Notice: Function _load_textdomain_just_in_time was called incorrectly. Translation loading for the change-wp-admin-login domain was triggered too early. This is usually an indicator for some code in the plugin or theme running too early. Translations should be loaded at the init action or later. Please see Debugging in WordPress for more information. (This message was added in version 6.7.0.) in /home/u687759733/domains/marramaque.jor.br/public_html/wp-includes/functions.php on line 6121
Entrevista: Paulo Otávio, cantor e compositor - Marramaque

Entrevista: Paulo Otávio, cantor e compositor

Entrevista: Paulo Otávio, cantor e compositor

1. “Vem pro Baile” resgata a estética da música negra dos anos 70 no Brasil. O que te inspirou a trazer essa sonoridade para o seu novo álbum e como foi o processo de produção?

A música negra dos anos 70 faz parte de meu histórico sonoro musical desde minha vida intrauterina.

Durante minha gestação, em 1970, foi lançado o primeiro álbum do Tim. Então as canções da soul music deste período soam memórias da infância.

O processo de produção foi bem pessoal já que assino a composição, os arranjos e a produção musical do álbum.

2.  O álbum mistura singles, remixes e a inédita “Amor é Terapia”. Como você selecionou essas faixas e decidiu o que incluir nesse projeto?

Foi muito através da resposta do público, em shows e nas plataformas digitais. Um disco deve contar uma história e quando montei a sequência fez todo o sentido.

3. A faixa “Amor é Terapia” traz uma sonoridade que você descreve como um resgate do violão de náilon típico do soul brasileiro de Cassiano e Hyldon. Qual a importância desse resgate na MPB atual?

Na primeira metade dos anos 70 o violão de náilon era bastante utilizado nas produções, essa é uma característica da música brasileira que é diferente da música americana, o próprio Jorge Ben começou sua carreira ao violão e depois foi para guitarra elétrica.  

4.  Você gravou o álbum em diferentes estados, como Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul. Como essas localidades influenciaram o resultado final do álbum?

O Rio Grande do Sul é o berço do samba-rock, com Luiz Vagner o guitarreiro, pioneiro desta sonoridade no Brasil. O Rio foi a cidade onde morei por mais tempo na vida, berço do samba, foram 16 anos bebendo na fonte. Trabalhei com grandes músicos e isso ficará para sempre marcado na minha performance. Em São Paulo fiz minha formação superior e pude evoluir bastante, em muitas áreas, nos anos que estive por lá.

 5. Você contou com a participação de músicos talentosos no álbum. Como foi trabalhar com esses artistas, como Francis Valle e Cri Ramos, e qual foi o impacto deles na criação do álbum?

Foi uma experiência muito especial dialogar com a musicalidade dos manos do litoral norte do Rio Grande do Sul.

Foi fundamental a acolhida do Cri, que é super baixista, bastante reconhecido pelo trabalho ao lado do Sergio Moah, do Papas da Língua.

O Francis é sobrinho dele, daí fica tudo em casa, música em família é outro naipe. O Francis apesar de jovem tem uma maturidade musical elevada, lembra muito o John Mayer tocando guitarra que é um músico que eu curto demais.

6. A masterização do álbum foi feita em diferentes estúdios, inclusive em Nashville, nos Estados Unidos. Como essa escolha afetou a qualidade e o som final do disco?

Hoje me dia temos bons estúdios de masterização, no Brasil, quando masterizei parte do projeto, nos EUA, não tínhamos tanta fartura deste serviço no mercado e o dólar era bem mais atrativo. O resultado é similar das demais masterizadas no Absolute Master de Santo André e pelo Ciro Moreau, em Porto Alegre.

7. Seu álbum é lançado em formato de Streaming Socioambiental, com parte das receitas destinadas a projetos de reflorestamento e iniciativas de sequestro de carbono. O que te motivou a adotar esse modelo e como você enxerga o impacto da música nesse contexto?

Sempre acreditei no papel transformador da música, fico feliz em poder ajudar de alguma forma, esse projeto começou, em 2015 e hoje vemos os resultados concretos.

A descarbonização deve chegar à música, afinal, gastamos energia e consumimos os recursos do planeta como todas as indústrias.

A música na era digital tem um grande potencial de engajamento e pode inspirar novos hábitos de consumo e impulsionar as mudanças importantes que necessitamos ver na sociedade.

8. Como você vê a relação entre a música e as questões socioambientais? Acredita que esse tipo de iniciativa pode se tornar mais comum na indústria musical?

A sustentabilidade é a principal característica da sexta onda inovação que começou em 2020, mas a indústria fonográfica continua alheia a isso.

Acredito sim que os grandes artistas devem se envolver mais com a questão ambiental.

9. Você mencionou que passou 25 anos longe de casa antes de voltar ao Rio Grande do Sul. Como esse tempo influenciou sua visão artística e sua música?

A composição precisa de um certo distanciamento, viver em muitas cidades, saborear diferentes culturas foi um diferencial no meu processo, tenho consciência disso.

Aqui no Rio Grande só é considerado, pela maioria das pessoas, artista gaúcho, quem fez sua carreira e viveu a vida inteira aqui. Minha música recebe mais destaque fora do meu estado, isso é fato, basta ler as matérias que saíram, recentemente, em muitos sites de notícias, algo que eu aceito, sem deixar de amar meu povo que adora a música autoral.

10. Com influências que vão desde a black music até a MPB dos anos 70, como você vê a evolução da sua carreira e quais são seus próximos passos musicais?

Eu fui convidado pra cantar os clássicos do blues e do soul, em inglês, algo que eu gosto muito mas nunca fiz.

Também estou gravando um novo projeto o Blues na Estrada, com o pessoal de Uberlândia e preparando uma produção com o rapper português, Andy Scotch.  

11. Além da música, você também tem projetos inclusivos e sociais. Pode nos contar mais sobre essas iniciativas e como elas se integram com seu trabalho artístico?

Desde o início, caminho lado a lado com a inclusão, sou Bacharel em Musicoterapia e trabalho com o público do Espectro Autista. Oferecer minha musicalidade como um serviço social é uma missão.

Eu acabo oferecendo essa expertise como uma contrapartida social a patrocinadores e prefeituras quando contratam meus projetos.

E sinceramente eu não faço tudo isso esperando nada em troca, não busco proteção divina ou milagres em minha vida. Ver a alegria de volta aos olhos das crianças e a esperança nos olhos dos pais não tem preço.  

12. Quais são seus planos para o futuro após o lançamento de “Vem pro Baile”? Há novos projetos ou colaborações em vista?

Como falei anteriormente existem projetos rolando, em Uberlândia e em Portugal. Quero montar um show cantando e tocando contrabaixo, vai se chamar Baco Elétrico – Um Tributo Ao Deus do Vinho (risos). 

marramaqueadmin