1. Por que decidiram lançar uma edição deluxe de Sour Days para celebrar seus cinco anos? O que esse relançamento representa para a banda?
Pra nós foi um marco importante, principalmente considerando os dois anos de pandemia que tivemos nesse intervalo. O deluxe é uma espécie de “ode” ou “homenagem” ao duro trabalho feito em 2018/2019 pra gravar o Sour Days e também tudo o que a época representou – e poderia ter representado, não fossem os dois anos praticamente “parados”. É um autorreconhecimento. Além disso, fizemos um trabalho muito bacana com nosso amigo Ticiano, que hoje reside em Portugal, na remix e remaster do disco. Ele trouxe uma nova sonoridade que enriqueceu muito o trabalho e também, como ele participou direta e indiretamente dos primeiros passos da Scumbags na época, ele meio que tinha que estar presente (mesmo distante) desse projeto.
2. Quais foram os maiores desafios ao revisitar e atualizar as faixas originais? Alguma música surpreendeu vocês ao passar pelo processo de remixagem e remasterização?
Foi mais legal e surpreendente do que pensávamos e isso muito se deve ao excelente trabalho do Tici. You’re Not Allowed, On the K Street e The Kids Aren’t the Same são músicas grandiosas, com muitos elementos e significados profundos que melhoraram consideravelmente quando comparadas às versões originais. Agora parece que o som, que a qualidade do que você ouve está mais equilibrada com o sentimento que queríamos passar. Isso vale pra todas as músicas, mas acho que mais pra essas. Garage boy também ficou muito interessante, principalmente o outro (final da música).
3. O que os fãs podem esperar de diferente ao ouvir as versões remixadas e remasterizadas em comparação com o álbum original de 2019?
Melhor qualidade sonora, certamente. Esperamos que a galera sinta algo diferente, que literalmente dê o play e que a música leve para algum lugar. De uma forma mais objetiva, talvez perceba melhor cada elemento da música, cada riff, cada frase, cada sonoridade…
4. As demos inéditas e versões acústicas ampliam a narrativa do álbum. Como foi o processo de escolher essas faixas para compor a edição deluxe?
Foi muito divertido e significativo. A gente fez duas versões acústicas sendo On the K Street e The Kids Aren’t the Same e como dito anteriormente essas músicas tem um significado muito especial e marcam uma época muito específica das nossas vidas. As versões acústicas ajudam a se conectar mais com a narrativa, eu acho. Temos uma versão no piano para On the K Street também, que ficou muito legal. As duas músicas também estão entre as mais ouvidas e parece que a galera curte bastante, então parecia clara a escolha. Já as demos, escolhemos adicioná-las para que as pessoas possam ver como funciona mais ou menos a evolução da produção das músicas, como elas foram concebidas e como acabaram indo parar no disco.
5. O nome da turnê, “Saideira”, sugere uma despedida ou uma transição. Há algo mais que podemos esperar após essa turnê?
Saideira é meio que um trocadilho nesse aspecto, pois é a última tour do ano, mas também estamos de certa forma encerrando o ciclo de shows (26 shows) que fizemos esse ano pra divulgar o So Many Ways (2º álbum) e agora mais pro fim de 2024 pra celebrar os 5 anos de Sour Days (ainda que um pouco atrasado). Não vamos descansar muito não, estamos com vários planos pra ano que vem e acho que a galera não perde por esperar.
6. Quais cidades ou shows da turnê estão gerando mais expectativa? Vocês têm algum lugar favorito para tocar no sul e sudeste do Brasil?
A gente sempre fica muito animado pra tocar em lugares que nunca tocamos antes, então acho que Jacareí em SP será muito legal. Vamos para São Paulo capital também, que é parada obrigatória quando estamos na região. No sul vamos tocar em Curitiba e Florianópolis, que sempre nos recebem muito bem. Destaque para Curitiba, já que vamos tocar no 92 Graus que é uma casa lendária e que sempre quisemos mandar um som. Encerramos a tour em nossa cidade natal, Joinville, com nossa festa praticamente tradicional já a Scumfest. Nessa festa nós convidamos bandas da região pra ajudar na barulheira e incomodar todo mundo. Não temos lugar favorito não. Gostamos de fazer um bom show e que a galera curta, independente do local.
7. Como os novos arranjos e produções do Sour Days Deluxe serão incorporados nos shows ao vivo? Podemos esperar releituras das músicas no palco?
Não muito, pra ser sincero… A gente sempre procurou separar o que está no disco do que tocamos nos shows. Nada muito mirabolante, mas gostamos de fazer uma entrega diferente ao vivo e preparamos dinâmicas e arranjos específicos para os shows. A gente acha que o show traz uma variedade de possibilidades para apresentarmos nossas músicas e sempre tentamos aproveitar isso. Cada show é único.
8. Ao revisitar Sour Days, como vocês avaliam o crescimento musical da banda desde o lançamento do álbum até agora?
Nossa, nós amadurecemos muito e o mais incrível pra gente é que amadurecemos muito na forma como lidamos com as músicas e com o processo criativo. Estamos, com certeza absoluta, fazendo cada vez mais músicas “melhores” e cada trabalho daqui pra frente será melhor que o outro. Melhoramos desde como timbrar os instrumentos e executar as músicas até que palavras usar nas letras e como divulgá-las nas mídias. É muito gratificante pegar e ouvir o Sour Days e depois ouvir o So Many Ways e ouvir o Deluxe e notar a evolução. A gente se sente muito orgulhoso.
9. A sonoridade da Scumbags tem claras influências de punk rock e post-hardcore. Como vocês têm integrado novas referências, como o emo e o ska de So Many Ways, à identidade da banda?
A identidade é algo muito importante pra uma banda e a gente tem a sorte de viver em uma época onde temos muitas coisas legais que já foram feitas e que permitem um universo de possibilidades a serem exploradas. A gente tem um pé no punk rock anos 90, mas gostamos e vamos transitar por outros estilos em nossa jornada e nos próximos trabalhos. Pensamos que essa é uma forma de não nos acomodarmos em uma única vertente. Você não muda e não evolui fazendo sempre as mesmas coisas.
10. Vocês continuam a dialogar com a cena underground. Como veem o cenário atual para bandas independentes no Brasil?
Essa é uma pergunta bem difícil. A gente tem o underground no DNA e tentamos mostrar pelos exemplos de que é possível você se destacar e entregar seu trabalho pra muita gente em muitos lugares, mesmo estando no underground. A gente acredita que o melhor momento pro cenário underground é agora e sempre será agora. Esse papo de que “os bons dias já passaram” ou de que “o bom era como era antigamente” não cola pra nós. Nós estamos vivos HOJE e estamos na cena HOJE, então não importa muito o que era a cena no passado. Temos que fazer o rolê acontecer hoje.
11. Como esperam que a edição deluxe de Sour Days contribua para consolidar o lugar da banda no cenário underground?
A gente espera que o Deluxe aproxime mais a galera que curte a banda, pois é um projeto muito de fã pra fã. É o tipo de material que a gente consome muito de outras bandas seja mid ou main stream e sentimos que isso aproxima muito os fãs da banda. E pra galera que não nos conhece ainda, queremos que o Sour Days Deluxe demonstre o quão sério a gente encara o projeto e o quanto nos importamos em entregar algo legal e criar laços com quem ouve.
12. Já existem novos projetos ou planos após o encerramento da turnê de 2024? Podemos esperar mais lançamentos ou explorações musicais diferentes?
o que não faltam são ideias e projetos de médio/longo prazo. Vamos lançar coisas novas em 2025 e estamos tramando coisas grandes pra 2026. Quem viver verá.
13. Qual mensagem gostariam de deixar para os fãs que acompanharam vocês desde 2017 e para aqueles que estão descobrindo a banda agora?
Quem acompanha a gente desde 2017, saiba que somos muito, mas muito gratos por estarem conosco e estarem curtindo o som desde então. O que nós fazemos não faz muito sentido se não toca, se não encanta quem ouve e curte e se nossa música impactou de alguma forma que te fez continuar ouvindo, é o que mais importa pra nós. Quem está descobrindo a banda agora, esperamos que curtam e acompanhem o que vem por aí, pois a tendência é ir ficando cada vez melhor. É só perguntar pra galera que ouve desde 2017 hahaha.