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<strong>Campanha #PorJulia busca justiça ao reconhecer importância de escritora </strong><strong> brasileira </strong>

Campanha #PorJulia busca justiça ao reconhecer importância de escritora  brasileira 

No ano em que é celebrado os 160 anos de Júlia Lopes de Almeida, mulheres  buscam trazer protagonismo para a escritora que ajudou a fundar a Academia  Brasileira de Letras, mas não pode ocupar cadeira por ser mulher; Marido a  “representou”; 

Escritora era vista como uma mulher além do seu tempo por defender causas  feministas, direitos civis e o abolicionismo, em uma época em que o patriarcado  era predominante no Brasil 

Em uma sociedade ameaçada pelos erros do  passado, o melhor caminho é não cometê-los nos dias de hoje. É assim que,  mulheres buscam cada vez mais reconhecer injustiças cometidas, contra  representantes do sexo feminino na época, em um passado recente. Uma delas  foi a escritora Júlia Lopes de Almeida, nascida há 160 anos uma das  idealizadoras da Academia Brasileira de Letras (ABL), sendo vetada de ter uma  cadeira sob a justificativa de ser mulher. 

A campanha #PorJulia busca justamente fazer justiça à escritora, e tem ganhado  força na internet para não deixar em esquecimento a biografia desta mulher, que  sempre foi considerada à frente do seu tempo por lançar obras que faziam parte  dos problemas enfrentados pela sociedade brasileira à época, como o  feminismo, direitos civis e até o abolicionismo. 

Devido à sua grande aceitação e popularidade, assumiu a cadeira de número 26  da Academia Carioca de Letras e se tornou a única escritora a atingir o status  que poderia lhe conferir um lugar na Academia Brasileira de Letras, sendo  impedida de sentar-se ao lado de seus pares masculinos, sendo representada  pelo seu marido — o escritor português Filinto de Almeida. 

“ Mulheres da sociedade atual estão começando a descobrir que Júlia teve um  importante papel progressista, especialmente em relação à educação feminina  e às transformações do papel da mulher burguesa em um período em que pouco  se falava a respeito e ia contra o patriarcado”, revela Fernanda Emediato,  coordenadora do Projeto Julia 160, encabeçado pela editora Vermelho Marinho.

O coro feminista atual na hashtag #PorJulia também é uma demonstração de  representatividade frente a milhares de autoras femininas que se esconderam  sob pseudônimos masculinos para ganhar reconhecimento. “Infelizmente  muitas autoras ficaram no esquecimento, não pelas suas obras, mas sim por  pertencer a uma sociedade preconceituosa e machista. A Julia mesmo utilizava  o pseudônimo de Julinto ( junção de seu nome com o nome de seu marido) e em  alguns casos assinava como Ecila Worms”, relembra. 

Com mais de 40 livros publicados em vida, além de artigos e crônicas para  jornais e revistas, Julia vendeu milhões de exemplares e chegou a ocupar o  ranking como autora com mais livros vendidos no Brasil, em pleno início do  século XX, à frente de autores reconhecidos como Machado de Assis (1839- 1908), Lima Barreto (1881-1922), Câmara Cascudo (1898-1986), Oswald de  Andrade (1890-1954)), Graciliano Ramos (1892-1953), entre outros. 

Crowdfunding 

Dando continuidade à homenagem aos 160 anos de Júlia Lopes de Almeida, a  Editora Vermelho Marinho criou uma campanha, via crowdfunding, para lançar  um box que inclui também um livreto com obras inéditas da escritora. 

O Box Julia 160 é uma coleção de três obras inéditas do casal Júlia Lopes de  Almeida e Filinto de Almeida, um dos casais mais influentes da literatura  brasileira na virada do século XIX para o século XX. De acordo com a editora  Vermelho Marinho, trata-se de uma edição só para colecionadores, com tiragem  limitada. As recompensas serão disponibilizadas em Dezembro. 

“O crowdfunding é uma forma de financiar o lançamento de outras obras  importantes da literatura. Se for atingida a meta de R$ 48 mil, os colaboradores  receberão ainda um livreto com contos e crônicas inéditas de Júlia”, revela  Tomaz Adour, fundador e editor-chefe da Vermelho Marinho. 

A coleção tem apresentação da professora/doutora Anna Faedrich, uma das  maiores pesquisadoras da obra de Júlia e da literatura de autoria feminina  brasileira. “Ânsia Eterna” tem prefácio da historiadora e professora Gabriela  Trevisan, autora de “A Escrita Feminista em Júlia Lopes de Almeida”, “Dona Júlia”  tem prefácio do neto da autora, Cláudio Lopes de Almeida, e “A Casa Verde” tem  apresentação conjunta da graduanda em letras Nathalia Kimberly e Anna  Faedrich, além da crônica “Um Lar de Artistas”, escrita por João do Rio depois de  uma visita ao casal na famosa casa de Santa Teresa. 

Viral

Qualquer pessoa pode aderir à campanha para que ela se torne viral. Basta fazer  uma selfie segurando ou mostrando a hashtag #PORJULIA, da maneira que  preferir: desenhado, pintado, impresso, em uma tela digital etc. Em seguida,  postar sua foto com a hashtag #PORJULIA e o texto explicativo abaixo: 

#PORJULIA: 160 anos atrás, nascia Júlia Lopes de Almeida, uma das  maiores escritoras brasileiras. Júlia foi uma das idealizadoras da  Academia Brasileira de Letras. Mas, por ser mulher, não pôde entrar na  ABL. Leia Júlia hoje. É a melhor “vingança”. Para saber mais e ajudar na  campanha do box comemorativo dos 160 anos de Júlia, acesse a página  da @vermelhomarinhooficial (o link está na nossa bio) #LEIAMULHERES 

Hashtag #Julinto 

Para quem acredita que o “ship” de casais famosos está ligado diretamente à  cultura pop atual, engana-se. A escritora Julia Lopes de Almeida é uma das  precursoras desse movimento, mesmo sem se dar conta. E acredite: foi por um  motivo muito sério. 

Se hoje ainda vivemos em uma sociedade machista, imagine entre o final do  século XIX e início do século XX. Mulheres eram obrigadas a se dedicarem  exclusivamente ao lar e suas famílias. Qualquer atividade extra, como escrever  contos ou histórias, era questionável e sob risco até de punição. 

Assim, mulheres encontravam um forma de “burlarem” o sistema ao utilizarem  pseudônimos masculinos para assinar os textos de sua autoria. Júlia também,  por algum momento, assinou como “Ecila Worms” e também como “Julinto”,  constatando a primeira ‘shippada” do casal Júlia Lopes e Filinto de Almeida. 

Sobre a Editora Vermelho Marinho: Sediada no Rio de Janeiro, publica desde  obras contemporâneas a clássicos inéditos ou há muito tempo fora de catálogo  no Brasil. Há mais de 8 anos tem o selo “O Melhor de Cada Tempo”, que visa  publicar obras em domínio público que foram grandes sucessos em sua época,  e que não têm edições brasileiras atuais, ou nunca tiveram. É a única editora a  redescobrir autores/clássicos esquecidos, reconhecendo sua importância para  a sociedade e demonstrando como temas centenários ainda estão presentes em  nossa sociedade. Além dos 1200 títulos clássicos prontos para serem lançados,  a editora ainda tem mais de 10.000 volumes de livros esquecidos que estão  sendo atualizados com o novo acordo ortográfico para serem publicados nos  próximos anos.

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