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<strong>Turnê inédita leva artistas negros da periferia do Recife para um intercâmbio em Moçambique e África do Sul</strong>

Turnê inédita leva artistas negros da periferia do Recife para um intercâmbio em Moçambique e África do Sul

Na agenda, que deve durar cerca de 20  dias,  estão previstas gravação de clipe em Soweto, bairro de Joanesburgo; gravações de músicas inéditas; realização de pesquisas voltadas à temática afro; oficina de percussão; e participação no 13º Festival Mafalala, evento global afro, com incentivo da União Europeia. Viagem tem início (terça-feira) 25 de outubro e segue até (quinta-feira) 10 de novembro

Passado mais de quatro séculos da chegada dos primeiros africanos ao Brasil, trazidos por meio do tráfico negreiro, um grupo de artistas negros, formados por cantores, músicos, pesquisadores, produtores culturais, entre outros, da periferia do Recife, vão ao encontro de suas raízes. A iniciativa, inédita, faz parte do projeto, que tem como protagonista o cantor e compositor, Valdi Afonjah, do bairro da Mustardinha; e da cantora, compositora e instrumentista, Isaar, moradora de Jardim São Paulo, ambos na Zona Oeste da cidade da capital pernambucana. A turnê, que leva o nome “Afonjah e Isaar na África”, tem início (terça-feira) 25 de outubro e segue até (quinta-feira) 10 de novembro. Na agenda, estão previstas gravação de clipe em Soweto, cidade da África do Sul; gravações de músicas inéditas; realização de pesquisas voltadas à temática afro; oficinas de percussão para músicos africanos; e participação no 13º Festival Mafalala, Festival que conta com incentivo da União Europeia. 

O Projeto Afonjah e Isaar na África, leva à África do Sul e Moçambique, dois artistas negros que representam um mundo de possibilidades sonoras juntas, em uma irmandade ancestral. Dois virtuosos na voz, nos ritmos e compositores que se unem e vão ao encontro de suas origens. Ao todo, a turnê deve durar aproximadamente 20 dias. 

Entre os primeiros compromissos previstos de Afonjah e Isaar, está a gravação do clipe no bairro de Soweto, onde moravam o casal Mandela e o bispo Desmom Tuto, arcebispo da Igreja Anglicana consagrado com o Prêmio Nobel da Paz em 1984, que lutaram, juntos, contra o Apartheid. Por lá, as câmeras entram em ação entre os dias 27 e 30 de outubro. A direção do clipe é da cineasta Erlânia Nascimento juntamente com o diretor Afonso Oliveira.

No dia 31, a equipe do projeto desembarca em Maputo, capital de Moçambique, um dos principais cartões-postais próximos do porto marítimo no Oceano Índico. Lá, serão realizadas uma série de atividades no Museu Mafalala, espaço dedicado à memória e cultura local. Na ocasião, o percussionista, Felipe França, ministra a oficina Batá Kossô – Tambores de Rei, com ensinamentos sobre maracatu e samba. A formação tem como público-alvo cerca de 25 músicos africanos.  Já o grupo local, Ngalanga Machaka, também participa da oficina, em uma troca de saberes entre os ritmos pernambucanos e moçambicanos.

O intercâmbio continua. Desta vez, Afonjah e Isaar se reúnem no Museu Mafalala para gravação de um documentário, para uma troca de saberes e aproximação cultural. Destaque para participação especial das mulheres do Tufo da Mafalala e da artista Rodhalia Silvestre, cantora de ritmos urbanos contemporâneos que tocam o Jazz, Neo Soul, Reggae e Pop, mantendo uma forte identidade e influência africana. Haverá também o encontro com Rapper Kloro, dono do estilo Hip Hop como forma de expressão.

Já nos dias 05 e 06 de novembro, Afonjah e Isaar, vão participar do Festival Mafalala, evento global afro, com incentivo da União Europeia, que acontece há 13 anos, realizado pela ONG Iverca, no Museu Mafalala. No dia 08 é a vez da gravação dos shows de Kloro e do Tufo da Mafalala, para a edição híbrida do Festival Canavial 2022, prevista para acontecer em novembro, na região da Mata Norte de Pernambuco. 

Animada com a iniciativa, a artista Isaar conta as horas para poder viver toda a experiência internacional. “Eu nem sei dizer ao certo como será pisar em solo africano. Ver com meus olhos a África em minha frente. É muito mais do que a força ancestral de minha linhagem familiar. Imagino rever a linhagem de uma sociedade inteira”, contou. 

Quem também já está com o coração para lá de acelerado e cheio de expectativas é Valdi Afonjah. “Ir para África é uma reconexão com a minha essência. E poder estar em Maputo e Moçambique é um sonho que eu queria poder transformar em realidade. Encontrar e tocar com minhas irmãs e irmãos, como do Tufo da Mafalala, Rhodália Silvestre, Ngalanga Machaka e Kloro, será muito marcante” afirma com rosto alegre.

Para Andréa Lima, produtora cultural e coordenadora executiva, por meio da Caboclo Produções, que vêm desenvolvendo trabalho com artistas negros de Pernambuco há mais de 10 anos, o projeto  “Afonjah e Isaar na África”, é uma trabalho importante para nossa história. “Está sendo muito importante contribuir para essa experiência. É uma ação para ressignificar nosso passado, construir um presente e um futuro alinhado às novas ideias, lutas e conquistas de novas gerações”, disse, emocionada. 

De acordo com Afonso Oliveira, co-autor do projeto, a ideia da turnê nasceu de forma muito genuína, mas com vistas à união de propósitos e talentos. “Era uma sexta-feira à tarde de 2019, mais precisamente no estúdio de Buguinha Dub, no Carmo, em Olinda. Eu cheguei com Afonjah e passados alguns minutos a campainha tocou. De repente, entra Isaar com seu jeito simples, forte e de imensa ancestralidade. Escutamos um trecho da música “Oxumarévocê”, que foi lançada recentemente. Quando os dois começaram a esquentar as vozes, a imagem daqueles dois artistas negros incríveis, com trajetórias de muitas lutas para serem reconhecidos, me remeteu imediatamente à África. Mais precisamente na favela de Mafalala, Maputo, capital de Moçambique. Aquele estúdio poderia ser lá. Assim começou a nossa viagem para chegar na África em 2022”, relembra. 

Um total de 12 pessoas estarão envolvidas participando, de perto, de todo o trabalho, distribuídos nas atividades de divulgação, pesquisa e registro. A produtora cultural, Carlita Roberta comandará as redes sociais do projeto, além disso, levará todas as suas habilidades de dança para as apresentações. Já os produtores culturais e empreendedores, Jéssica(que também vai dançar) e Rodrigo(roadie da banda) da Zarina Moda África, que criaram todo o figurino da turnê, estão indo para estudar os tecidos africanos. O músico da banda, Ronaldo Rodrigues, que também é pesquisador, vai contribuir com uma pesquisa que será dissertação de um Mestrado. 

Para além da turnê, toda a trajetória do projeto ‘Isaar e Afonjah na África’ será registrada em vídeos e fotografias, para um futuro documentário. Trechos da turnê serão disponibilizados via Youtube e nas redes sociais. A realização da turnê conta com incentivo do Funcultura, Fundarpe, Secretaria de Cultura e Governo de Pernambuco. 

Isaar

Isaar é natural do Recife, compositora, percussionista e cantora. Começou sua carreira como brincante nas ruas da capital pernambucana, envolvida nos ritmos do coco, afoxé e frevo. Ela também mantém sua identidade firmada ao mesmo tempo que se mantém constante a viver novos formatos musicais. Sua trajetória nos palcos teve início em 1997, com a banda Comadre Fulozinha. Lá,frequentou várias rodas de música tradicional, e cantou ao lado de artistas consagrados da música popular, como Antônio Carlos Nóbrega, Dj Dolores, Zé Celso Martinez, Ariano Suassuna entre outros. Sua voz é marcante e carrega um histórico diversificado, intenso e composto por um mosaico de influências que lhe dá liberdade de se relacionar sem amarras à sua música e ao seu próprio jeito de cantar. 

Afonjah

Afonjah é cantor, compositor, diretor musical. Sua carreira no Recife começou no final da década de 70, com o Grupo Raíze. Em 1988 gravou o LP Negra Magia e, no ano seguinte, foi para França. Logo depois, seguiu pra Suíça onde residiu por alguns anos, trabalhando e vivendo fora do Brasil. Durante as vivências no exterior, participou de várias turnês, na qual teve a oportunidade de conhecer várias personalidades, a exemplo de Aston “Familyman” Barrett (Baixista da banda de Bob Marley, The Wailers), o que resultou em uma temporada na Jamaica, incluindo gravações e meses de trabalho na ilha.

Fotos divulgação em anexo

SERVIÇO

O quê: Turnê inédita leva artistas negros da periferia do Recife para um intercâmbio em Moçambique e África do Sul

Quando: (sexta-feira) 25 de outubro a quinta-feira (10) de novembro

Onde: Moçambique e África do Sul

@afonjaheisaarnaafrica

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