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Entrevista: Carmen Alves, empreendedora

1. O que a motivou a transformar sua jornada em um livro?  

O desejo de ajudar e inspirar pessoas que possam estar enfrentando o câncer ou qualquer outro tipo de problema e que pensam em desistir do dom mais precioso que Deus nos deu, a vida!!

Eu sempre tive o sonho de escrever esse livro e com ele eu almejo dar um sentido a tudo isso que eu precisei enfrentar! Não podia ser possível somente operar, acordar, continuar… Tinha que haver um propósito por traz disso!! Eu precisava saber que não foi em vão! Desistir não é uma opção!!!


2. Como foi o processo de relembrar e escrever sobre momentos tão desafiadores e emocionantes da sua vida?  

Tenho que confessar que foi muito pesado e difícil. Esse projeto ficou engavetado por mais de 10 anos, exatamente pela dificuldade de continuar, de ser necessário abrir a ‘caixa de Pandora’ e soltar todos os fantasmas ali enclausurados, principalmente sobre a morte do meu irmão. Eu bloqueei ali.

Além disso, algumas coisas eu só fiquei sabendo durante o processo do livro. A jornalista Josiane Duarte, que me ajudou brilhantemente a redigir toda essa história, por muitas vezes soube antes de mim, devido às entrevistas com o meu médico e ela me escrevia muito preocupada e dizia: “Carmen, eu sei que você é forte, mas você precisa se preparar para o que está por vir”. E assim eu tentava me proteger no sentido de focar no resultado e saber que eu estava dando vida a um propósito e isso me dava forças.

3. O título “Lágrimas do Sol” é bastante poético. O que ele simboliza para você?

Sim, ele é!! Esse nome foi sugerido por pessoas que conhecem de perto a minha alma, a minha essência e conseguem ver a minha aura. Elas veem uma luz especial em mim. Essa luz foi associada ao sol. Ele simboliza a minha alegria de viver, pois mesmo diante de tantos percalços, eu tento manter o meu sorriso, que foi poeticamente resumido como: até mesmo o sol pode chorar.


4. Você recebeu o diagnóstico de um câncer raro e incurável aos 19 anos. Qual foi o maior aprendizado que essa experiência trouxe para sua vida?

Que você não conhece a força que tem até que sua única opção seja ser forte e que essa força não provém da capacidade física, mas sim de uma vontade indomável, e que a fé definitivamente move montanhas.

5. Como você lidava emocionalmente com os tratamentos e as cirurgias, especialmente as 11 intervenções cirúrgicas mencionadas?

Com a quimioterapia eu tinha uma relação nada amigável. A minha tristeza era iminente cada vez que o ciclo quimioterápico se iniciava. Eram ciclos de 40 horas semanais. Eu preferiria operar todos os meses a fazer aquele tratamento tão agressivo e invasivo. Das cirurgias eu me recuperava numa velocidade assustadora, porque sem a influência da química agressiva, o meu corpo tem uma capacidade impressionante de recuperação. Então, eu só me concentrava em ficar bem. Era obediente e disciplinada e só pensava: amanhã vai ser melhor.   

6. Há algum momento específico dessa trajetória que você acredita ter sido um divisor de águas em sua jornada de superação?

Sem sombra de dúvidas, foi o momento da minha decisão de coragem em abandonar a quimioterapia. Eu abandonei o tratamento para recuperar a minha vida, sem em nenhum momento pensar que pudesse ter outra consequência, pois eu pedia muito a Deus a orientação para essa decisão. Eu não estava mais vivendo, então eu abandonei a morte e recuperei a vida!

7. Apesar das adversidades, você concluiu a faculdade de Educação Física e ocupou cargos de destaque no Brasil e na Europa. Como conseguiu equilibrar os desafios de saúde com suas ambições?

Eu nunca pensei em outra coisa! Eu nunca me limitei ou deixei alguém me limitar por conta do câncer. Os meus sonhos me moviam. Quando vinha a notícia da próxima cirurgia eu pensava: “Ok, vamos lá! É isso que eu tenho para hoje? Então! Vamos encarar!” Nós somos seres adaptáveis, correto? E eu sempre me adaptei dessa forma! Eu posso mudar essa situação? E de acordo com a resposta, eu seguia o meu caminho. Sempre focada nos meus sonhos e objetivos, com muita fé e muita vontade de viver…

8. Você participou de aventuras impressionantes, como a expedição na Bolívia. Qual foi a motivação por trás dessas experiências?

Essa é uma excelente pergunta! Na verdade, a adrenalina me rege. Eu simplesmente amo uma aventura, mas não sei precisar se isso é por conta do câncer ou se eu seria assim de qualquer forma. Eu acredito que seria sim, porque o meu desejo de ver o mundo é desde muito antes da doença. É como se para me sentir viva eu precise sentir aquele arrepio na espinha, sabe?! A motivação por trás de cada aventura é sempre a busca pela adrenalina e o desejo de saber que estou viva para viver os meus sonhos.


9. No livro, você menciona o encontro com o amor da sua vida, Pascal Schwertfeger. Como ele influenciou sua trajetória de superação?

Quando conheci o Pascal eu pensei: Obrigada Deus! O meu destino finalmente me deu uma trégua e eu recebi uma compensação! O Pascal é muito parceiro. Nós gostamos das mesmas coisas e ele é pau para toda obra. Eu sugiro a loucura e ele topa, hahaha!! Através dele eu aprendi a esquiar e a mergulhar. Morar na Suíça me abriu vários novos horizontes. O desafio de aprender o alemão me motivou a fazer uma carreira na Suíça e eu descobri a paixão pelas montanhas. Sim, o Pascal influenciou muito a minha trajetória de superação… e eu sou extremamente grata a Deus por tê-lo deixado cruzar o meu caminho.

10. Quais foram as pessoas mais importantes que estiveram ao seu lado nessa jornada?  

Nossa, tiveram muitas! Na fase inicial, com certeza foi a mais crítica, a minha família foi essencial. Minha mãe, meu pai, meus irmãos, minha tia Cléa e alguns poucos amigos foram meu esteio. Durante esse processo eu fui perdendo alguns pelo caminho e outros anjos foram entrando na minha vida. Não posso esquecer de nenhum deles, por isso faço questão de estar com todos, todas as vezes que venho ao Rio, porque cada um teve uma importância nesse processo. Uns mais outros menos, mas cada um tem um lugar especial na minha vida e por isso nunca os abandono, assim como os que eu conheci na Suíça. Meu marido é o melhor enfermeiro do mundo e Deus sabia que eu ia precisar do melhor.

11. Sua história inspira pessoas a enxergar a vida de forma diferente. Que conselho você daria para quem enfrenta situações desafiadoras?

Ponha Deus acima de tudo e nunca perca a fé! Um diagnóstico não é o fim! A última palavra é sempre do nosso Deus. Desistir não é uma opção!!!

12. Você menciona que ser feliz é um ato de coragem. O que significa a felicidade para você hoje?

Meu marido sempre diz que se eu estou feliz, o mundo todo está feliz. E eu adoro isso! Por que de fato é assim! Se eu estou feliz eu quero ver todo mundo feliz, e aí, eu contamino as pessoas com a minha alegria e se eu não tenho dor… Ahhh! Essa é a verdadeira felicidade para mim.   

13. Como você está se sentindo ao lançar sua autobiografia no Brasil e posteriormente em um evento internacional?

Engraçado! Ontem mesmo eu fiz esse comentário para um amigo: eu confesso que ainda não sei administrar exatamente o que estou sentindo. É uma sensação ainda meio surreal, sabe?! Acho que quando eu pegar o meu bebê no colo, a ficha vai cair e eu vou finalmente realizar que o meu sonho ganhou vida.

14. O que o público pode esperar ao participar do lançamento do livro na Livraria Argumento?

Ahhh, o público vai encontrar um sol ainda mais radiante, transbordando felicidade e muita alegria de viver. Pode até ser que ele derrame algumas lágrimas, mas essas serão de imensa felicidade e satisfação.

15. Após o lançamento, você já pensa em novos projetos ou em escrever mais livros?

Penso sim! Como eu já mencionei, os meus sonhos me movem e se deixamos de sonhar, deixamos de viver. Isso não combina comigo! Eu tenho muitos projetos, todos voltados para continuar ajudando e motivando pessoas. Ainda quero levar esse livro para mais lugares,  traduzi-lo para o alemão e inglês. Quero impactar cada vez mais pessoas com uma energia de fé e um olhar positivo para a vida. Vamos lançar o livro em São Paulo, Lisboa, na Suíça, onde mais tivermos oportunidade de levar essa mensagem de amor.

Quanto a escrever mais livros: porque não? Ainda tenho muita história para contar.