Entrevista: Gabriel Froede, cantor e compositor

Entrevista: Gabriel Froede, cantor e compositor

1. Gabriel, seu álbum “Por que não dizer te amo agora?” tem uma temática bastante pessoal e íntima. O que te inspirou a explorar esse lado mais vulnerável do amor nas suas composições?

Pra mim é simplesmente inevitável sentir. Por mais que a gente tente segurar nossos sentimentos, eles acabam se manifestando de alguma forma. E são essas manifestações que ajudam a definir quem você realmente é. Eu entendi que tudo o que senti e o tanto que me entreguei me fizeram chegar até aqui, neste álbum, que é a realização de algo que eu sempre sonhei em fazer e ser.

2. Você mencionou que o álbum reflete a batalha entre a dor e o êxtase de amar sem reservas. Quais experiências pessoais influenciaram essas letras e como foi o processo de transformar esses sentimentos em música?

Eu sou uma pessoa extremamente apaixonada. Acho que cada artista conta uma história, seja ela pessoal ou não. No meu caso eu falo sobre experiências que vivi. Todas as histórias são reais e acho que trazer faixas realmente autorais me permite manifestar da maneira que eu quero e sou. Cada música tem sua história e cada história um sentimento. Todos são reais, nada inventado. E tudo se conecta de alguma forma.

3. Seu álbum conta com colaborações importantes, como Carol Biazin, Ana Gabriela e Joyce Alane. Como essas parcerias surgiram e de que forma essas artistas contribuíram para o projeto?

Todas essas três tiveram participações mais que especiais não só no meu disco mas no processo de construção dele. Carol e Ana foram duas artistas que eu conheci logo quando cheguei em São Paulo, que abriram os braços para mim e se tornaram grandes amigas. As duas me ensinaram muito sobre composição, sobre o mercado da música e acreditaram no meu talento, por isso tê-las no álbum foi muito simbólico, resume muito o que eu sinto. Ana compôs comigo duas faixas lindas, “Não amo mais você” e “Não sei brincar”, Carol canta comigo “Passarinho” e compôs “Às vezes eu ganho”. Joyce eu já conhecia da internet, ela fez um cover de “Passarinho” e a partir daí a gente se aproximou também. Sempre quando ela vem a São Paulo a gente arruma um jeito de se encontrar. Quando eu mostrei o álbum a ela, eu senti que “Te espero ou fujo?” bateu de forma especial. Ela trouxe elegância pra música, completou com uma sensibilidade que só o timbre da voz dela tem. 

4. A música “Passarinho”, em parceria com a Carol Biazin, já acumula milhões de plays e foi destaque no Big Brother Brasil 2024. Como você enxerga o impacto que essa canção teve na sua carreira até agora?

Essa canção foi muito importante pra mim. Ela marcou um grande divisor de águas no meu processo enquanto artista, pois eu escrevi sozinho e foi uma composição bem mais madura de tudo aquilo que já tinha feito. Carol era uma artista que eu já respeitava muito e ela meio que se convidou pra cantar comigo, ali eu também fiquei muito orgulhoso. Meu deu muita confiança para continuar no meu processo, aprendendo, experimentando e trabalhando duro para mais tarde chegar nesse disco. E a visibilidade que a música teve permitiu que mais pessoas fossem impactadas pelo meu trabalho também.

5. Você mistura elementos de pop, MPB e R&B no seu álbum. Como você equilibra essas influências musicais e qual foi a maior dificuldade ao criar uma sonoridade que fosse autêntica e inovadora ao mesmo tempo?

Olha, esse álbum sou eu, literalmente. São minhas histórias e também são os meus sons, o que gosto de escutar, o que me influencia e o que me faz sonhar. Foi um longo processo de pesquisa para chegar em uma identidade. Eu canto e falo de amor o tempo todo, né? Mas em diversas intensidades, que refletem nas letras e nas sonoridades. Nesse processo do disco eu estudei muito os “românticos incuráveis” que vieram antes de mim, em especial Roberto e Lulu no Brasil, e Elvis na gringa. É amar com pitadas de sal e pimenta, sabe? A Bossa também me encanta muito, a elegância de ritmos e harmonias suaves. Ela me ajudou a resgatar essa conexão entre o clássico e o moderno, elementos tradicionais com inovações contemporâneas, que eu sempre quis trazer. O R&B vem de Liniker, Daniel Caesar, Geveon, SZA… artistas que não saem das minhas playlists hoje em dia. Além de tudo isso, tem o suco do pop que me inspira muito: Billie Eilish, Harry Styles, Shawn Mendes, Ed Sheran e John Mayer.

6. Você estará no palco Supernova do Rock in Rio no mesmo dia em que Shawn Mendes, uma das suas referências. Como está se preparando para esse grande momento e o que podemos esperar da sua apresentação?

Está sendo um pouco surreal lidar com isso tudo ainda… É uma grande responsabilidade estar no palco Supernova, eu estou muito feliz que estão apostando em mim, que acreditam no meu trabalho. E ainda, eu vou tocar no mesmo dia do Shawn Mendes (22/09), uma das minhas principais inspirações nessa minha era Pop. Estou muito ansioso! E claro, ensaiando muito para o show mais importante da minha vida! Vai ser um sonho poder apresentar o meu primeiro disco de estúdio ao vivo para os meus fãs e para um público gigante que vai estar presente no festival.

7. Com 26 anos, você já atingiu marcos importantes na música, e ao mesmo tempo está se formando em Medicina. Como você equilibra essas duas paixões e quais são os planos futuros para conciliar ambas as carreiras?

A música e a medicina sempre foram minhas grandes paixões. Foi muito difícil pausar meu curso quando me mudei de Minas Gerais para São Paulo, mas foi necessário para que eu pudesse me encontrar como artista. Depois de um ano eu consegui transferir meu curso para São Paulo, onde moro atualmente. Eu me formo no fim do ano, está sendo difícil conciliar as duas coisas, mas eu faço tudo com muito prazer, fico noites sem dormir, mas no final vai valer a pena eu investir nas duas carreiras, e sim, pretendo seguir conciliando as duas do jeito que der!

8. A direção criativa do álbum ficou a cargo de Belle de Melo, indicada ao Grammy Latino. Como foi trabalhar com ela e como a visão dela ajudou a dar vida ao conceito do álbum?

Belle é dona de uma sensibilidade que poucos nesse mundo possuem. O olhar dela é algo muito especial. Nós dois somos muito amigos, íntimos mesmo, e eu sempre sonhei em tê-la na minha carreira. Mas eu sabia que eu precisava de mais tempo pra chegar nesse momento, eu precisava me encontrar. Foi aos poucos mesmo. Quando escutamos juntos o álbum pela primeira vez e eu vi a reação dela, eu sabia que eu tinha conseguido. O resultado taí… Eu sou um artista independente, ou seja, não tem muita verba para audiovisual. Mas ela e outros vários profissionais muito queridos abraçaram o projeto. Eu sou muito grato!

9. A efemeridade e a eternidade do amor são temas centrais do álbum. Como você, pessoalmente, enxerga essa dualidade no amor e na vida?

A efemeridade e a eternidade do amor refletem a complexidade e a beleza das nossas experiências emocionais. Para mim, essa dualidade está presente em todos os aspectos da vida. O amor é algo que, ao mesmo tempo, nos conecta a momentos passageiros e a sentimentos que parecem durar para sempre. No álbum, quis explorar essa ideia através das letras e melodias que capturam tanto as fragilidades quanto as forças do amar. É sobre entender que o amor pode ser intenso e fugaz, mas também capaz de deixar marcas eternas, influenciando quem somos e como enxergamos o mundo.

10. O que você espera que o público sinta ou reflita ao ouvir “Por que não dizer te amo agora?” e como esse álbum representa a sua maturidade artística?

Eu espero que as pessoas sintam que estão ouvindo histórias reais e genuínas, que podem refletir suas próprias experiências. O álbum é um convite para se abrir aos sentimentos, mesmo quando eles são complexos ou contraditórios. Esse trabalho representa um grande salto para mim. Ele nasceu de um período intenso da minha vida, cheio de incertezas e transformações, tanto pessoais quanto profissionais. Cada faixa é um pedaço dessa jornada, e sinto que, pela primeira vez, consegui traduzir de forma honesta tudo o que vivi e senti nesse tempo. É um álbum que carrega minha verdade, e minha esperança é que ele inspire as pessoas a também se permitirem viver suas próprias verdades.

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