Betinho Saad, fundador da UICLAP, foi do entretenimento para a saúde até entrar no mercado editorial

Betinho Saad, fundador da UICLAP, foi do entretenimento para a saúde até entrar no mercado editorial

Com facilidade para fazer amizades, o empreendedor foi sócio de várias casas noturnas antes de entrar para um grupo de hospitais e partir para a publicação de livros, trazendo sucesso e crescimento em todas as áreas por onde passou

Mudar totalmente de área, indo do entretenimento para a saúde, chegando finalmente ao mercado editorial, lidando com públicos em situações inteiramente diferentes, com desafios diferentes, porém com objetivos semelhantes. Nem todas as pessoas estão preparadas ou aceitariam um desafio como esse, mas foi esta a trajetória percorrida por Betinho Saad, fundador da UICLAP, plataforma digital que permite que os autores publiquem suas obras e as comercializem sem nenhum custo.

Formado em Administração de Empresas com pós-graduação em Gestão Contábil e Financeira pela FAAP, trabalhou por quase 10 anos na área do entretenimento. “Sempre gostei de conhecer pessoas novas e tenho facilidade para fazer novas amizades, talvez esta seja minha principal característica. Acredito que, justamente por isso, acabei indo trabalhar aos 18 anos como promoter de baladas”, conta Saad.

Com o passar dos anos, seu círculo de amizades cresceu, o que ampliou sua capacidade de lotar casas noturnas. Assim, acabou sendo convidado, aos 24 anos, para ser sócio de um dining club muito famoso na época em São Paulo. Seu papel dentro da sociedade era manter o local cheio em todos os finais de semana. Aprendeu a desenvolver estratégias, como criar um calendário de aniversários dos amigos durante o ano todo e convidá-los para comemorar no local. Para atingir o restante da meta, contratava promoters, que buscavam replicar a estratégia de celebração de aniversários. Também fazia parcerias com faculdades, festas temáticas e investimento em boas atrações. 

“Em meu segundo mês como sócio, trouxe o maior faturamento da história do estabelecimento, o que rapidamente me abriu muitas portas. Cheguei a ter sociedade ou participação em quase seis estabelecimentos na capital, no interior e litoral paulista”, conta Betinho.

Tudo parecia perfeito para Saad, mas a dificuldade para manter negócios no setor o incentivou a sair do segmento aos 29 anos. Foi então convidado para atuar na gestão de um hospital, um desafio que acabou aceitando. No início sofreu com o vocabulário técnico e a formalidade, tendo que trocar o boné por roupa social. Pensou em desistir muitas vezes, mas acabou percebendo que um hospital é como outras empresas, precisa de resultado. “Uma chave virou em minha cabeça e eu percebi muitas similaridades com os negócios que eu tive. Por exemplo, um hospital vazio não irá se sustentar, assim como um night club sem movimento”, pontua. Após quase sete anos, a operação cresceu muito e o grupo em que atuava foi vendido para uma gigante do setor. Foi quando saiu da área da saúde.

Novamente ele precisava escolher o caminho que iria traçar a seguir. Estava com 37 anos, decidiu refletir e realizar um momento sabático. Foi morar em Toronto, no Canadá, durante três meses. Aproveitou o período para usar a criatividade e pensar em um novo negócio.

Ao voltar para o Brasil, viu a notícia que a Amazon foi uma das primeiras empresas a atingir um trilhão de dólares de valuation. Ao mesmo tempo, viu que as empresas do mercado editorial estavam enfrentando dificuldades. Essas notícias levaram o empresário a refletir: “Como que pode uma empresa ter iniciado suas operações com venda de livros e ser umas das maiores do mundo e, ao mesmo tempo, a cadeia do setor estar passando tantas dificuldades?”. Com isso, passou a pesquisar o mercado editorial, percebendo as dores e necessidades do segmento, identificando oportunidades.

Para Saad, o principal ponto é a dificuldade que os escritores enfrentam quando querem publicar um livro. É um processo desgastante, burocrático, caro e excludente, que desestimula novos escritores e diminui a oferta de novos títulos ao mercado. “Mais de 98% dos conteúdos apresentados às editoras são rejeitados. O mais impressionante é que ninguém sabe de fato o que o mercado deseja. Se soubessem, milhares de best-sellers nunca teriam sido rejeitados inúmeras vezes, como “Harry Potter e A Pedra Filosofal”, esclarece o empresário.

A fim de oferecer a oportunidade de publicar livros fisicamente, sem custos, censura ou burocracia, Saad se uniu a Rui Kuroki para fundar a UICLAP em novembro de 2019. A UICLAP é uma plataforma democrática de publicação, venda, produção e distribuição de livros físicos, sem custo para o escritor. A startup, em apenas três anos de vida, fatura milhões de reais ao ano, conta com milhares de títulos publicados e de escritores com seus sonhos realizados. Ela se tornou uma forte comunidade que cresce mensalmente.

Sobre sua trajetória, o empreendedor acredita que voltou para o seu ramo de negócios inicial: “Penso que ainda atuo no ramo do entendimento, porém de uma forma muito mais completa, realizando sonhos, oferecendo oportunidade, distribuindo renda, disruptando um mercado. O livro oferece a experiência de viajar, nos tirar da nossa realidade, brincar com nossas emoções, sendo talvez uma das mais completas fontes de entretenimento”. 

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