Crédito da foto: Fernando Young
Logo após comemorar 80 anos, ele chega a Vitória pela primeira vez. Caetano Veloso dispensa apresentações e traz a turnê “Meu Coco” para o Espaço Patrick Ribeiro no dia 24 de setembro, às 21 horas. Os ingressos estão sendo vendidos na bilheteria do Espaço Patrick Ribeiro ou pelo site blueticket.com.br.
“No show ‘Meu Coco’ procuro juntar peças marcantes do álbum com obras que registrem momentos históricos do meu trabalho. Mas com o caráter de roteiro quase cinematográfico que nunca me abandona quando projeto um espetáculo. Penso na sequência de canções como quem está diante de uma moviola – ou de um aplicativo de ‘edição’, que é como se chama hoje a montagem. Tenho alma de cineasta, embora não tenha vocação física para a vida de um”, diz Caetano Veloso em artigo sobre o espetáculo.
O espetáculo começa com a canção que dá nome à turnê, que celebra a diversidade brasileira, rende homenagens às Naras, Bethânias, Elis e à Leila Diniz, e cita nossa capital no verso “Belém, Natal, Vitória do Espírito Santo / Bomba luminosa sobre o capital / Aquém, além, no seio do bem e do mal / Teimosos e melódicos do nosso canto”. Ainda no repertório, “O Leãozinho”, “Sampa”, “Reconvexo” e “Sem Samba não dá”.
“Chego aos 80. A forma geral do show se deve também ao prazer da volta quase-pós-pandêmica aos palcos e a atenção à minha história nessa arte tão amada e bem cultivada pelos brasileiros”, conclui Caetano Veloso.
Serviço:
Caetano Veloso – Meu Coco
Dia: 24 de setembro
Horário: 21 horas. Abertura dos portões às 20 horas
Local: Espaço Patrick Ribeiro. Novo Aeroporto de Vitória – Av. Roza Helena Schorling Albuquerque, S/N – Goiabeiras. Vitória
Ingressos: Cadeira setor Ouro, R$ 300,00 (meia) Prata, R$ 260,00 (meia); Bronze, R$ 220,00
Vendas: na bilheteria do Espaço Patrick Ribeiro ou pelo site blueticket.com.br
Informações: pelo Whatsapp (27) 99707-0714
Show “Meu Coco”, por Caetano Veloso
Fazer show como parte da divulgação de um LP novo é um hábito velho, do tempo dos discos físicos. O show Meu Coco, que começa turnê nacional em BH, refere-se a esse costume. Mas não é a mesma coisa. Dos que fiz ao longo da carreira, “Prenda Minha” foi o mais radical em não conter uma só canção do álbum Livro – e ele saiu do show Livro Vivo, em que mantinha muito do repertório do disco. Acho que só Arnaldo Antunes faz shows como mesmo setlist do disco correspondente.
No show “Meu Coco” procuro juntar peças marcantes do álbum com obras que registrem momentos históricos do meu trabalho. Mas com o caráter de roteiro quase cinematográfico que nunca me abandona quando projeto um espetáculo. Penso na sequência de canções como quem está diante de uma moviola – ou de um aplicativo de “edição”, que é como se chama hoje a montagem. Tenho alma de cineasta, embora não tenha vocação física para a vida de um.
Assim, a distribuição de canções novas e canções conhecidas não tem a mera função de agradar aos espectadores que queiram ouvir ao vivo o que aprenderam no novo álbum e aos que busquem reouvir coisas minhas já consagradas. O critério vai muito além disso. A presença de algo antigo mas quase desconhecido – como a de umas e não outras faixas do disco “Meu Coco” – ilumina o que quer dizer a eventual aproximação de um surrado sucesso óbvio com uma igualmente óbvia canção marcante do álbum novo.
O fato de ter comigo, no estúdio de ensaio e no palco, músicos extraordinariamente dotados me deslumbra e intimida. De Lucas Nunes, um dos prodígios da Dônica e do Bala Desejo, que produziu o álbum “Meu Coco” comigo, a Kainã do Jeje; de Pretinho da Serrinha a Rodrigo Tavares; de Alberto Continentino a Tiaguinho (também) da Serrinha – é todo um grupo de supermúsicos. Lucas e Pretinho pré-planejaram comigo como andariam os arranjos e eu passei quase todo o tempo dos ensaios seguindo as sugestões que vinham deles. Devo confessar que me sinto deslumbrado e intimidado pela musicalidade deles.
Visualmente, o espetáculo ganhou um presente quase mágico. Hélio Eichbauer, que vinha fazendo os cenários de meus shows desde O Estrangeiro, deixou, antes de morrer repentinamente, um esboço cenográfico que, depois de me ser mostrado por Dedé, que foi minha primeira mulher e viveu casada com Hélio por décadas, foi adaptado por Luiz Henrique, que fora assistente do grande cenógrafo. A adequação das linhas de Joseph Albers aos nossos sons nos diz que Hélio está vivo ali. O show é, desse modo, uma homenagem à sua memória.
A luz que revela as muitas possibilidades dessas formas longevas da Bauhaus foi planejada, sob minha mirada, por Fernando Young e Gabriel Farinon (e é operada por este último).O desafio de equilibrar os