Por: Cau Nunes Filho, Diretor de Criação da agência criativa Asa Onze
Embora o que hoje chamamos de IA não seja exatamente uma novidade, as revelações recentes do seu poder alçou essa sigla de duas letras ao patamar de “maior inovação no mercado criativo” desde a invenção do computador pessoal, especialmente por causa da tecnologia generativa, na qual vimos surgir um processo de automatização de uma área da criatividade que se mantinha intocada desde que o mundo era mundo.
Passamos a ver imagens estáticas, vídeos e até músicas sendo criadas a partir de comandos em texto que já se convencionou chamar de prompts. Confesso que eu fui um dos que ficaram perplexos com a impressionante capacidade que a máquina alcançou na realização dessas tarefas.
É lógico que diante de mais uma inegável revolução tecnológica, os nervos se alteram e a preocupação com o futuro aparece. Se formos dividir a humanidade em dois grupos, os que começam a profetizar o fim do mundo e os que correm para se deleitar nas novas ferramentas sem se preocupar com o amanhã, eu diria que não estou nem lá nem cá. Sigo no meio com uma leve preocupação e ao mesmo tempo uma boa pitada e entusiasmo.
A minha preocupação é fundamentada muito menos na possibilidade de substituição da criatividade por ferramentas automatizantes e muito mais pelo efeito pasteurizador que o uso indiscriminado delas pode causar. Mas o meu lado entusiasmado enxerga o potencial criativo que existe dentro dessa revolução quando unimos o potencial da IA com o potencial humano, que é, diga-se de passagem, onde reside a verdadeira inteligência e criatividade.
No meu caso, enquanto Diretor de Criação e sócio de uma agência de comunicação, eu leio da seguinte forma: para que haja comunicação é preciso que existam humanos. Principalmente se considerarmos que a boa propaganda é aquela que comunica sentimentos. Não podemos esquecer que no mesmo momento em que estamos falando sobre softwares capazes de criar coisas, estamos assistindo também a uma outra revolução impulsionada pelas redes sociais, que coloca no centro a autenticidade das pessoas. Vejam só! Os influenciadores que esbanjam originalidade são um dos maiores agentes de criatividade atualmente.
Logo, hoje e sempre, teremos que considerar o pulso cultural que vem das pessoas. Que essa inegável revolução tecnológica será muito bem vinda para nos ajudar nos processos do dia a dia é algo óbvio. Mas, no fim, ainda é sobre falar das nossas verdades e dos fenômenos humanos dos quais somos parte.
Sobre Cau Nunes Filho
Baiano de Salvador, conhecido como Cau, é diretor de arte de mais de 15 anos de experiência. Sua trajetória profissional inclui passagens por agências em Salvador, Sergipe e São Paulo, além de uma longa atuação como coordenador de comunicação em campanhas políticas.
Foi sócio fundador de duas iniciativas anteriores: a Pindorama Games, uma empresa voltada para advergames, e o Estúdio Insólita, dedicado a projetos experimentais de arte e propaganda. Atualmente é sócio do grupo Asa Onze e atua como diretor de criação executivo da frente de ‘agência’, que emergiu do grupo no final de 2022. Sua função abrange tanto a formação estratégica do negócio quanto a gestão da operação diária, sempre buscando inovação e excelência criativa.