Peça de Teatro ‘Jacinta’ Honra a Memória da Mulher Negra com História Impactante

Peça de Teatro ‘Jacinta’ Honra a Memória da Mulher Negra com História Impactante

Jacinta: Uma História Resgatada do Esquecimento

Na virada do século 20, uma tragédia silenciosa ocorria nas ruas da capital paulista. Jacinta Maria de Santana, uma mulher negra sem ocupação fixa, faleceu nas ruas de São Paulo e seu destino tomou um rumo terrível. Seu corpo, em vez de ser devidamente sepultado, foi submetido a uma experiência macabra. Durante três longas décadas, Jacinta foi exibida como uma curiosidade científica na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, onde se tornou alvo de trotes estudantis e permaneceu esquecida pelo mundo.

Uma Peça para Honrar a Memória de Jacinta

A Cia do Pássaro está determinada a resgatar a memória de Jacinta e denunciar o apagamento histórico que afeta a população negra brasileira. Para cumprir essa missão, a companhia estreia a emocionante peça “Jacinta – Você Só Morre Quando Dizem Seu Nome Pela Última Vez”. A produção, dirigida por Dawton Abranches, lança luz sobre a história de Jacinta Maria de Santana e sua trágica jornada após a morte.

A Peça e a “Trilogia do Resgate”

“Jacinta” é a segunda parte do projeto “Trilogia do Resgate” da Companhia do Pássaro. O objetivo desse projeto ambicioso é trazer de volta à vida figuras históricas que foram esquecidas ou apagadas da narrativa brasileira. A primeira parte da trilogia, “Baquaqua – Documento Dramático Extraordinário”, contou a história de Mahommah Gardo Baquaqua, um ex-escravizado que passou pelo Brasil no século 19.

A peça busca não apenas resgatar essas figuras do esquecimento, mas também devolver-lhes a humanidade que lhes foi negada. Jacinta, que foi reduzida a uma mera curiosidade científica, representa as atrocidades impingidas às mulheres negras ao longo da história, relegadas a papéis de subserviência, exotismo e exclusão social.

Uma Narrativa Poética e Impactante

“Jacinta” não se limita apenas à história de sua protagonista. A peça também explora temas mais amplos da sociedade brasileira, como a corrente eugênica que ganhou força no século 20 e o apoio de alguns alunos e ex-alunos da Faculdade de Direito do Largo São Francisco ao impeachment de Dilma Rousseff. A narrativa, construída de forma poética, mergulha no universo do teatro popular, proporcionando momentos de alívio cômico sem perder a seriedade do tema.

Uma Experiência Visual e Sonora Única

A produção não poupa esforços na construção de um ambiente visual e sonoro que envolve o público. O cenário evoca as figuras de Rosa Caveira e Exu Tata Caveira, com uma paleta de cores preta e vermelha que cria uma atmosfera única. A ideia da “calunga” desempenha um papel importante, simbolizando não apenas a morada de Rosa Caveira, mas também um sentimento de saudade.

Uma Oficina para Explorar as Raízes e a Memória

Além da peça, o projeto oferece uma oportunidade única para os interessados em explorar as raízes e a memória. Nos dias 30 de setembro e 01 de outubro, a Oficina de Investigação e Produção de Documentação Oral, ministrada por Jéssica Nascimento Olaegbé, pesquisadora do Centro de Estudos Culturais Africanos e da Diáspora, proporcionará uma imersão na história e na memória, reconstruindo identidades a partir de biografias ancestrais.

Uma Chance de Relembrar e Aprender

“Jacinta – Você Só Morre Quando Dizem Seu Nome Pela Última Vez” é mais do que uma peça de teatro; é uma oportunidade de relembrar uma parte obscura da história brasileira e de aprender com os erros do passado. A produção busca não apenas honrar a memória de Jacinta, mas também contribuir para um entendimento mais profundo das injustiças cometidas contra a população negra ao longo dos anos.

A temporada de estreia acontece de 14 de setembro a 8 de outubro no Espaço Cia do Pássaro, no Anhangabaú, São Paulo. Não perca a chance de testemunhar essa história impactante e emocionante que lança luz sobre um capítulo esquecido do nosso passado.

Para mais informações sobre a programação e ingressos, visite a página do Instagram da companhia @cia_do_passaro. A entrada é gratuita, mas a experiência é inestimável. Junte-se a nós e ajude a manter viva a memória de Jacinta Maria de Santana.

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