Entrevista: Banda Krakkenspit
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1. A banda Krakkenspit foi escolhida para participar de uma turnê tão significativa como a “Temple of Shadows In Concert Tour 2025”. Como surgiu a oportunidade de integrar essa celebração ao lado de Edu Falaschi e Noturnall?
Márcio Cruvinel: Nós temos trabalhado desde o final de 2022 com o Thiago Bianchi, vocalista do Noturnall. Ele está produzindo nosso primeiro álbum completo, a ser lançado na turnê. O cara tem um portfólio muito grande de produções de metal e, exatamente por isso, o convite dele nos deixou
particularmente felizes, já que o produtor está gostando da banda e do próprio trabalho (risos).
2. Vocês lançarão o álbum de estreia durante a turnê. Qual foi o maior desafio em preparar esse trabalho e como a produção de Thiago Bianchi influenciou no resultado final?
Márcio Cruvinel: O maior desafio é justamente o perfeccionismo da banda. São músicos muito experientes em um nível muito alto de dedicação e isso é demanda tempo. Por outro lado, a banda desenvolveu ao longo do tempo uma estrutura de funcionamento muito otimizada. Por exemplo, com a gravação e checagem de todos os ensaios e a edição de melhores trechos: isso permite
que a gente economize tempo e aproveite melhor os momentos de criatividade. Ouvindo o EP “Krakkenspit I” você vê que as composições são densas, cheias de mudanças e nuances e aquilo lá não ocorre por acaso: é preciso uma rotina muito azeitada. Sobre a atuação do Thiago Bianchi, ele, como produtor, tem aquela visão de atalhos e de destaques de trechos e refrãos típicas de quem
tem experiência na área. Tem sido muito proveitoso trabalhar com ele.
3. O EP “Krakkenspit I” trouxe uma introdução ao som da banda. Quais evoluções e novidades os fãs podem esperar no novo álbum?
Márcio Cruvinel: Os nossos seguidores e os novos ouvintes podem esperar a mesma energia bruta do “EP Krakkenspit I”, mas com certeza o novo material vai superar o primeiro, já que guardamos as melhores para o álbum full (risos).
4. A banda menciona influências de heavy metal clássico com características modernas. Como vocês equilibram tradição e inovação em suas composições?
Márcio Cruvinel: Isso acontece de forma muito automática, por incrível que pareça. A raiz do metal clássica é muito forte principalmente em mim, no Aldo Guilherme e no Julian Stella, ou seja, no vocal, na guitarra e no baixo. Apesar de eu tentar soar bastante rasgado, meu vocal não é gutural, o
que puxa pro metal mais clássico. Por outro lado, já há bastante tempo a afinação baixou horrores, acho que foi influência do filho do guitarrista, e isso é o contraponto da modernidade. Aliás, todo guitarrista fica muito feliz, por que o negócio soa absurdamente pesado (risos). E por fim, nosso batera, que é o mais jovem da banda, gosta muito de trazer novidades de grooves e levadas que são típicas dos sons pesados modernos que ele curte. Dessa salada aí sai o heavy metal com a cara do Krakkenspit.
5. Suas letras abordam temas intensos, como destruição ambiental e abuso sexual feminino. O que os motiva a escolher esses assuntos e como eles se conectam ao público?
Márcio Cruvinel: Eu sou o letrista da banda e esses temas povoam a minha mente de forma inevitável. Não dá pra ver um monte de absurdos acontecendo por todos os cantos e não cantar em protesto. É bem provável que várias mulheres que comparecem ao nosso show já passaram por momentos de abuso e gostaria que elas soubessem que os meus berros ao vivo se juntam ao clamor de justiça que tantas delas gostariam de verbalizar. Temas ambientais, por outro lado, são problemas de todos nós e eu fico feliz de reverberar ferozmente o que eu penso por meio da nossa música. No novo álbum constam
outros tópicos bem soturnos que eu não posso evitar de expor.
6. Como vocês estão se preparando para os shows em cinco estados brasileiros? Existe alguma apresentação ou local em que estão mais ansiosos para tocar?
Márcio Cruvinel: Sem dúvida, estamos nos preparando com bastante determinação e capricho nos detalhes. Sobre os locais, os sete shows da turnê vão ser igualmente especiais. Mas eu diria que estou muito feliz por tocar no Paraná, tenho muitos amigos lá e sempre quis tocar no sul do Brasil. Também em Brasília, onde eu morei sete anos, e em Goiânia, nossa terra natal.
7. O que significa para vocês compartilhar o palco com dois gigantes do metal brasileiro em uma turnê de tamanha relevância?
Márcio Cruvinel: Uma honra imensa, não dá pra dizer menos do que isso, e muita alegria pelo reconhecimento e pelo convite. Com certeza conviver e tocar com Noturnall e Edu Falaschi há de ser um aprendizado pessoal e profissional muito grande para o Krakkenspit. Vai para o rol de momentos
especiais eternos nas memórias de cada um de nós quatro.
8. O heavy metal é conhecido por criar conexões intensas com o público. Como vocês esperam que os fãs recebam as novas músicas durante a turnê?
Márcio Cruvinel: A gente espera que o pessoal bata muita cabeça, que é o que o nosso estilo induz de forma muito natural. Mas hoje em dia ocorre de cara um fato muito interessante quando a banda está sendo bem recebida: os celulares começam a pipocar pra todo lado e começam a filmar. Acho que é
coisa dos tempos atuais, né. Já vi muito artista grande se queixar um pouco, tal, mas nossa postura é muito humilde, podem filmar à vontade! (risos) E não deixem de mandar os vídeos depois!
9. Além da turnê, quais são os próximos passos para a banda após o lançamento do álbum? Há planos para mais shows, clipes ou colaborações?
Márcio Cruvinel: Com certeza a banda vai gerar clipes para a divulgação das músicas, é um dos pontos principais do planejamento. E isso inclui shows ao vivo, muito bem gravados. Estão surgindo também contatos para outros shows.
10. Como tem sido a interação com os fãs pelas redes sociais e o impacto delas no crescimento da banda em nível nacional?
Márcio Cruvinel: O pessoal tem respondido muito bem aos materiais do Krakkenspit nas redes sociais, tanto no Brasil como fora, com muita gente passando a nos seguir no Instagram e no YouTube. Hoje em dia, como todos sabem, esse é o caminho e toda banda tem que se dedicar pesado a esse trabalho de formiguinha. Tem havido muitas visualizações nos apps de streaming também. No geral a banda está muito satisfeita. Bora seguir porque o céu é o limite!
11. Qual a mensagem principal que o Krakkenspit deseja transmitir com sua música e performances?
Márcio Cruvinel: É muito simples: a gente quer passar a todos que nos ouvem e nos veem ao vivo aquela energia bruta, incontrolável e única do heavy metal. Aquela força raiz, automática, que faz a gente querer bater a cabeça e erguer o punho e soltar a voz a plenos pulmões! Todas nossas criações, nossos riffs, nossos refrões, solos, canalizam uma força muito intensa. Ao mesmo tempo, por trás da música tonitruante, há mensagens, ideias e protestos muito fortes, muito bem estruturadas em inglês.
12. Para finalizar, podem nos dar uma prévia de qual será o foco temático do novo álbum e de como ele reflete a essência do Krakkenspit?
Márcio Cruvinel: Como disse, nossos temas tratam de questões muito sérias. Ao longo das dez músicas, a banda vai tratar de questões climáticas, abuso sexual feminino, cenários futuros distópicos, vida após a morte, busca pela liberdade, combate ao preconceito contra os imigrantes, e por aí vai. Sempre
com bastante ênfase, muitos urros, muita filosofia, e zero delicadeza!