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Felipe Oládélè estreia <em>Travessia</em><em> </em>no Sesc Pompeia 

FINAL COPA BRASIL 2021-BELO HORIZONTE, MG, 12.12.2021-ATLETICO-MG X ATHLETICO PARANAENSE-PR: Partida de ida entre o Atlético Mineiro e o Athletico Paranaense, pela final da Copa do Brasil de 2021, realizada no Mineirão na tarde deste domingo (12). Foto Allan Calisto/ BH FOTO

Felipe Oládélè estreia Travessia no Sesc Pompeia 

A peça teve como ponto de partida uma viagem a Cabo Verde e fez com que o ator e dramaturgo lançasse um olhar para o passado para compreender o agora e desejar um novo futuro. 

Cena de Travessia: Felipe Oládélè busca respostas no passado. Foto: Allan Calisto

“Sempre falamos que desejamos mais o coletivo, mas o dia a dia nos coloca em situações muito individualistas. Isso tem vazado no fazer artístico, com desejos criados pelo capital. O espetáculo quer criar possibilidades de diálogo com o outro a partir dessas perguntas que ressoam.” Felipe Oládélè 

Este projeto nasceu a partir de uma viagem a Cabo Verde feita por Felipe Oládélè em 2019, antes da pandemia. No país africano, constituído por dez ilhas e cinco ilhotas, situado a 650 quilômetros da costa senegalesa, o ator, dramaturgo e dançarino participou de uma residência artística sobre as danças locais. Esse encontro do artista com a cultura e a população local teceu a dramaturgia de Travessia, que estreia agora no Sesc Pompeia, no dia 26 de outubro de 2022, e segue em cartaz até 18 de novembro.

Essa versão apresentada na capital paulista teve inúmeras alterações desde sua estreia em Belo Horizonte, em 2021. “A corporalidade, a música, a dramaturgia continuam, mas nesta mudança trago mais a palavra. Quero estabelecer um diálogo mais reto e penso para quem eu quero falar de forma mais objetiva sobre a relação do negro com seu lugar e seu espaço”, revela Oládélè.

Como o nome sugere, Travessia partiu de uma viagem, um deslocamento para um país africano, mas também trata de sua volta e reencontro com o Brasil com outra perspectiva. Oládélè diz que, nesse sentido, o espetáculo também trata de uma travessia interna, por lançar questionamentos ao que observa aqui. 

“Eu coloco o dedo nas minhas próprias questões. Sempre falamos que desejamos mais o coletivo, mas o dia a dia nos coloca em situações muito individualistas. Isso tem vazado no fazer artístico, com desejos criados pelo capital. O espetáculo quer criar possibilidades de diálogo com o outro a partir dessas perguntas que ressoam em mim”, coloca o ator.

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“Eu não quero ser um super preto, quero ser um preto comum, só isso. Mas você tem que fazer networking, conhecer pessoas, você é preto e sempre vai ter outro preto disputando uma vaga contigo onde só cabe um preto. Você tem que ser multi dez vezes melhor. Super preto!! Excepcional. Ter opinião. Responder sobre as questões pretas para os brancos quando perguntarem, mas sem ofendê-los. Você tem que referenciar os intelectuais pretos aprovados pelos brancos.“ Trecho de Travessia.

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Em Travessia, Felipe Oládélè recebe o público na porta do teatro, com conversa e quitutes mineiros que são oferecidos a quem chega. É dessa maneira próxima que a dramaturgia entra em seus principais pontos: a leitura do passado, da estrutura social que se repete certos padrões. Misturados a essa fala, há ainda as sensações trazidas de Cabo Verde e sua ancestralidade de Serra Leoa.

Nesse percurso, Oládélè mostra como é urgente entender o passado, compreender o agora e projetar uma possibilidade de futuro. Produzir novas memórias, novas imagens e novas pontes para a subjetividade. 

Felipe Oládélè é ator, dramaturgo, rapper e dançarino. Fundou a Companhia Negra de Teatro, em 2015, em Belo Horizonte, e circula com o espetáculo Chão de pequenos, direção de Zé Walter Albinati e Tiago Gambogi. Também criou para o grupo a performance Invisibilidade social. Atuou, dirigiu, escreveu e produziu a trilogia REVIDE com três obras digitais: A partir daquiAquilombamento Digital e EVOCO. É criador do Project Atlantics, que tem como primeiro trabalho o filme PAPIAMENTO uma produção Brasil – Cabo Verde. Desde 2017, atua também no espetáculo PRETO da companhia brasileira de teatro, com direção de Marcio Abreu. No cinema, atuou em filmes como Apto 420 (Dellani Lima), Velhoeste (Thiago Taves Sobreiro) e Coiote (Sérgio Borges). Dirigiu e atuou no curta Wanderlust, assinado pela Companhia Negra de Teatro. Em 2022, atuou na série Rota 66, da Globoplay. Em 2021, lançou seu primeiro single como rapper Chamado para Aquilombar

Ficha Técnica:

Direção, dramaturgia e atuação: Felipe Oládélè

Assistente de direção: Diego Roberto

Músico em Cena: Fernando Alabê

Trilha sonora: Felipe Storino

Interlocutor na criação: Rodrigo Mercadante

Vídeo Jockey: Guilherme Bretas 

Captação de imagem: Dellani Lima

Preparação corporal: Ricardo Januário

Direção de Produção: Gabrielle Araujo

Produção executiva: Monica Vasconcellos

Iluminação: Cris Diniz

Operadora de luz: Dara Duarte e Felipe Tchaça

Voz off crianças: Miguel Lucca Britto, Negra Rosa, Rosa Valentina Fidelis do Santos e Maria Flor Fidelis do Santos

Apoio: 4P – Poder Para o Povo Preto

Cenografia, figurino e adereços: Felipe Oládélè

Fotografia: Allan Calisto 

Produção: Caboclas Produções

Travessia

Espaço Cênico – Sesc Pompeia (Rua Clélia, 93 – telefone: 11-3871-7700)

40 lugares | 50 minutos | Indicação: 14 anos 

De 26 a 28 de outubro, de quarta a sexta, às 20h30;

De 1 a 18 de novembro, terça a sexta, às 20h30*

*Nos dias 2 e 15, a sessão acontece às  17h30.

Ingressos: R$ 9,00 (credencial plena); R$ 15,00 (estudante); R$ 30,00 (inteira)

Ingressos à venda em sescsp.org.br/pompeia e nas bilheterias das unidades do Sesc no Estado de São Paulo.

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