Entrevista: Rebeca, cantora e compositora

Entrevista: Rebeca, cantora e compositora

1. Rebeca, você mencionou que durante a produção do álbum “Espiral”, houve uma evolução significativa no conceito das músicas. Pode nos contar mais sobre essa evolução e como ela reflete sua jornada pessoal e artística?

Acredito que a diferença entre os outros projetos é que em Espiral eu tomei mais frente nas composições, e dessa forma, eu tive mais noção sobre qual direção sonora fazia mais sentido pra essas músicas, o que eu estava querendo comunicar. 

 2. O álbum “Espiral” traz influências de diversos artistas que você admira, como Joni Mitchell, Lana Del Rey e Bjork. Como essas influências se manifestam em sua música e como você as incorpora de forma única em seu trabalho?

Eu ouço tanto essas artistas que inconscientemente as influências se manifestam na hora de compor uma canção, mas acho que na hora que a gente vai escrever alguma coisa, as referências são uma soma de tudo que a gente já ouviu também, não faço isso com uma finalidade estabelecida. Na hora de produzir, as referências são mais objetivas. Em “Concha”, por exemplo, a gente usou uma música da Bjork pra direcionar a intenção. 

3. Sabemos que o processo de criação artística pode ser bastante desafiador. Durante a produção de “Espiral”, quais foram os maiores desafios que você enfrentou e como conseguiu superá-los?

Desafios práticos: Além da pandemia, os maiores desafios foram a produção à distância em fusos horários diferentes e a falta de orçamento no início, o que sempre faz o processo ficar lento. Depois que assinei com a Deck consegui dar prosseguimento ao projeto com um ritmo mais constante. Outro desafio foi encontrar um estilo de escrita e entender como eu me sentia na época, levou tempo também. 

4. Uma das características marcantes do álbum é a sonoridade confessional e a ênfase na voz como elemento principal de expressão. Como você trabalha essa relação entre letra e melodia para transmitir os sentimentos retratados em suas composições?

É um processo intuitivo. 

5. A capa do álbum foi inspirada no clipe da música “Cada Amor”. Pode nos contar mais sobre o processo criativo por trás dessa capa e como ela representa a essência do disco?

Pensei no azul escuro do céu para retratar esse sentimento inicial do álbum, de melancolia e frustração. Por se tratar de um registro a respeito de transições, quis abordar o fim da noite, um ambiente escuro, caminhando para um ambiente com mais claridade. A flor queimando representa as dores sentidas no caminho, que de alguma forma, ao queimarem, iluminaram o meu caminho até “Telepatia”, faixa final do álbum. 

6. Cada faixa do álbum parece contar uma história única. Como foi o processo de seleção das músicas e a ordem em que elas foram dispostas no álbum? Existe uma narrativa específica que você quis transmitir ao público?

A posição das faixas é quase toda cronológica. Os mesmos sentimentos podem ser abordados através de diferentes ângulos e cada faixa representa uma fase diferente do momento daquela época, sobre como eu me sentia. 

7. Você mencionou que a faixa “Foge de Casa” foi composta durante o lockdown. Como esse período de isolamento social influenciou sua criatividade e o processo de composição do álbum como um todo?

Foi um momento para encarar muita coisa que eu ainda não tinha visto em mim. Ao mesmo tempo, tive um espaço para estudar e aperfeiçoar minha expressão escrita. De qualquer forma, o sentimento de solidão e confusão habita bastante as primeiras faixas do álbum. 

8. O álbum traz colaborações com outros artistas, como Lio e Nina Fernandes. Como foi trabalhar com esses artistas e de que forma suas contribuições enriqueceram as músicas?

A presença tanto da Lio quanto da Nina veio da minha vontade de colaborar com artistas mulheres, cantoras compositoras que eu sentia que faziam sentido dentro do universo de Espiral. Em Concha, a Lio complementou um arranjo vocal divino e acrescentou o trecho final na letra. Há tempos que conheço a Lio e há tempos não nos falávamos, mas quando nos reencontramos foi como se esse tempo não tivesse passado. Admiro muito o trabalho dela e o sentimento que ela coloca nas músicas. Como ela está apta pra falar de sentimentos difíceis e transbordar. Em Flecha, convidei a Nina Fernandes, que é uma compositora de mão cheia e tem um jeito específico de narrar suas histórias. Assisti alguns shows da Nina em São Paulo, me emocionei e me identifiquei muito com suas canções, via que ela falava sobre o que eu sentia também sabe? O encontro foi muito fluido e ela se entregou no dia de gravação, foi super especial. 

9. Além das influências musicais, você também mencionou referências visuais e cinematográficas em algumas faixas. Como essas referências se integram ao universo sonoro de “Espiral” e como elas complementam a experiência do ouvinte?

A parceria com Ju Colinas para fazer os clipes desse álbum trouxe uma unidade bem concisa pro universo de Espiral. O trabalho dela sempre mostrou uma sensibilidade a mais que me instiga, o jeito que ela retrata a melancolia principalmente, seus tons de azul, tudo fez sentido para que Espiral se expandisse visualmente através dessa lente. 

10. Para encerrar, qual mensagem você gostaria de transmitir aos seus fãs e aos novos ouvintes que estão descobrindo seu trabalho através do álbum “Espiral”?

Espiral é um álbum que me permitiu ser vulnerável e aceitar momentos difíceis. Me fez ter noção de que tudo passa, mesmo que no momento presente não pareça. 

marramaqueadmin

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