Starbucks no Brasil: Os Desafios da SouthRock e sua Recuperação Judicial

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A SouthRock, conhecida por gerenciar marcas renomadas no Brasil, como Starbucks, Eataly e TGI Fridays, enfrenta atualmente uma dura batalha com uma dívida estimada em R$ 1,8 bilhão. Este artigo explora a situação da empresa, os desafios que enfrenta e a possível semelhança com o caso da Saraiva.

A Crise Econômica e a Pandemia: Vilãs da SouthRock

A SouthRock aponta a crise econômica e a pandemia da Covid-19 como os principais responsáveis pela queda acentuada em seus lucros. Em 2020, as vendas despencaram 95%, seguidas por uma queda de 70% em 2021 e mais 30% no ano passado. Os efeitos combinados desses desafios econômicos provaram ser avassaladores.

A Busca por Respostas na Justiça

A Justiça de São Paulo não ficou indiferente a esse pedido de recuperação judicial. O juiz Leonardo Fernandes dos Santos, da 1ª Vara de Falências de São Paulo, solicitou uma perícia prévia para avaliar a documentação apresentada pela empresa. Este é um passo crucial para determinar a legitimidade do pedido.

Os Credores e a Enorme Lista Apresentada

A SouthRock apresentou uma extensa lista de credores, com mais de 150 páginas. Entre eles, está a própria matriz da Starbucks, com uma dívida estimada de R$ 49 milhões para regularizar o uso do nome no Brasil. Além disso, instituições financeiras de peso, como Banco do Brasil, Bradesco, Santander, ABC, BS2, Sofisa e Votorantim, também figuram nessa lista.

Comparação com o Caso Saraiva

Fernando Canutto, especialista em Direito Societário e sócio do Godke Advogados, observa semelhanças notáveis entre o processo de recuperação judicial da SouthRock e o da Saraiva. Ambas empresas expandiram significativamente quando o mercado não estava pronto para absorver essa expansão. A Saraiva alegou isso como justificativa para seu pedido, enquanto a Starbucks fez uma expansão semelhante durante a pandemia, quando o mercado estava fragilizado.

Diferenças entre a SouthRock e a Americanas

Filipe Denki, especialista em Direito e Reestruturação Empresarial e sócio do Lara Martins Advogados, destaca a diferença entre o caso da SouthRock e o da Americanas. Enquanto o pedido de recuperação judicial da Americanas foi resultado de um escândalo contábil, no caso da SouthRock, ao menos em um primeiro momento, as dificuldades financeiras foram o fator predominante.

Denki também contesta a ideia de que a recuperação judicial visa proteger mais os executivos das empresas em dificuldades do que os credores. Ele enfatiza que o objetivo principal é proteger a atividade empresarial e sua função social, como a geração de empregos, o pagamento de impostos e a criação de riqueza. A punição deve recair sobre os gestores, sócios controladores e executivos apenas em caso de má gestão comprovada.

Starbucks no Brasil: Desafios Culturais e de Preços

Canutto destaca que a Starbucks enfrentou dificuldades no Brasil devido à sua compreensão limitada do mercado nacional e aos preços elevados de seus produtos. O Brasil tem uma cultura de café distinta em comparação com os Estados Unidos. Enquanto nos EUA as pessoas frequentam a Starbucks para trabalhar, no Brasil, a preferência é desfrutar da bebida e socializar. Além disso, os preços praticados no Brasil são consideravelmente mais altos, o que dificulta a penetração no mercado.

Neste cenário desafiador, a SouthRock enfrenta uma árdua jornada para reverter sua situação financeira e adaptar a marca Starbucks ao mercado brasileiro.