Entrevista: Mark Miller, escritor
1. Mark, como surgiu a inspiração para escrever “Ninguém Vai Te Ouvir Gritar” e qual é a sensação de lançá-lo no Halloween?
A inspiração surgiu quando eu pensei “e se pretty little liars se passasse num internato só pra garotos no meio do nada?” e então a construção da ideia da busca de um garoto pelo seu irmão desaparecido usando as “dicas” de um stalker misterioso veio bem espontaneamente. O halloween é a época perfeita para a publicação de um suspense como esse, então estou muito feliz que minha editora tenha apostado nele neste momento.
2. O que os leitores podem esperar deste mistério assustador com toques de romance? Qual é o elemento mais intrigante da história?
Meus leitores sempre podem esperar plot twists chocantes, romances intensos e muita representatividade LGBT. Neste caso, temos ainda uma ambientação bem claustrofóbica e com a estética dark academia (um castelo isolado numa ilha) e um grupo de garotos disfuncionais que formam uma família. O elemento mais intrigante, de fato, é o mistério do que aconteceu com Calvin.
3. Conte-nos sobre a Academia Masters e o que a torna um cenário tão sinistro e cativante em seu livro.
A Masters é a representação desses colégios tradicionais, caros, prestigiados e inacessíveis à maioria das pessoas, onde as histórias dark academia geralmente se passam. Ela é cheia de passagens secretas, elementos macabros e indivíduos suspeitos, o que a torna perfeita para a ambientação de um mistério como o de NVTOG.
4. O desaparecimento de Calvin e a misteriosa mensagem deixada para Andrew são os pontos centrais da trama. Sem revelar muito, o que podemos esperar em termos de reviravoltas e surpresas?
Podemos esperar uma narrativa que não te deixa respirar por um segundo sequer, e quando você achar que descobriu algo, logo entenderá que na verdade os mistérios vão muito mais fundo do que imagina.
5. Seu livro é conhecido por fazer referências a outros clássicos de terror. Quais são algumas dessas referências e como elas enriquecem a experiência do leitor?
Citar obras nas quais me inspiro é uma coisa que adoro. Decidi usar obras literárias no caso de NVTOG para expandir a atmosfera de dark academia. Em cada obra citada, o leitor consegue lembrar de algo que se conecte com a porção do livro que está lendo, e isso torna a experiência ainda mais instigante e imersiva.
6. “Ninguém Vai Te Ouvir Gritar” é seu primeiro livro publicado pela Editora Naci. Como foi a colaboração com a editora e como isso afetou sua jornada como autor?
R: Trabalhar com a Naci é um sonho realizado! Admirava o selo desde muito antes de estabelecermos o primeiro contato (como se fôssemos vilões é um dos meus livros preferidos da vida), então não poderia estar mais feliz! Fazer parte desta casa alterou de maneira muito significativa minha jornada de autor, e espero que nossa colaboração traga obras cada vez mais incríveis.
7. Você é conhecido por escrever obras com protagonismo gay. Como a representatividade é importante em seus trabalhos, e o que você espera alcançar com isso?
R: Como homem gay, quero expandir e fortalecer a representatividade de pessoas como eu no meio literário. Esse é o fio condutor de todas as minhas obras, e é o que, honestamente, me estimula a escrever. Quando tomo conhecimento de que minhas obras estão sendo lidas por outros homens gays ou pessoas LGBT e recebo comentários emocionados ou agradecidos, sei que estou no caminho certo.
8. Além de escrever, você é apaixonado por thrillers adolescentes, café e romances LGBTQ+. Como esses interesses influenciam sua escrita?
Bem, thrillers são meu tipo de obra preferida pra consumir (seja em forma escrita ou audiovisual), então sua minha influência primária. E café e romances LGBT são elementos que não podem faltar na vida de um escritor gay.
9. Seus leitores podem acompanhá-lo no Instagram literário @markmillerbooks. Como as mídias sociais têm desempenhado um papel em conectar você com seu público?
Comecei minha carreira como autor independente e, no mercado independente, o marketing nas redes sociais é essencial, para gerar vendas e para estreitar os laços com o público, nosso principal propulsor. Hoje em dia, como autor tradicional, encaro as redes sociais da mesma maneira. Além do mais, interagir socialmente na internet é algo que gosto muito de fazer, e acredito que meus leitores consigam sentir isso.
10. Qual é o próximo projeto em que você está trabalhando e o que os fãs podem esperar do futuro?
Estou trabalhando na sequência de NVTOG, a ser publicada já em 2024, com plot twists ainda mais insanos e um final assustador à história dos irmãos Rodriguez.
11. Se você pudesse ser um personagem do seu livro, quem você escolheria ser e por quê?
Definitivamente o piloto do helicóptero que deixou os alunos na ilha e então voou de volta para casa, são e salvo. Brincadeiras à parte, seria o Lucas, porque compartilhamos um amor por filmes de terror.
12. Qual é o seu livro favorito de todos os tempos, e por que ele é o seu favorito?
Jogos Vorazes, até hoje, por ser o livro que me tornou um leitor o que, muito tempo depois, me influenciaria a ser um escritor.
13. Se “Ninguém Vai Te Ouvir Gritar” fosse adaptado para um filme, qual ator você escolheria para interpretar o papel principal?
Acho que Ross Lynch seria um ótimo Andrew, mas ele teria que pintar o cabelo de vermelho. Se estamos considerando um ator naturalmente ruivo, minha escolha seria Cameron Monaghan.
14. “Ninguém Vai Te Ouvir Gritar” lida com mistério e romance. Qual é o gênero predominante em sua opinião, e por que?
Mistério definitivamente, embora os dois sejam bem equilibrados durante a construção da narrativa. Praticamente todos os livros jovens possuem romance, o diferencial entre eles reside em todo o contexto desse elemento que, no caso de NVTOG, é a situação macabra na qual Andrew está inserido.
15. Há quem argumente que a literatura LGBTQ+ não é apropriada para adolescentes. Como você responderia a essas críticas?
Perguntaria o motivo e esperaria até que a pessoa me desse uma resposta que não fosse fundamentada em princípios religiosos ou puro preconceito.
16. Algumas pessoas dizem que o gênero thriller é excessivamente explorado. O que você diria a elas para convencê-las a ler seu livro?
Esse é um thriller que vai surpreender até os mais cansados com o gênero.
17. Conte-nos sobre sua jornada desde o lançamento de seu primeiro livro, “Garotos Mortos Não Contam Segredos”, até agora.
GMNCS foi lançado em 2021, e ainda no começo de 2022 eu já estava assinando contrato com a Naci para a publicação de NVTOG, então tudo aconteceu muito rápido. Desde então publiquei alguns romances adultos de forma independente, agora estou publicando NVTOG (meu primeiro suspense tradicional) e, daqui para frente, pretendo alternar entre a publicação de romances e suspenses.
18. Quais são seus objetivos a longo prazo como escritor, especialmente no que diz respeito à representatividade LGBTQ+ na literatura?
Me fortalecer e consolidar como uma das principais vozes LGBT nacionais.
19. O que você espera que os leitores levem consigo depois de ler “Ninguém Vai Te Ouvir Gritar”?
Que aparências enganam, nem tudo o que adultos falam deve ser levado ao pé da letra, às vezes você precisa confiar nos seus instintos; e, principalmente, se seu pai quer mandá-lo para um internato no meio do oceano por dez meses pelos próximos quatro anos, o problema está no seu pai, e não em você.
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