Entrevista: Dupla OUTROEU

Entrevista: Dupla OUTROEU

Como vocês definem o conceito central de “QUARTO” e o que ele representa na trajetória da OUTROEU?

R:  Esse é um álbum veio como um respiro depois de uns anos na batida de mercado, parece que tudo fez muito sentido antes de começarmos a gravar. As dinâmicas mudaram muito nos últimos anos e sossegar no rio por um tempo foi muito importante.

Foi como “resetar” o projeto e nós mesmos em muitos sentidos. E foi um respiro também. Acho que é a busca maior de fazer um album olhando pra dentro. E no final a coisa foi florescendo, o álbum foi tomando corpo. A Elba aceitou participar, muito legal mesmo!

Foi um reset que deu um brilho pra gente. 

O álbum traz a parcerias da Elba Ramalho. Como essa colaboração surgiu e como influenciou no resultado final?

O contato com ela “surgiu” com o Luan Yvis, filho da Elba, que nos conhecemos em um sarau em 2014/15, por aí. Ele tinha acabado de voltar da faculdade de produção musical que ele tinha feito e me convidou pra gravar umas músicas no estudio dele. Na casa da Elba. Ela deu uma olhadinha na época, era a coisa de casa que ela tinha gostado bastante, até ressaltou a parte da “Ave maria”. Que tem na música. Passaram se os anos, o álbum foi indo pra esse caminho e culminou nessa canção que fizemos com nosso amigo e grande sanfoneiro e conterrâneo (de nova Iguaçu), Victor Hugo

Vocês mencionam que o disco foi feito “em casa” e de forma muito artesanal. Quais foram os maiores desafios e aprendizados desse processo?

R: Acho que temos muito um jeito de fazer as produções, mas tiveram desafios no caminho, coisas técnicas não muitas, mais a coisa de achar a melhor posição e os melhores takes, mas tudo foi amenizado nesse sentido, porque tinha nosso irmão, Flavio Senna, que é um super engenheiro de audio. Acho que o desafio maior, foi mais artístico” de segurar a nossa onda pra não botar muitos instrumentos e sair da proposta do álbum. 

Entre as dez faixas, qual delas vocês sentem que melhor representa o momento atual da dupla? Por quê?

Acho que se você é mais pop certeiro, a “tão perto’ Representa aquela ponta do iceberg que vale a pena. Mas se você for uma pessoa mais alternativa MPB, recomendaria a “casuarina”. Acho que essas são pontas boas desse álbum. 

Como foi o trabalho de regravação de “À Primeira Vista”, de Chico César, e o que vocês trouxeram de novo para essa versão?

Acho que essa versão nasceu meio sem querer, nós tocamos e soou num mood interessante, daí sentimos que combinava muito com o caminho do álbum. 

O álbum parece explorar bastante a temática do autoconhecimento e das relações humanas. Como essas experiências pessoais se refletem nas composições?

Afetam 100%. Acho que é pensando na vida que as vezes vem algum tema massa. A vida sempre foi o combustível e o sinal pra gente fazer cada projeto. Dessa vez a vida jogou a gente pra fazer esse álbum, e a vida que trouxe cada canção. Então acaba sendo pela vida que a gente vai se guiando. 

Há alguma faixa que tenha uma história curiosa ou engraçada por trás da criação? Podem compartilhar?

Tem a casuarina, que fizemos em um hotel em natal, com nosso amigo, Felipe Toca. Fizemos em um hotel que acabou dando o nome da canção. Ela ficou guardada desde 2017/18 se não me engano. 

Considerando a carreira de vocês até agora, como “QUARTO” dialoga com os trabalhos anteriores e com a evolução artística da dupla?

A gente sente que foi um avanço pra nós. Acho que toda banda deve sentir isso com um álbum novo, ou deveria. Mas sentimos que foi um alinhamento de eixo. Sobre o que é a gente no mais essencial. Então, localizando isso, junto com o nosso aprendizado dos últimos anos acabou sendo muito massa, e acho que pra nós, já é um dos nossos álbuns favoritos, modéstia à parte.

Como vocês veem a receptividade do público diante de um álbum tão íntimo e pessoal, especialmente com o lançamento digital em 17 de outubro?

Tá muito massa! Tem uma galera vindo mandar menagem, já de agora. Muito legal mesmo! 

Vocês mencionam a busca por uma sonoridade orgânica e simples. Quais elementos ou referências musicais foram fundamentais para construir essa identidade?

R: Acho que estamos num momento que já vimos e amamos tantas coisas que as referências acabam sendo sobre micro coisas. A cor do clipe x que me trouxe a sensação y somados com uma roupa meio do clipe “tal”. Isso dando exemplos visuais, mas na música funciona igual, só que o “reverb” x que a gente gosta, o Riff meio tame impala que a gente fez outro dia. Esse tipo de coisa.

No final, a gente só quis fazer um som que soasse “quase” como se estivéssemos compondo perto de quem está ouvindo. Ou seja, poucos instrumentos, som de sala, de “quarto”. Acho que vem da vontade de fazer um som que traga conforto também. 

Para quem ainda não conhece a OUTROEU, qual mensagem vocês gostariam de transmitir com esse álbum?

Acho que a mensagem que a gente gostaria de passar é que as vezes olhar pra dentro é necessário as vezes. Mesmo que o mundo coloque a gente pra sair correndo, a pausa também é importante. 

Quais são os próximos passos da dupla após o lançamento de “QUARTO”? Há planos de turnê, clipes ou outros projetos em vista?

Sim, deve ter uma mini turnê de Natal em dezembro. E já estamos preparando muita coisa pro ano que vem. 

marramaqueadmin