Lula ou Bolsonaro: “Indecisos não estão na internet”, diz Gregorio Duvivier
Ator e escritor participou da 5ª Bienal Internacional do Livro de Brasília
O ator e escritor Gregorio Duvivier disse na noite desta quarta-feira (26/10) que os indecisos para as eleições presidenciais do próximo domingo “não estão na internet”, refutou que o Brasil seja conservador e defendeu a prisão do presidente Jair Bolsonaro (PL). Ele fez a declaração durante sua participação na 5ª Bienal Internacional do Livro de Brasília (Bilb), onde centenas de pessoas gritaram “olê, olê, olê, olá, Lula, Lula”.
Apoiador do ex-presidente petista, Duvivier disse que tem tentado virar voto. “Não posso falar para qual candidato, é segredo”, brincou. “Na verdade, é mais do que tentar virar voto. É conversar com indecisos, porque eles existem, mas não estão na internet, no Twitter, não sobem hashtag, nem estão no trending topics, mas existem. Temos que partir de uma escuta”, destacou.
Clique no link e veja no dropbok fotos de Duvivier na bienal (Crédito: Pc Cavera/Bilb): https://www.dropbox.com/sh/9wpmgf67iho1i07/AABccZVx6ANh_D_ebCAZEGRma?dl=0
Ele fez duras críticas à ditadura militar e defendeu o regime democrático. “Só existe democracia, quando os militares obedecem aos civis”, afirmou a centenas de pessoas que assistiram à sua palestra sobre humor no jornalismo como ferramenta de informação. “Para mim, não basta Lula ganhar. Bolsonaro tem que ir para a cadeia. Não somente ele, mas a família toda”, acrescentou.
De acordo com Duvivier, Bolsonaro está cometendo “estelionato eleitoral” com o Auxílio Brasil, que, conforme acrescentou, será cortado pelo presidente caso seja reeleito. “Ele está enganando as pessoas, mas nosso povo está sendo espetacular. Mesmo com a ingestão de milhões de reais, tem muita gente falando que não vai cair nessa não”, asseverou. “Tem muita gente sofrendo influência da máquina”, acrescentou.
No entanto, segundo Duvivier, é preciso separar quem é bolsonarista convicto, “que espalha fake news”, da pessoa que está sendo enganada pelo presidente. “Uma não têm perdão, a outra não apenas tem perdão, como também precisa de compreensão”, acentuou.
Clique no link e confira a programação da bienal: https://bilb.com.br/programacao/
O escritor também refutou que o Brasil seja um país conservador, como afirma parte dos eleitores. “Isso é um desserviço à luta política. O Brasil realmente é um país em que grande parte da população deu uma guinada [à direita] nos últimos anos, mas a gente está muito longe de ser conservador”, ressaltou.
Segundo o escritor, Bolsonaro deve ser processado e julgado por crimes contra a humanidade que cometeu durante seu mandato e por, constantemente, fazer alusão da ditadura, que “torturou mulheres grávidas com choques, separou mães de bebês e levou filhos para verem seus pais torturados”. “Ele deve ser julgado por esses crimes para que não se repitam”, disse.
“Nenhum responsável por crimes bárbaros da ditadura respondeu a processos em julgamento. Não somente foram julgadas e investigadas, como continuaram recebendo pensão vitalícia do estado brasileiro”, disse. Ele citou o caso de herdeiras do coronel do Exército Carlos Alberto Brilhante Ustra, que morreu em 2015 com uma série de acusações por crimes praticados na ditadura e que frequentemente é elogiado por Bolsonaro.Duvivier afirmou que não cabe na democracia os apologistas do nazismo, do ódio e da discriminação. “A ditadura é tão abominável que a democracia precisa ser intolerante com os intolerantes. Esse é o paradoxo de toda a democracia”, disse. “O fascismo não tem direito de existir, quanto mais numa pessoa pública. Não dá para continuar achando que é um direito da população admirar a ditadura militar”, disse.