Um ano após tragédia, RS inova na recuperação de acervos

Um ano após a devastadora enchente que atingiu o Rio Grande do Sul em maio de 2024, o estado segue empenhado na recuperação. O Memorial do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre, utiliza uma técnica inovadora para resgatar documentos do Arquivo da Secretaria de Cultura (SEDAC-RS). Esses documentos permaneceram úmidos por oito meses após a tragédia. A nova abordagem, inspirada na recuperação do acervo do Museu do Carvão, pode se tornar referência mundial na preservação de acervos em desastres.
Acervo úmido por meses é desafiado por nova técnica
Quase 650 caixas de documentos públicos do Arquivo da SEDAC-RS ficaram fechadas e úmidas por longo período. A falta de soluções viáveis após a enchente de 2024 dificultou a recuperação. A situação parecia “irrecuperável” após um ano. No entanto, a técnica aplicada no Museu do Carvão, que congelou documentos após o alagamento, serviu de inspiração. O congelamento impediu a proliferação de micro-organismos.
Desinfecção com ozônio e secagem controlada salvam documentos
As caixas do Arquivo da SEDAC-RS estavam com fungos, odor e insetos. Mesmo assim, passaram por desinfecção com ozônio e secagem controlada. Em 20 dias, a massa de papel perdeu 30% do peso. Em dois meses, a secagem foi quase total, com monitoramento constante da umidade. Nenhum item precisou ser desmontado. A técnica se destaca pela rapidez e preservação dos documentos.
Método inovador supera técnicas tradicionais e custosas
A comparação com a liofilização industrial mostra a vantagem da nova técnica. O método tradicional é caro, exige equipamentos específicos e separação manual dos documentos. A descontaminação com ozônio, tecnologia alemã, ocorreu no local. Ela reduziu a carga microbiana a níveis de acervos não atingidos pela enchente, conforme análise da UFRGS. A técnica não usa produtos químicos residuais ou radiação gama, que danificam o papel.
Remoção mecânica e higienização não convencional em ação
A fase atual envolve a remoção mecânica da matéria biológica residual. Escovas, esponjas abrasivas e guilhotina são utilizadas para uma higienização não convencional. A crosta dura formada nos documentos secos é removida cuidadosamente. Por dentro, o material se revela bem preservado. A técnica de Stephan Schäfer e da Preservatech permite o resgate em massa de acervos em desastres, sem danos estruturais.
Técnica brasileira inovadora como modelo mundial
Enquanto outros descartam arquivos semelhantes, o Brasil propõe um modelo técnico replicável. A iniciativa inaugura uma nova forma de preservar a memória cultural em desastres. Stephan Schäfer acredita que “mesmo diante da lama e da decomposição, há futuro possível”. A tecnologia garante a preservação da cultura material. A tragédia no Rio Grande do Sul impulsiona uma solução inovadora para o mundo.