MPB4 lança primeiro single do álbum comemorativo de seus 60 anos de carreira
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“Angélica”, parceria de Miltinho com Chico Buarque, chega às plataformas digitais no próximo dia 17
O álbum comemorativo de 60 anos de carreira do MPB4 começa a ser revelado no próximo dia 17, quando será lançado, pela Biscoito Fino, o primeiro single desse trabalho, dedicado ao Quarteto em Cy. Não à toa, a primeira música pinçada do álbum é “Angélica”, gravada originalmente, em 1978, pelo quarteto formado, à época, por Cynara, Cyva, Dorinha e Sônia. Além do mais, “Angélica” é a única parceria de Chico Buarque com um integrante do MPB4.
“Eu me sinto muito honrado com a presença do Chico no nosso álbum, ainda mais porque ele pediu para gravar nossa música”, exalta Miltinho, que entregou a melodia para Chico botar letra nos idos anos 1970.
Aquiles, Miltinho, Dalmo Medeiros e Paulo Malaguti Pauleira encontraram Chico Buarque no estúdio da Biscoito Fino para gravar, juntos pela primeira vez, “Angélica” (faça o pré-save aqui: https://orcd.co/angelicampb4chicobuarque). De cara, Chico percebeu que faltava um trecho da letra que ele havia feito inspirado na luta da estilista de moda Zuzu Angel (1921-1976) para encontrar os assassinos do filho Stuart Angel
- Cadê o sino?
- Que sino?
- Tá faltando a parte da letra que fala no sino.
Os integrantes do MPB4 foram checar, e Chico estava certo. “Não fizemos o dever de casa direito”, brincou Aquiles. Incluído o trecho esquecido – “Quem é essa mulher que canta como dobra um sino?” –, foi só começar a gravação em clima de velhos amigos cheios de histórias para recordar. E são muitas desde os tempos de TV Record, futebol, viagens e divertidos brainstorms para criarem espetáculos que conseguissem driblar a censura.
Chico lembra que foi natural a identificação entre ele e o grupo, cujos integrantes militavam em movimentos estudantis. A incipiente obra de Chico já tinha cunho político-social, e não demorou para “Roda viva” uni-los num festival.
Aliás, a própria canção “Angélica” é uma canção política. Depois de tentar, durante cinco anos, encontrar os assassinos do filho, ela mesma foi vítima da ditadura. Inclusive, Zuzu tinha revelado para Chico que estava sendo ameaçada e que, caso morresse, os assassinos seriam aqueles que haviam tirado a vida de Stuart Angel.
Então, “Angélica” é uma música carregada de história, de histórias. Depois que o Quarteto em Cy lançou a canção, o MPB4 resolveu gravá-la no LP “Bons tempos, hein?”, de 1979. Chico só gravaria em 1981, no álbum “Almanaque”. Os anos de chumbo chegavam ao fim, mas os cinco sempre estiveram atentos a qualquer ameaça à democracia. E, se não estiveram mais juntos nos palcos, sempre estiveram juntos na luta. E agora no estúdio.
Salve Chico Buarque! Salve MPB4! Salve a música brasileira!