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Entrevista: Rodrigo Sha, multinstrumentista, produtor musical e compositor 

1.   Como surgiu a ideia de criar o projeto O Ritmo e o marketplace de sons do Brasil?

A ideia surgiu, pela percepção de que os produtores músicais e djs hoje em dia no mundo inteiro, usam bibliotecas de sons(samples) para agilizarem suas produções e também por ser uma estética contemporânea com a globalização do mercado fonográfico. E por ser produtor musical e também trabalhar com música eletrônica, percebi um espaço onde poderia valorizar o músico brasileiro, tendo samples de ritmos brasileiros de qualidade e diversidade, gravado por excelentes músicos que tem relevância inclusive, e sendo uma oportunidade interessante para a classe nesse mercado digital, onde qualquer artista pode ter sua loja de sons, e ir criando seu catálogo de uma forma diferente e independente, sem intermediadores.

2.   O que diferencia O Ritmo de outros projetos de música colaborativa?

O Ritmo, tem um propósito de valorizar os músicos, dando os créditos no streaming, colocando na cara do gol artisticamente, e criar pontes e parcerias que não seriam possíveis se não fosse a biblioteca de sons do marketplace. Tudo isso com muito critério, pesquisa e alma, e assim ele realmente se tornou um projeto artístico original e extensão da plataforma.

3.   Quais foram os principais desafios na construção dessa plataforma e na curadoria dos músicos?

Bem a tecnologia, é sempre desafiadora, tanto para os usuários navegarem prazerosamente, assim como para os autores, subirem seus conteúdos de forma, prática e intuitiva, isso requer uma bateria de testes gigantes.

Outra grande desafio é fazer com que os músicos disponibilizem seus sons sem apego e deixar os usuários recriarem com suas criações.

Acredito que é um mais um caminho na música, para a monetização dos músicos e produtores.

A curadoria é feita por mim, trabalho de formiguinha mesmo, chamando parceiros, gravando eles, como âncoras, montar um casting, para trazer músicos do Brasil inteiro para dentro. Construir essa credibilidade leva tempo. E o volume de tráfego e vendas tem que ser grande para as autores terem uma monetização bacana, isso também leva tempo.

4.   A plataforma busca ampliar o alcance global da música brasileira. Quais são os principais feedbacks que você recebeu do público internacional?

Vendemos já para muitos países, dos EUA até a China, passando pela Europa.

5.   O álbum Brazilian Oil mistura ritmos como maculelê, samba, jazz e reggae. Como foi o processo de criação e fusão dessas sonoridades?

Foi um processo, muito intuitivo e prazeroso, guiado pela musicalidade e pelo som orgânico. Mas busquei a diversidade conscientemente, pois o Brasil representa essa riqueza musical gigante.

6.   Você mencionou que há músicos de diversas partes do Brasil e até de fora, como Scott Feiner. Como foi a experiência de conectar diferentes sotaques e culturas musicais em um único álbum?

Fui pesquisando a biblioteca da plataforma, vendo o que ficava bom, misturando e tocando junto no estúdio, um processo criativo, muito especial.

Acho que um diferencial são os músicos que estão no álbum, pois conheço todos pessoalmente também, e fui mandando as músicas sim que ficavam prontas, eles foram pegos de surpresa e adoraram a experiência, e isso foi me dando confiança no projeto e carta branca pra viajar no álbum na profundidade. Arte é arte. Quando soa bem é isso que importa. Pois a busca é pelo novo e pela sonoridade original sempre.

7.   Há uma faixa ou momento no álbum que melhor sintetize a essência de O Ritmo?

Azeite Joviniano. Tem muita riqueza rítmica, harmônica e melódica nessa faixa.

8.   Qual foi a inspiração por trás do nome Brazilian Oil?

Acho que o suingue brasileiro é único, e é um óleo que cria uma liga na música. Hoje em dia produtores do mundo inteiro usam pitadas de ritmos brasileiros e melodias brasileiras em suas produções globais. A música brasileira é uma contribuição gigante no mercado fonográfico global. Ela rompeu todas as fronteiras. E o brasileiro tem um jeito especial e afetuoso de se relacionar…e vai se encaixando em tudo…um life style…acho que isso a gente leva pra música também e compõe o Brazilian Oil….

9.   Vivemos em um mundo onde a colaboração artística se tornou global. Como você enxerga o impacto dessa globalização na música brasileira?

Acho maravilhoso e necessário, eleva o padrão artístico e abre um mercado muito interessante para todos os artistas.

Eu tenho colaboração com vários artistas no mundo, devido a minha brasilidade artística. Tenho um projeto com produtores Dinamarqueses que se chama “Copenema” e que o norteia é a brasilidade nesse projeto.

10. Que papel a tecnologia desempenha no projeto O Ritmo e na transformação do mercado fonográfico?

Acho que o musico ter a possibilidade de colocar vários sons seus numa plataforma, e de repente isso virar um fonograma onde ele vai ser creditado no streaming como artista e ter um percentual autoral, traz uma janela nova na carreira dele, e no mercado, onde se criam pontes, conexões e trazem visibilidade para o músico, de uma forma bem honesta. Levando a pessoas pesquisarem sobre o artista e sua música na plataforma www.oritmo.com , podendo comprar sons dele por ali também, e chamarem ele para outros trabalhos. Acho que a magia é essa, os desdobramentos.

11. Você acredita que a plataforma pode servir como modelo para outras culturas musicais ao redor do mundo?

Acho que sim.

12. Como sua experiência como multi-instrumentista e produtor influenciou na condução do projeto?

Minha experiência me deu autonomia e liberdade para compor, gravar, diversos instrumentos, experimentar sonoridades, e mixar o álbum com qualidade técnica e artística.

13. Você tem planos futuros para O Ritmo, como novos álbuns, shows ou parcerias?

Com certeza, tenho o desejo de criar um banda para o projeto, no futuro quem sabe um festival, e também já tem outro álbum em preparação para 2025!

14. O que você espera que o público leve consigo ao ouvir Brazilian Oil?

Música boa vinda do Brasil, com excelência, e gostosa de ouvir do início ao fim.

15. Para você, qual é o maior desafio e a maior recompensa de promover a música brasileira em um mercado global?

Eu sou brasileiro, sempre estudei música brasileira, no sax, na flauta e no clarinete, na composição, no canto, no violão e piano.

Tive um grande mestre entre outros que foi o saxofonista, clarinetista e arranjador Paulo Moura, estudei muito a obra de ícones como Hermeto Pascoal, Tom Jobim, Djavan, Gilberto Gil, Pixinguinha, João Gilberto…entre outros…na verdade estudo até hoje…

O desafio é o artista criar a sua carreira de forma consistente e conquistando seu espaço e isso vem de muito estudo, perseverança e realizações. Hoje por exemplo, o artista tem autonomia de gerir sua carreira, conectando todas as pontas. Dá trabalho, mas o retorno é muito interessante quando você entra no trilho. Pois sua carreira é seu tempo estão nas suas mãos e isso tem muito valor.

Viajei o mundo com a Bossa Nova, com o Roberto Menescal, BossaCucaNova e Bebel Gilberto. Sei o impacto da música Brasileira no mundo, vivi essa experiência e vi com meus próprios olhos a potência do artista brasileiro no mundo.

Sou artista de uma gravadora internacional Music For Dreams com o projeto Copenema, e faço muitas collabs com artistas e djs internacionais. Participo de songwriterscamps internacionais, é extremamente enriquecedor e um caminho sem volta.

Você precisa ter raiz, pra poder se misturar sem perder sua identidade, e assim criar o novo!