1. Como foi o processo criativo de “LABIRINTO”? Pode nos contar um pouco sobre as inspirações por trás das músicas?
O processo começou quando me mudei do Rio pra São Paulo. A ideia inicial era fazer um EP, por conta dos custos, mas no meio do caminho fui entendendo que o que eu tinha pra dizer não caberia em 3 ou 4 faixas. Fui me conectando comigo e com outros produtores também que acreditaram no meu trabalho e me fizeram ver que era possível fazer um álbum e a partir disso nasceu “LABIRINTO”. Consegui colocar minhas vivências pessoais, falar sobre as dificuldades do dia a dia e da solidão. Mesclei essas histórias reais com histórias de amor, carinho para que o caminho ficasse mais simples de ser percorrido.
2. Quais foram os maiores desafios que você enfrentou ao se mudar para São Paulo e começar a trabalhar no álbum?
Sem dúvida alguma o maior desafio é lidar com a saudade. Acho que isso nunca vai mudar. Sinto muita falta dos meus e da minha cidade maravilhosa…Mas também entendo que hoje, meu lugar é aqui. Eu preciso estar aqui. Pode ser que daqui a pouco não seja mais necessário morar, pode ser que eu consiga vir só para trabalhos pontuais, mas neste momento eu estou cavando minhas oportunidades e não tinha como cavar de um estado para o outro.
3. A transição de um EP para um álbum completo foi planejada ou aconteceu de forma natural?
Foi acontecendo, como disse na primeira pergunta, eu tinha muito a dizer e não seria suficiente em um EP. Acho também que a construção de um álbum é a construção do artista e eu precisava me mostrar de uma forma mais madura e coesa. “LABIRINTO” vem pra me validar também.
4. Como você descreveria a sua evolução musical desde o seu primeiro EP até o lançamento de “LABIRINTO”?
Nossa, eu cresci muito, como pessoa e como artista. Amadureci musicalmente, estudei muito e fui em busca de um som que eu me identificasse e que eu tivesse orgulho de ouvir. E não tem segredo, só a persistência mesmo e trabalho.
5. Quais influências musicais mais impactaram o som deste álbum?
Eu queria que meu som estivesse mais refinado e que trouxesse mais brasilidade, então mergulhei em artistas brasileiros para a construção desse álbum. Luedji Luna foi uma artista que ouvi muito, é uma grande referência para esse trabalho e para mim. Além dela ouvi e ouço muito Djavan, Liniker, Marisa Monte, Tim Maia, Rita Lee… Nosso país é uma mina preciosa, só não vê quem não quer.
6. Pode nos falar mais sobre a escolha de incluir uma poesia na “Intro” do álbum?
A ideia da intro veio logo no início da construção do álbum, queria muito conseguir falar, sem cantar mesmo. Queria mostrar como me sinto nesse mercado musical. Às vezes a gente se sente menor ou invalidado pela indústria por não ter números exorbitantes ou não ter milhões de seguidores…Então quis trazer essa poesia pra dizer que sigo, mesmo que você (mercado) não me valide. Eu sei quem sou e sei o que quero falar, então eu vou falar. Ser artista vai muito além de números.
7. Como foi trabalhar com o produtor Julio Mossil? Quais mudanças ele trouxe para o seu trabalho?
Julio se tornou um grande amigo. Era pra ser só um produtor, mas ele foi um grande facilitador e incentivador do meu trabalho. Fez ser possível, abriu o estúdio dele pra mim, nunca conseguirei agradecer o suficiente. Fora a competência e genialidade dele, me apresentou novas formas de fazer música, com um brilho paulista que eu não conhecia e isso somou muito para o resultado final.
8. Quais são suas expectativas para o show de lançamento no Teatro Cesgranrio?
Eu tô muito animada para esse show. Feliz, realizada. Com a certeza de que vou entregar o meu melhor e será um dia incrível. O show tá maduro, faz sentido, a banda tá orgânica, tá com sinergia. E o público carioca é diferenciado né? É o meu lugar, são as minhas pessoas… É como jogar em casa.
9. Pode nos contar sobre a colaboração com o rapper Rodd na faixa “Saudade”?
Rodd é meu amigo e eu queria trazer um pouco do Rio pra dentro da minha “Saudade” e ele tinha amado a faixa e além disso, não há ninguém mais carioca do que ele, então ele conseguiu imprimir bem essa malandragem que só o Rio tem, assim como o elemento surpresa do samba no final. Eu amo essa faixa.
10. O que você espera que os ouvintes sintam ou pensem ao escutar “LABIRINTO”?
Espero que se conectem, que sintam todas as emoções que eu quis imprimir no álbum. Acho que a gente tá sempre em busca de algo, procurando resposta ou saída pra alguma coisa, estamos todos dentro de um labirinto. Mas e se a gente não achar o que procuramos? Vamos ficar fadados à infelicidade? Então o Labirinto é um convite a aproveitar a vida independente das respostas que a gente nunca vai ter certeza.
11. Como foi a experiência de participar do coral da IZA no prêmio Multishow?
Foi um divisor pra mim. Ali entendi que eu não era só artista, eu era cantora. Foi a primeira vez que me senti em casa num palco cantando. Fora que a Iza é uma grande referência e inspiração. Eu sou fã demais.
13. Quais são seus próximos objetivos após o lançamento de “LABIRINTO”?
Meu maior objetivo é conseguir aumentar o alcance do meu trabalho, sem modéstia ou sem querer parecer arrogante, eu sei que faço um bom trabalho e quero que o mundo conheça ele. Tanto com shows quanto com streaming também. Sigo trabalhando pra isso. O sonho ainda é viver dignamente de arte e de música.
14. Você sente que a indústria musical brasileira apoia suficientemente novos talentos?
Não! Estamos em um momento que os números, os views, o hype…Essas são as coisas importantes. A arte fica lá trás. Os artistas estão cada vez mais invisibilizados e pior, vejo muitos fazendo coisas absurdas para tentar se encaixar num mercado completamente contaminado. É muito difícil.
15. Quais são seus pensamentos sobre a influência das redes sociais na carreira de artistas emergentes?
Hoje em dia é uma das ferramentas mais utilizadas, então se você não está alinhado com a rede social, você não “vende” seu produto. Isso deixa o artista numa situação complexa porque se você não tem dinheiro, não tem uma rede de apoio mínima, você não consegue ter uma boa entrega.
16. Você acredita que a mudança para São Paulo foi essencial para o seu sucesso ou poderia ter alcançado o mesmo resultado no Rio?
Acredito. Acho que o mercado musical em São Paulo é mais ativo, tem mais possibilidades, tem casas que comportam artistas como eu. Acho que o público paulista consome mais arte também. Não tem como negar isso.