foi com a participação de Vulto e Mateus Machado,  “Itinerário Zona Sul” (Groove011) participação especial de Silvanny “Sivuca” nas percussões e finalizamos com o Projeto Bem na música “Deus Abençoe” na bateria de escola de samba.

O disco foi gravado, mixado e masterizado na VPF Music, estúdio do Master Pe. Como esse ambiente moldou a estética e a energia do projeto?

– Resposta:   A VPF Music é um estúdio com a vibe muito leve, o que proporciona a criatividade genuína. O Master Pe trouxe toda sua experiência de 30 anos de carreira musical e 15 anos só de estúdio para o projeto. Todos os integrantes trouxeram suas experiências e o Master Pe fez a mágica acontecer.


O New Balanço fala muito sobre movimento, memória e identidade coletiva. De que forma o grupo entende esses três pilares na prática?

– Resposta:   O samba rock não seria o que é sem a dança o que já traz uma união perfeita para o movimento. Temos o cuidado de manter a essência do que já foi criado, mas sabendo que estamos dando a continuidade, e falar com a juventude faz total sentido para o nosso som, então o conjunto de tudo isso naturalmente nos mostra o que é o “New Balanço”.

O samba-rock sempre foi um gênero de resistência, alegria e malandragem. O que significa “seguir o baile” no Brasil de hoje?

– Resposta:   Seguir o Baile é não deixar as dificuldades nos paralisar. É ergue a cabeça mesmo em meio a tudo isso sabendo que somos nós por nós mesmo.
Não devemos esperar nada de quem não tem nada para acrescentar, nos apoiamos com os nossos e “seguimos o baile”.

Para encerrar: após esse lançamento, o que o público pode esperar — novos shows, turnê, clipes, colaborações ou novos desdobramentos criativos?

– Resposta:   Estamos planejando para o próximo ano um visualizer recheado do que o New Balanço tem a oferecer. Muita alegria, groove e dança.
Cada detalhe está sendo pensado para entregarmos um material contagiante, por hora não podemos dar detalhes, mas aconselho ficarem de olho e acompanhar o New Balanço em todas redes e plataformas.

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